Cap. 87

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Marreta narrando..

Eles não vieram pra brincadeira mas eu também não to então estamos quites, a troca foi intensa pela manhã nas partes baixa, aqui de cima a gente quase não brincou de trocar tiros, uma vez ou outra tava dando assistência mas foi só isso mesmo.. Sol de 39 graus no coco não tem como ficar correndo de um lado pro outro cheio de roupa, eles logo cansam po, favela é extensa, a pé ainda é chão filho, mas logo começou surgir o boatos que eles estavam entrando nos estabelecimentos e casas e comendo, bebendo as coisas dos moradores, dei ordem pra morador filmar, ficar a vista e jogar na internet qualquer covardia vindo deles, mostrar pro povo lá fora que policial é mais sujo do que eles imaginam.

Pego a garrafa de água que um dos mlk conseguiu, aonde eu não sei mas o que importa é que trouxeram pra mim, dei um gole molhando a boca seca, suor escorria pela testa, passei a mão no rosto e enxuguei a mesma na blusa que tava na outra mão, essa altura já arranquei a blusa e tô só de colete, mochila de munição no pé em quanto tô pouco mais afastado de todo mundo. Só observando a movimentação e olhar de cada um. Helicóptero começou sobrevoar a mata, olhei de relance vendo helicóptero da polícia e um da televisão, tão tentando encurralar a gente.. Escuto um barulho longe, de passos, me levanto observando a mata atrás de mim, e custo o barulho de novo..  ando devagar até onde eles estão.

Marreta: bora avançar pra frente que eles tão vindo por ali, quando eles imbicarem a cara pra sair da mata a gente atira pra matar.

Cl: bora bora, vai na frente corre..

Fui na frente andando o mais rapido possível sem fazer barulho, missão quase impossível.. chegamos na rua de asfalto velho com algumas casas já, aqui mora muita gente que tem menos renda tá ligado? Mora perto da mata e do valão que tem logo à frente, me escondo no primeiro beco, vendo os mlk se espalharem e vir 4 aqui pro mesmo beco onde eu tô, o relógio no meu pulso marcava 17:30, o sol já indo embora então vão começar a agir novamente..

Marreta: tão brotando pela mata.. tiroteio vai começar aqui de cima mais ficam ligado por aí pela frente, vão voltar a agir.

Rato: atento aí que daqui a gente controla mano, fica frio..

Marreta: correto..

Laranjinha: se protege que vou tacar umas granada aí na mata.. - olhei pro céu vendo o drone vindo devagar, minha mais cara e melhor invenção segundo o Laranjinha, drone que solta granada, Laranjinha perturbou até conseguir comprar, olho pra cima ouvindo os policiais já correndo e gritando uns com os outros e foi questão de minutos deles bater na rua, ali já era. Larguei o aço atirando na cabeça de um, quando viram que tavam cercados já saiam atirando.

Cl: sai da mata verme filha da puta

XX: vão morrer seu merda, vai tomar no cu

XX: sai da mata porra, tá pegando fogo os cara tão morrendo queimado.. - os gritos ecoavam cada vez mais alto, mas eu queria era todo mundo morto mesmo, tiro pra caralho que se ouvia, botei minha cabeça pra fora do beco olhando vários deitado no chão, um tava baleado mais tava falando no rádio, mirei a pistola e dei um só no peito dele..

Marreta: vamos descer mais um pouco, esse beco tem saída não.. se virem de bando tamo fudido..

XX: vamo 2 na frente, tu no meio e 2 atrás de tu.. - concordei com a cabeça e ele passou, chamou com a mão e fomos descendo encostando na parede. Cl olhou do outro lado e chamou os outros e fomos descendo, entrei num beco, fui até a casa da esquina que tinha lage, bati na porta vendo uma criança vindo abrir..

Marreta: abre pro tio princesa? - ela concordou e abriu, entramos devagar, olhei pro quarto e a mãe tava deitada no chão com um neném..

Marreta: só vou na lage, vamos colocar sua vida e nem a dos seus filhos em risco jae?

Ultrapassando Limites.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora