Capítulo 08

920 70 9
                                    

Antonio Cara de Sapato

A situação tava engraçada ao ponto de eu não consegui olhar pra ela e não rir. O que aumentava ainda mais sua irritação.

-Será que você pode ao menos me emprestar uma toalha?

-Tem aí no closet, só pegar. Você tem duas mãos e elas servem para isso.

-IDIOTA! –Gritou irritada e eu gargalhei.

Deitei-me no sofá enquanto ela terminava seu banho, para que eu pudesse tomar o meu.

Assim que ela saiu, caminhei em direção ao banheiro sem falar nada e sem rir também, acho que já lhe irritei demais por hoje.

Encerrei meu banho e retornei para o quarto, passando pelo o closet e escolhendo uma blusa para que ela pudesse vestir.

-Toma! –joguei a blusa em cima dela que encarava a tela do celular.

-O que é isso? –pegou a blusa se fazendo e sonsa.

-Uma blusa, ué. Vai dormir com essa roupa extremamente apertada?

Ela não respondeu, só se levantou e caminhou em direção ao banheiro.

-De nada! Mal educada. –gritei.

-Vai se ferrar.

Acho que encontrei um novo hobby, irritar a minha fisioterapeuta. É divertido e ela fica ainda mais sexy brava.

-O que você tá fazendo aí? –perguntou ao me ver deitado na cama.

-Ué! Eu vou dormir aqui.

-Nem ferrando que eu vou dividir a cama com você.

-Então vai você por sofá. Simples!

-Insuportável. É isso que você é.

-Obrigada! Adoro seus elogios.

Bufava de raiva ela se deitou ao meu lados na cama. Mas fez questão de me fazer perder a paciência.

Ela não parava um minuto sequer, se remexendo o tempo inteiro e até me chutando.

-Da pra para de se remexer? –a encarei irritada e pude ver um sorriso querer nascer em seu rosto.

-Os incomodados que se retirem.

-Eu prefiro dormir no chão do que ao seu lado. –gruni irritado e me levantei.

-Boa noite, chefinho! –debochou me olhando me ajeitando no sofá.

Essa garota ainda vai me matar de raiva. E eu vou matar a Ceci por ter me deixado com ela.

Amanda Alice

Quase não consigo conter o riso ao perceber que eu finalmente havia conseguido afetar ele.

Após ficar com a cama só pra mim, enrolei-me inteira e fui tentar dormir em paz. Ou pelo menos tentar, já que eu não tava com um pingo de sono.

Revirei a cama inteira atrás de encontrar uma posição confortável para dormir, mas parece que como castigo por ter lhe feito dormir no sofá, eu ganhei uma bela insônia.

Escutei seu murmurado e lhe encarei para ver se ele estava falando comigo. Mas seus olhos estavam fechados e sua expressão era de desespero.

Me aproximei pra ver se conseguia entender o que tava acontecendo e cheguei a conclusão que ele tava tendo um pesadelo.

-Por favor... não me abandona... –Murmurava com um tom de desespero. –NAOOO. –Seu grito ecoou pelo o quarto me assustando.

-Antonio? Ei? Antonio, acorda. –tentei lhe chamar, mas por mais que ele parecesse querer acordar, ele não conseguia.

- Não me deixa sozinho de novo, por favor! –suplicou e eu vi uma lagrima escorrer por seu rosto.

-Ei, você não tá sozinho. Eu to aqui. Acorda, por favor! –supliquei passando a mão por seu rosto e ao sentir o meu toque, ele se acordou agitado.

Em impulso, ele se sentou enquanto tentava puxar o ar com dificuldade. Sentei-me ao seu lado, tentando segurar sua mão e lhe acalmar.

-Ei?  O que tá acontecendo?

-Sai daqui. Me deixa sozinho. –mesmo com dificuldade pra falar, ele tentava me expulsar. –ME DEIXA SOZINHO, PORRA! –Gritou com um tom de desespero e eu senti meu coração se apertar.

-Eu não vou te deixar sozinho, Antonio. Eu vou ficar aqui com você. Me da sua mão. –ordenei tentando entrelaçar nossos dedos. –Respira comigo. –lhe encarei tentando passar confiança após me da conta de que ele tava tendo uma crise de ansiedade.

Passamos alguns minutos com as mãos dadas fazendo alguns exercícios que eu sei que ajudam nessas situações, até que ele se acalmasse.

-Obrigada! –sussurrou de olhos fechados com a cabeça no encosto do sofá.

-Se sente melhor?

-Sim. Obrigada pela a ajuda.

-Isso acontece sempre?

-Quase todas as noites. –Respondeu ainda de olhos fechados.

-E você não conta pra sua psicóloga?

-Isso não tem nada a ver com psicóloga. Eu to bem. Foi só um pesadelo. –se levantou rapidamente voltando a vestir sua armadura de durão.

-Você não precisa usar essa armadura comigo, eu to aqui pra te ajudar, como amiga mesmo.

-Amiga? A gente se detesta, Amanda. –falou soltando um riso.

-É, você tem um ponto. –sorri me aproximando dele.

-Saiba que apesar de ser insuportável, quando você precisar de uma amiga, pode contar comigo. –depositei um beijo em sua bochecha e caminhei até a cama. –Boa noite!

Comentem

love and hate Where stories live. Discover now