Capítulo 22 - Pit Stop

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Horas depois…

Tomamos muita distância de nosso ponto de partida e o Moby Dick não é mais visível. Se guiando por seu Log Pose, Ace tenta traçar um destino até a próxima ilha.

Até onde percebi, ele parece um tanto quanto perdido. Se me lembro bem, navegação nunca foi o seu forte na época dos piratas de Spade.

Pergunto-me agora como sobrevivemos esses meses antes de encontrarmos Barba Branca. Muito provavelmente, somente graças a Deuce e Mihar.

É estranho pensar agora no professor como um de nossos inimigos, afinal, já foi o segundo imediato de Ace. Sua cumplicidade com Angur era mesmo tão forte ao ponto de nos abandonar sem hesitar?

Talvez tenha sido descontentamento com nossa situação atual. Apesar de se dar bem na décima sétima divisão, não sei dizer se queria estar a bordo do Moby Dick.

Isso explica porque nunca fez a marca de Newgate… mas foi melhor assim.

Antes nunca aceitá-lo como capitão do que traí-lo, como Teach fez. Lembro-me perfeitamente porque decidi onde fazer minha tatuagem.

"Então você vai mesmo aceitar a marca do pai, Y/N?" o barbudo comia uma torta junto a Thatch, Ace e eu.

"Estão comentando que vão fazer a cerimônia no seu aniversário de dezenove…" o cozinheiro comentou.

"Você está comentando isso, Thatch".

"Bom… é verdade" admitiu.

"Mas sim, já está na hora. Só não sei onde devo tatuar a Jolly Roger" dei um gole em minha cerveja.

"Escolhe o lugar que dói menos!" o sardento sugeriu.

"A sua foi muito dolorida?"

"Com certeza. É pro seu próprio bem que digo: não faça nas costas" advertiu bebendo de seu copo.

"Ei, por que você não faz no mesmo lugar que Teach e eu?" a ideia veio a Thatch.

"…No braço?"

"É um lugar visível e não dói tanto quanto no peito ou nas costas" ele deu de ombros.

"Faça no esquerdo, assim vai combinar com as nossas!" o pançudo exibiu a sua tatuagem junto ao topetudo.

"Vou considerar a possibilidade…"

Toco em meu braço exposto pela camiseta regata, apertando-o levemente. Barba Negra desonrou o nome de Newgate e aquele símbolo, não era mais digno de carregá-lo.

Por isso arranquei-o com tanto prazer. Ele tirou Thatch, o braço esquerdo de Barba Branca, nada mais justo do que fazê-lo o mesmo.

Entretanto, isso não me satisfaz.

A culpa que carrego me dói mais do que qualquer golpe que possa ter me dado, até mais do que a ferida cicatrizando debaixo de todas as bandagens em meu rosto.

Só vou me curar completamente, me sentir satisfeito, quando souber que tudo isso teve um fim.

—…Está me ouvindo, Y/N? — Ace se aproxima e balança a mão na minha frente, com uma expressão confusa. 

—Ah, me desculpe! — sacudo um pouco a cabeça, recuperando meus sentidos. —Não te ouvi, não.

Ainda estou próximo ao timão, com os braços apoiados no parapeito. Kotatsu continua dormindo encostado na beira da escada.

—Te perguntei se está com sede — ele gentilmente estende seu cantil com água para mim, com um sorriso compreensivo no rosto.

—Um pouco… obrigado — o alcanço e dou um gole, me refrescando.

Precious Memories: Em ChamasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora