Ultrapassando Limites.

Cap. 90

Gaby narrando..

Tem sido dias difíceis pra mim e ninguém imagina o quanto, depois da invasão tudo ficou pior, minha tia mal responde o WhatsApp e tá chegando dia da minha vó receber, os remédios estão acabando vou tentar pegar no posto, meu dinheiro não dá pra comprar e eu não quero ter que pedir mais nada a minha patroa, ela já é boa demais comigo. Ainda estou meio sem graça de ter que falar com o Gabriel depois desses dias, fiquei muito mal com tudo que presenciei com do lado dele nesses dias, a casa dele, a morte do CL, pude entender que essa vida é ruim mesmo, só tem duas saídas e nenhuma das duas a gente quer passar, me senti tão mal quando ele chegou com as compras aqui em casa, me tranquei no banheiro e chorei tanto, agradeci a Deus mas só ele sabe como eu me sinto diante disso, de viver nessa situação com a minha vó. Eu e ele dormindo no sofá duro da sala, quando ele foi me ajudar a levar minha vó pra cama de assustou, ele não disse nada mas pela cara nem era preciso ser dito. Meu guarda roupa são caixas, minha cama um colchão com lençóis, minha vó dorme na caminha dela de casal toda caindo aos pedaços, a tv do quarto pelo menos é uma de 32. mas só isso também.

Respirei fundo olhando as panelas na minha frente, consegui fazer a tão sonhada rabada da minha vó, tive que faltar escola pra poder deixar almoço e janta pronto, porque não tenho hora pra sair da loja hoje. Dia de arrumar estoque infelizmente é assim, ainda mais que tô desde sexta sem trabalhar né? Sábado foi folga, domingo não abre e desde então vinha tendo operação. Olhei o relógio batendo 8h, subi pra pegar minha bolsa e ajudar minha vó a descer as escadas, ela já estava de pé andando devagar.

Gaby: bom dia meu amor. Tudo bem? - perguntei dando um abraço e um beijo na testa dela.

XX: ou meu amor, estou indo, até onde dá.. e você? Bom dia.

Gaby: se você tá indo, eu também tô indo. - peguei a bolsa ouvindo uma risada dela.

XX: a vó é um peso pra você né? as vezes fico pedindo Deus pra me levar logo pra você viver sem essa obrigação.

Gaby: Deus me livre vó, você é tudo que eu tenho, a melhor pessoa da minha vida. Peço a Deus pra te deixar bem aqui comigo. - falei vendo a mesma sorrir.

XX: você sabe que a vó te ama muito né? - concordei segurando no braço dela, descendo os últimos degraus.

Gaby: claro vó, e eu te amo muito também. - ela sentou na mesa vendo as coisas do café que Gabriel trouxe também.

XX: tão feliz por aquele menino, se a vó dele tivesse aqui ia está tão orgulhosa dele. - ouvi quieta, só olhando pra ela.

Gaby: Vó eu tenho que ir, vou pegar agora as 9h no trabalho e não tenho horário pra voltar. Se cuida em. - dei um beijo na testa dela, meu olho pausou sobre as mãos dela tremendo, me fazendo lembrar que é necessário comprar remédios dela. Até mesmo o da convulsão tá acabando, sai dali sem olhar pra trás. Abri a porta sentindo o vento gelado bater e os pingos finos de chuva caindo, abri o guarda chuva, abracei meus próprios braços e fui caminhando pelas rua até a loja.

(...)

Gaby: bom dia, bom dia chefa. - falei com a falsa e com a minha chefe, andei até o estoque deixando minha bolsa no meu armário, tranquei o cadeado botando a chave no bolso da calça e voltei pra loja.

chefe: troca os manequins pra mim Gaby, trouxe nova coleção vamos fazer promoção dessas peças aí.

Chefe: vai etiquetando essas peças aqui, vamos até o estoque pra você ver.. - ela falou pra chata que revirou o olho pra mim e foi andando atrás dela.