Ao chegar, não demorou muito para vê-lo caminhando em sua direção. O garoto apenas se sentou e abriu a sua mochila, parecendo animado.

— Então, já sabe o que vamos fazer? Eu pensei no de sempre. Eu irei levar alguns sucos, bolachas, e uns sanduíches. — Dian tirou um papel de sua mochila, sorrindo. — E é claro, o meu mapa de Pandiógeis, que foi dado a mim pela Paty!

Camila não disse nada, apenas o encarou, ainda pensativa. Escutava suas palavras, porém, não conseguia processar o que ele dizia. A única coisa que passava por sua cabeça era toda a situação em que se encontrava. Depois dessa notícia, sabia que não iria nem conseguir ocupar sua cabeça com os estudos, na hora que se reunisse com seus amigos na biblioteca. A curiosidade parecia quase matá-la, e só se sentiria melhor quando chegasse à casa de Kari, no dia seguinte. O que "hora de agir" e "criar uma resistência" significavam? Além disso, a ameaça da O.P.U aos Viajantes era preocupante.

— Você está mesmo preocupada — Dian desfez o sorriso, parecendo perceber o transe em que ela estava, o que a trouxe de volta. —, nem me questionou quando eu disse "bolacha". — Ele suspirou e sorriu. — Não se preocupa, Kari parece ter uma ideia! Isso significa que ainda há esperança!

Encarou o rosto sorridente de Dian, e viu uma chama de esperança em seus olhos. Não o via desse jeito há bastante tempo, mais especificamente desde o ocorrido com Tiago na casa de Kari.

Tiago. Foi lá que tudo aconteceu. Foi lá que descobriu que seu amigo a havia traído, e o sentimento de raiva e tristeza a atingiu em cheio, como sempre acontecia quando se lembrava do ocorrido.

Apenas tentou sorrir. Apesar da melancolia profunda que sentia, não queria que o menino se sentisse da mesma forma. Era bom o ver sorridente e esperançoso novamente.

— É claro. — Não sabia se era verdade ou não, porém, não acreditava naquilo.

Assistiu Dian alargar ainda mais seu sorriso.

— Viu? É disso que estou falando! Quero ver você contente de novo, Camila. — Ele desfez o sorriso, parecendo hesitante. — Não sei se você me considera da mesma forma, mas você é minha amiga, e não quero te ver mal.

— Te considero um amigo também, Dian.

Ele sorriu novamente.

— Aliás, me desculpa, eu nem perguntei como você está. Eu vi o que saiu no jornal.

— Estou bem. — Bem não era exatamente a palavra certa. Mas ele não precisava saber disso. — Aquilo não é nada comparado ao que estamos enfrentando.

— Bem, e então, como vamos ir à casa de Kari? Vamos fugir da escola assim que chegarmos, certo?

— É o único jeito.

— Tudo bem. — Ele se levantou. — Vai dar tudo certo, eu sei disso! — E diferente da última vez em que o garoto havia dito isso, agora ele realmente parecia acreditar.

Na segunda feira, Camila caminhou até o lado da escadaria de pedra, onde combinou de se encontrar com Dian. Chegando lá, percebeu que o garoto já a estava a esperando, parecendo ansioso. Assim que a viu, ele acenou, sorridente.

— Então, pronta? — Ele perguntou enquanto apertava os próprios dedos.

— Precisamos esperar os estudantes entrarem, primeiro.

— Ah, claro! Desculpa, é que estou muito ansioso.

— Sabe que... essa ida até lá pode ser perigosa, não sabe? — Perguntou com cautela, temendo que isso fizesse sua animação murchar.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Kde žijí příběhy. Začni objevovat