Capítulo 28

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Antonio Cara de Sapato

Os dias em João Pessoa estavam sendo tranqüilos, os médicos informam que desde que eu cheguei, minha mãe teve uma melhora absurda. Mas eu tenho a plena certeza que isso não deve a minha presença, mas sim a da Amanda.

As duas viraram carne e unha. Se a intenção era mandar a Amanda para cuidar de mim, no fim, ela estava cuidando mesmo era da minha mãe e isso me deixa imensamente feliz.

Na varanda do quarto sorrio vendo a cena das duas conversando no jardim, enquanto admiravam as flores no inicio do dia. 

-Juninho? –Escuto a voz do meu irmão me chamar e o vejo atrás de mim.

-Chega aí, olha essa cena. Eu fico impressionado no quanto as duas se deram bem e em como a mamãe melhorou desde que a Amanda chegou.

-É, a Amanda realmente trouxe uma injeção de animo para a mamãe. E é sobre isso que eu quero falar com você.

-Pode falar. Aconteceu alguma coisa?

-Já estamos aqui a cinco dias, é inviável permanecemos tanto tempo longe da empresa, ainda mais sendo nós dois. Eu conversei com o medico da mamãe sobre a melhora dela e ele disse que o ideal nesse momento era levar ela para o Rio, assim ela poderia fazer aquele novo tratamento que eu te disse e que só tem lá. Assim ela se cuidaria, a gente se manteria por perto e poderíamos voltar a se fazer presente na empresa.

Antes de responder, volto minha atenção para o jardim novamente. De onde estamos é possível ouvir a risada das duas e eu suspiro lembrando que voltar para o Rio significa voltar a ter a Amanda distante e indiferente.

Mas sei que de uma maneira ou de outra, isso vai acontecer e eu preciso me acostumar com isso.

-Isso é o melhor para ela? –O indago com o olhar fixo nas duas mulheres no jardim.

-Sim.

-Estamos aqui pra fazer o melhor por ela, Dindinho.

-OK. Hoje no fim do dia iremos de helicóptero com ela, não quero que ela tenha que enfrentar a loucura de um aeroporto.

-Você tem razão.

-Voce e a Amanda ficam para ir amanhã, tudo bem?

-Sem problemas!

-Tá tudo bem, Juninho?

-Tá sim. –Assinto tentando disfarçar que minha mente estava sendo consumida de pensamentos.

Amanda Meirelles

No fim da tarde Wilma, Carlos, Mário, Maria, Mateus e Beta embarcaram para o Rio de Janeiro. Carol e seus filhos, voltaram para Paraíba, onde ela precisava resolver algumas coisas.

Deixando a casa completamente vazia sendo habitada somente por mim e por Antonio.

Esses últimos dias fizeram a mim e ao Antonio se aproximar bastante. Todo e qualquer impressão ruim que eu tinha dele, ele conseguiu reverter.

Aqui eu consegui conhecer uma outra versão dele, uma versão encantadora. De um homem com origem simples, completamente apaixonado pela sua família. Um tio incrível, capaz de fazer seus sobrinhos brigarem por um abraço dele.

Devo confessar que essa versão dele me deixou encantada e todo esse momento de fragilidade nos aproximou ainda mais.

Após o fim do jantar decidimos assistir um filme em meu quarto. Com muita briga, conseguimos definir qual seria o filme e finalmente começar a assistir.

-Sua mãe veio me pedir para não desistir de você, que ainda nos casaríamos e daríamos muitos netos a ela, acredita? –falo rindo pegando um pouco mais de pipoca.

-E o que você respondeu? –mesmo sem desviar o olhar da TV, sei que ele está me encarando.

-Eu ri e disse que adorava ela, adorava a família de vocês, mas isso nunca rolaria. Somos somente amigos e é assim que continuaremos sendo, pelo menos eu espero que possamos continuar sendo amigos!

-É isso que você verdadeiramente acha, Amanda? Que nunca aconteceria algo entre nós dois?

-O que tinha pra acontecer, já aconteceu. Sexo. Agora a nossa relação é de amizade e eu tô gostando dela.

-Entendi. Nunca passou pela sua cabeça ter algo comigo, Amanda? –Ele me indaga e eu começo a ter medo do rumo dessa conversa.

-Puta que pariu! Não acredito que esse cara fez isso. –falo comentando o filme e tentando mudar de assunto, o que aparentemente funcionou.

Antonio não tocou mais no assunto, mas também não demorou muito tempo ali. Ele parecia inquieto e logo se levantou se despedindo.

-Eu vou pro meu quarto, estou exausto e amanhã teremos um dia longo.

-Mas já? O filme ainda nem terminou.

-Depois eu termino de assistir. Boa noite, Amanda!

Sinto meu coração apertar ao lhe ver saindo, de alguma maneira eu sinto que tem algo errado. Talvez eu tenha dito algo que lhe magoou, mas o quê? A única coisa que eu disse foi que não temos nada e isso é algo que ele mesmo diz.

Completamente confusa e angustiada, tento dormir mas não consigo. Minha mente viaja em um milhão de coisas e não me permite relaxar.

Encaro a tela do celular vendo que já se passaram cinqüenta minutos desde a hora que ele me deixou sozinha e nada de eu conseguir dormir.

-Amanda? Abre a porta, por favor! –Escuto sua voz falhada do outro lado da porta e mesmo sem lhe ver, sei que ele está chorando.

Corro desesperada até a porta do quarto e lhe encontro com os olhos inchados e uma caixa em mãos.

Assim que ele me ver, ele adentra ao quarto, solta a caixa e me abraça apertado, aumentando ainda mais a intensidade do seu choro.

Amanhã já vem o capítulo que revela o segredo da tia Wilma, mas enquanto ele não sai, me contem aqui o que vocês acham que é. Tô amando escrever essa história, espero que vocês também estejam gostando. 

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