cap. 7

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Quinta-feira..

Abri meus olhos querendo que tudo não passasse de um pesadelo, mas ao olhar o ambiente que estou aceito que é a realidade. Acordei na sala da minha vó, com uma dor de cabeça horrível por ter chorado muito ontem, acabou que eu não contei nada pra minha vó e chorei até dormi. Não tá sendo fácil lidar com esses pensamentos ruins, essa dor e esse sentimento irreconhecível dentro de mim, eu nunca imaginei passar por essas coisas não é que crente seja intocável, mas a gente é tão temente a Deus que a gente acha que está cercado de pessoas boas, rodeada de pessoas que estão no mesmo caminho e propósito que você e fechamos os olhos para as maldades que nos cercam. E aquela velha frase passa a fazer sentido, o abuso na maioria das vezes vem de um conhecido, de um amigo ou de um parente... ah Lorena, mas não houve estupro, mas nada do que ele fez comigo vale? vocês viram.. ele passou a mão pelo meu corpo, me beijou a força, me ameaçou... meu Deus, nem isso valeu pro meu pai. Meu pai, como pode? Meu próprio pai anulou as coisas que o Pedro fez e agora me encontro aqui destruída, me sentindo suja por coisas que eu não tive culpa... ou tive? Acho que eu tive, né? Eu acho que sou culpada, talvez se eu sentisse interesse e aceitasse o namoro com o Pedro eu não passaria por isso. É, eu devo ter merecido isso por ter decepcionado os 2 que só queriam meu bem.

Não, não eu não posso pensar assim, isso vai contra tudo que eu acredito, eu não tenho culpa, eu não vou me culpar, eu não vou carregar essa dor dentro de mim por algo que eu sou vítima. Você é vítima Lorena, VITIMA!! Não se culpe porque é seu pai e um amigo seu, não se culpe por algo que eles optaram em fazer.

Mas porque Deus permitiu isso? Eu estou agora lutando contra meus próprios pensamentos, contra o meu eu, mas e Deus, estava do meu lado? Meu subconsciente gritava, mandando eu largar esse Deus.... mas como que larga o dono da minha vida? Tudo é permissão Dele, eu sei, mas eu creio também que algo melhor há de chegar, nada disso foi em vão, foi preciso essas coisas acontecerem pra eu conhecer quem é o meu pai. Meu próprio pai. Só de pensar nele a cabeça dói, mas o Pedro, ele disse que eu não conhecia quem era meu pai de verdade e que ele descobriu coisas que meu pai fazia. Confronta-lo não vai ser o melhor a fazer, eu preciso saber quem realmente era meu pai, mas como? Muitas perguntas, muitas coisas se passam pela minha cabeça, respiro fundo querendo ignorar tudo que se passa. Abro novamente os olhos vendo minha vó agachada na minha frente, com uma bandeija de café com misto quente, frutas, café e bolo..

Ivone: bom dia filha, está melhor? -me estendeu a bandeija, peguei botando no colo e dei um sorriso em gratidã.

Lorena: se eu disser que estou bem, estaria mentindo Vó. - ela fez um carinho no meu rosto, apontou pra comida e eu comecei a comer. Não sou louca de deixar se comer na frente da minha vó, ela me faz engolir.

Ivone: quando você se sentir pronta para contar pra vó, é só me chamar. Tá bom? -concordei e ela saiu em direção a cozinha, liguei a televisão e continuei meu café da manhã.

Meu vô se sentou do meu lado, todo arrumadinho daquele jeito meio doido, minha vó morre de ciúmes quando ele aparece assim, ainda mais saindo sozinho.

Emanuel: vô vai na rua resolver uns assuntos, sua vó me contou o estado que chegou aqui. Também tô querendo saber mas espera eu chegar em casa pra contar. Tá bom?

Lorena: tá bom Vô, quando você chegar eu falo para os dois, até prefiro assim. Cuidado pra não te agarrarem na rua. -falei um pouco alto pra minha vó ouvir, ela olhou pra sala na mesma hora de cara fechada.

Ivone: Olha só Lorena você para de graça em, quem é maluca de agarrar ele, chamo logo o Brayan e acabo com a graça dele. - bateu nas costas do vô com pano de prato e eu acabei rindo, meu vô saiu correndo e nem olhou pra trás.

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