Capítulo 45

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Antonio Cara de Sapato

É estranho como a minha relação com a Amanda mudou em poucos dias. Antes eu só a olhava com desejo e agora eu lhe olho sentindo tantas coisas, inclusive um sentimento de... carinho.

Não prolongamos o beijo, pois sabíamos que mais alguns minutinhos e perderíamos o autocontrole.

Envolvidos em uma conchinha, dormimos o resto da tarde exaustos das longas horas de viagem.

-Antonio? –Escuto a voz da Amanda a me chamar distante do meu sonho.

-Hum! –Murmuro ainda de olhos fechados.

-Olha pra mim. –Ela fala séria e eu percebo que algo aconteceu. –Mário me ligou agora, disse que Wilma não tá muito bem e que você precisa falar com ela. –Sento-me na cama desnorteado.

-Eu não sei se eu consigo, Amanda.

-Consegue sim. Sei que você tá magoado por conta de tudo que descobriu, mas isso não apaga os anos que ela passou se dedicando a você. Não seja egoísta, Antonio. Se um erro não define quem você é, também não define quem a Wilma é.

-É diferente, o erro dela estragou minha vida. –falo me levantando irritado. Não acredito que a Amanda me chamou de egoísta.

-Estragou? Tem certeza? Olha tudo que você tem hoje, tudo que você conquistou, tudo isso foi graças a essa erro da Wilma. Eu sei que você queria ter crescido com sua mãe biológica, ou ao menos saber a verdade, mas tudo que ela fez foi necessário pra você ser o homem que você é hoje, pra Helena ser quem ela é. Talvez se nada disso tivesse acontecido, os dois teriam morrido de fome. É egoísmo da sua parte pensar somente em você e não pensa na pessoa que te deu amor todos esses anos, não pensar que ela tá doente, precisando de você.

Não consigo responder, tudo que ela falou me atingiu em um lugar muito doloroso.

-Pode me emprestar seu celular? –Me limito a lhe perguntar e ela estende a mão me entregando o dispositivo.

Procuro o número do meu irmão e respiro fundo iniciando a ligação.

"Juninho?"

"Oi, Mário!"

"Ainda bem que você ligou. Eu sei que deu merda, Amanda me adiantou o assunto, mas você precisa falar com a mamãe e acalmar ela. Quando ela estiver melhor, eu juro que eu deixo você conversar com ela."

"Tudo bem! Onde ela está? Passe o telefone para ela."

"Só um momento! E obrigada desde já!" –respiro fundo criando forças.

"Junhinho?" –A voz feminina me chama do outro lado.

"Oi dona Wilma! Anda se danando muito no Rio de Janeiro?"

"Seu irmão não me deixa fazer nada, quando você volta?"

"Não sei. Amanda está com problemas familiares e eu não quero deixar ela sozinha. A senhora consegue me esperar por mais alguns dias?"

"Claro, meu amor! Fico feliz que você esteja com ela. Essa relação muito me agrada, Amanda seria a mãe perfeita para os meus netos!"

"Vamos com calma, dona Wilma!"

"Cadê seu celular? Por que te ligo e tá sempre desligando?"

"Tô com um problema no meu chip, ainda não consegue ajeitar. Acho que eu vou acabar comprando outro. Mas sempre que quiser falar comigo, pode ligar pra Amanda, estamos sempre juntos."

"A ultima frase me causou um imenso sorriso. Aproveite, meu filho. Amanda é a mulher da sua vida. Beijo, amo você!"

"Beijo, se cuida!" –encerro a ligação, devolvendo o celular para a Amanda e seguindo para o banheiro.

Amanda Meirelles

Sempre me falaram que sinceridade era meu ponto forte e fraco. Essa minha mania de falar tudo na cara ainda iria acabar me ferrando.

O encaro caminhando chateado até o banheiro e sinto um aperto no peito por saber que era culpa minha. Talvez eu tenha sido dura demais com as palavras, mesmo sabendo que tudo que eu falei é verdade.

Deito na cama tentando acalmar minha mente que rodeava por mil e uma coisa.

-Quer que eu te espere? –Sua voz rouca me arranca dos meus pensamentos.

-É muito incomodo?

-Claro que não. Vai lá, te espero aqui.

Com um clima tenso instalado entre nós dois, caminho até o banheiro pensando em como reverter essa situação.

Saio do banho o encontrando de pé irritado andando de um lado para o outro.

-Aconteceu alguma coisa? –O encaro receoso.

-O filho da puta do seu ex te ligou novamente. –ele fala irritado jogando o celular sobre a cama.

-E você atendeu?

-Eu imaginei que poderia ser o Mário, ou alguém assim. Só atendi e era aquele filho da puta!

Os olhos de Antonio queimavam de ódio e ele destilou dois socos na parede tentando aliviar toda sua raiva.

-Ei, você vai se machucar. –Me aproximo segurando suas mãos. –O que ele disse? 

-Que não vai te deixar em paz, que uma hora ou outra eu vou enjoar de você e vou te dar um pé na bunda e aí você vai voltar correndo pros braços dele. E que... –sua voz falha e ele encara o teto sem conseguir falar.

-Termina, Antonio.

-Que você é dele. –Seu tom de voz é tão baixo, que se torna quase impossível escutar.

Encaro seu olhos brilhantes vendo em seu olhar o mesmo que eu sinto, medo de perder.

-Mas eu não sou. –Sussurro de volta sentindo meu coração acelerar ainda mais.

Como se o mundo dependesse disso, ele toma os meus lábios em um beijo possessivo.

Passo meus braços ao redor de seu pescoço e sinto meu corpo ser girado e em seguida jogado contra a parede.

Quando o ar nos faltou, ele se afastou um pouco, descendo seus beijos pelo o meu colo e me fazer perder o controle da situação.

-Eu quero você, Antonio. –Sussurro embriagada de prazer.

-Eu também te quero e você vai precisar ser uma boa menina e ficar caladinha. –Ele fala com a voz rouca em meu ouvido e me pega no colo levando até a cama.

Nossas roupas são jogadas no chão e em poucos minutos estamos conectados novamente degustando da sensação inexplicável que é estarmos juntos.

Me penetrando forte e tapando minha boca para que o som dos meus gemidos não saiam do quarto ele me leva ao céu.

-Você é minha, Amanda. Eu não aceito te dividir com mais ninguém. –Ele fala me olhando nos olhos com seu corpo por cima do meu.

Sua fala me pega de surpresa, eu até poderia pensar que era coisa de momento, mas a sinceridade em seu olhar me faz ter certeza no que ele fala.

-Eu também não quero te dividir com ninguém. –Confesso o puxando para me beijar novamente.

Quem também tá vendo um certo casal de amigos se apaixonando?

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