Capítulo 27

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Amanda Meirelles

-Você fica muito engraçada quando tá com vergonha.

-Eu não soube o que falar quando ela me perguntou se eu seria mãe dos filhos dela. Ela sabe de alguma coisa, Antonio? –O indaguei com um olhar ameaçador.

-Claro que não. Não falei pra ninguém sobre nós dois. Eu sei que você me mataria.

-Mataria mesmo. Isso é passado e...

-Passado a gente deixa no passado. Pode deixar que eu sei. –Ele completou irritado. –O jantar será servido em trinta minutos, fique a vontade.

O observo entrar em seu quarto e me encontro completamente confuso com o que acabará de acontecer.

Sigo para o meu quarto e decido ligar para minha melhor amiga. Muita coisa aconteceu e nós praticamente não tivemos tempo para conversar, já que quando eu fui arrumar minhas malas, ela não estava em casa.

-Oi, meu amor. Como foi de viagem?

-Tá podendo falar agora?

-Sim. Aconteceu alguma coisa? –Me indaga preocupada.

-Eu to ficando louca. Não deveria ter vindo.

-Por que? Aconteceu alguma coisa? Alguém te tratou mal?

-Não. A família dele é um amor. Eu que sou louca mesmo?

-O que aconteceu? Fala de uma vez, caralho!

-Só to com medo dessa aproximação toda. Não sei se o Antonio é realmente alguém confiável. Sei lá! Não consigo explicar o que eu to sentindo.

-Amanda, resposta sincera agora. Você tá apaixonada pelo o Sapato?

-Não. Claro que não. –Respondo rapidamente.

-Tem certeza? Você sabe que não precisa mentir pra mim.

-Eu não to mentindo, Larissa. O que rolou entre nós dois foi só sexo e não vai volta a acontecer, isso eu te garanto.

-E do que você tá com medo, Amanda Alice?

-Não sei. Você sabe como eu sou, eu me apego as pessoas e depois me decepciono. É assim com amizade, você sabe. Não tem nada romanticamente falando.

-Nesse quesito, não se tem o que falar do Sapato, Amanda. Quando o assunto é amizade, ele dá aula. Isso eu te garanto.

-Entendi. Eu acho que eu to ficando louca mesmo, pegando nóia sem motivos.

-Tô achando bem confusa essa sua historia aí.

-Eu sou confusa, Larissa. Agora eu vou cuidar, vou tomar um banho e descer para jantar.

-Tá bom. Qualquer coisa me liga.

-Tá. Obrigada. Amo você e to com saudade!

-Amo você e to com saudades!

Desligo a ligação e sigo para o banho pensando em tudo que eu e Larissa conversamos. Eu não estaria apaixonada por ele.

Estaria?

Me indago confusa, mas rapidamente respondo que não. Eu não seria tão burra assim.

Aquilo foi só sexo e nós dois somos somente amigos. –Repito a mim mesmo no banho, tentando colocar a cabeça no lugar.

Antonio Cara de Sapato

Adentro ao meu quarto um pouco irritado com a lembrança que Amanda acabará de me fazer. O fato de ela ficar o tempo todo repetindo que o que rolou entre nós dois foi só sexo, me irrita um pouco. Apesar de saber que foi realmente só isso.

O jantar foi tranqüilo, mamãe desceu para jantar conosco e depois de anos finalmente conseguimos jantar com toda família reunida.

Amanda parecia ter se enturmado bem com todos e parecia até que já nos conhecia á anos. Papai que antes estava bem desanimado com tudo que estava acontecendo, agora dava boas risadas da Amanda que contava suas historias malucas de quando era criança.

Após o jantar sigo para o meu quarto. O dia foi corrido e cansativo, sem contar na noite anterior que eu passei acordado. Preciso descansar.

Me despeço de todos e Amanda faz o mesmo indo até o seu.

Quando já estava quase dormindo, escuto batidas na porta do meu quarto e levanto-me rapidamente com medo de ter acontecido algo com minha mãe.

Assim que abro a porta, dou de cara com a enfermeira da minha mãe, o que me deixa ainda mais preocupado.

-Aconteceu alguma coisa?

-Desculpa interromper seu sono, mas sua mãe está lhe chamando.

-Fala logo. Aconteceu alguma com minha mãe? –Indago ainda mais preocupado já saindo do quarto.

-Não. Ela está bem, mas pediu para que eu chamasse o senhor, pois tem algo que precisa ser entregue essa noite.

-Tá. –Caminhei rapidamente até o quarto da dona Wilma ainda sentindo meu coração bater acelerado.

-Oi, mãe! Tá tudo bem? A senhora tá sentindo alguma coisa? –A indago assim que entro em seu quatro.

-Sente-se aqui Junior, precisamos conversamos.

Obedecendo o que ela me pede, sento-me ao seu lado na cama.

-Pode falar, mãe.

-Eu sei que os médicos falam que eu vou reagir a medicação, mas por algum motivo, eu sinto que não. Por isso eu pedi para que você viesse do Rio de Janeiro, eu não sei o que irá acontecer nos próximos dias, não sei se esse tratamento do Rio de Janeiro vai realmente restaurar minha saúde e antes de voltar eu queria te pedir uma coisa e entregar outra.

-Pode pedir o que quiser, mãe. –respondo com a voz embargada.

-Não perca essa menina. Eu sei que tudo que aconteceu com você quando ainda era criança mexeu muito com o seu emocional e você tem medo de se entregar a alguém e ser abandonado. Mas na vida, só é feliz quem se arrisca. Você não pode perder grandes oportunidades da vida. Eu não precisei de muito para saber que o Antonio era o amor da minha vida, não precisei de muito para saber que a Roberta era o amor da vida do Mário, assim como eu não precisei de muito para saber que a Amanda é o amor da sua vida. Deixe ela escapar, meu filho.

-Eu e a Amanda somos somente amigos, mãe. A senhora está confundindo as coisas.

-Voce pode enganar a seu irmão, seus amigos, até a você mesmo, mas a mim você não me engana. Eu vejo nos seus olhos que você já ama essa mulher, Antonio e na hora certa vai perceber isso. Lembre-se sempre do que eu te falei.

-Tudo bem, mãe. O que mais a senhora queria me falar?

-Na verdade eu queria te entregar uma coisa. –Ela se levantar com dificuldade e caminha em direção ao closet, voltando minutos depois com uma caixa na mão.

-O que é isso, mãe?

-Isso deve ficar com você, se algo me acontecer, abra. Mas só se algo me acontecer.

-O que é isso?

-Na hora certa você vai saber, meu filho. Agora volte a dormir, você precisa descansar.

fim de maratona!
Me contem o que acharam dos capítulos de hoje e o que acham que tem nessa caixa que a dona Wilma entregou.

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