Capítulo 18 - Yajirushi Mari

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"Sabe que isso só piorará tudo entre vocês, não é?" Escutei Deuce dizer com preocupação em seu olhar.

Tinha acabado de lhe contar sobre como Ace estava magoado desde que eu disse que não estávamos oficialmente juntos, e como ele vinha se comportando de forma distante desde então.

—Eu sei, eu sei… — suspiro, apoiando minhas mãos nos joelhos.

O imediato passa as mãos pelos cabelos e olha pensativo para o teto.

—Precisa falar com ele, explicar o motivo pelo qual não podem ficar juntos… mesmo que seja apenas coisa da sua cabeça.

—Antes fosse… — murmuro, arqueando uma sobrancelha. —Você se lembra que meu último namorado morreu, certo?

O mascarado engole em seco, e seu rosto demonstra compreensão.

—Eu acho que não consigo me esquecer disso.

—Mas você tem razão. Eu preciso conversar com ele — respiro fundo, soltando o ar lentamente. —Só não tenho certeza se vai querer me ouvir.

O homem sorri de forma reconfortante.

—Claro que vai. Ele te ama, afinal — ele brinca, com um tom leve.

—Vai se foder — rio, apontando para ele.

— Não é permitido neste navio, lembra? — diz, retribuindo minha brincadeira. —Aliás, vou ter que denunciar vocês dois.

—Muito engraçado, Deuce.

—O quê? Acha que seus colegas não comentam sobre vocês? — ele solta uma risadinha e cruza os braços.

—Ah, vou matar o Teach...

—Isso também não é permitido! — diz com um sorriso travesso.

Reviro os olhos, e sinto minha barriga apertar.

—Bem, você não vai resolver isso com fome — Deuce nota o som do meu estômago roncando.

—Não comi nada desde que Izou me levou sob custódia… — lembro de como estava ocupado lidando com a situação do samurai.

—É engraçado como o cara que se veste de mulher é o mais bruto por aqui, não é? — comenta com um sorriso irônico.

—Sua aparência pode ser enganadora… — digo concordando, rindo levemente.

—Hum. Se me der licença, preciso cuidar de meus próprios problemas — o mascarado sopra, dando uma pista sutil para que eu também resolva os meus.

—Boa sorte com isso… — desejo a ele antes de sair do quarto.

[...]

Após comer, passei a tarde inteira procurando Ace, mas não o encontrei em lugar algum. Parecia ter desaparecido por completo. Ele é realmente bom em se esconder.

Finalmente, decido voltar para o meu quarto.

Começo a separar algumas coisas, incluindo um carrinho repleto de meus diários. De vez em quando, olho para a porta, esperando que o moreno apareça e converse comigo.

Mas ele não o faz.

Enquanto termino de empacotar meus pertences, percebo que algo importante está faltando. Deixei meu arco aqui, mas para minha surpresa, havia desaparecido novamente.

[…]

Frustrado, caminho até a décima sexta divisão em busca de Izou.

Bato suavemente em sua porta semiaberta e o vejo arrumando o cômodo – provavelmente, para mim. Não havia percebido até agora que ele não tem um colega de quarto.

Precious Memories: Em ChamasWhere stories live. Discover now