love and hate

Capítulo 39

Amanda Meirelles

A conversa tomou um rumo que nós não esperávamos. Henrique acabou se alterando e entendendo tudo errado. O que o fez soltar algo da maneira que não deveria.

Encarei Antonio completamente paralisado. Seu sangue parecia ter fugido do corpo, ele estava extremamente branco e seu peito subia e descia de maneira rápida, demonstrando sua respiração totalmente desregular.

-Me tira daqui, Amanda. Por favor! –Ele fala com dificuldade e eu começo a me desesperar.

-Olha aqui Henrique, nós não queremos o seu dinheiro, se o Antonio quiser, ele pode comprar toda a sua fazenda com o próprio dinheiro. Tudo que ele queria era noticias da mãe, mas você é um ogro insensível e babaca. –Cuspo as palavras irritada e saio do escritório indo atrás do Antonio.

As pessoas do lado de fora nos encaravam totalmente curiosa e sem entender o que estava acontecendo.

Antonio praticamente correu até o carro e não falou mais nada desde que ouviu a noticia. Somente entrou no banco do passageiro e jogou a cabeça para trás chorando.

Em silencio, dou partida no carro e saio dali o mais rápido sabendo que mais uma vez Antonio estava sentindo seu mundo desmoronar.

Quando já estava passando da porteira da fazenda, vejo um carro logo atrás de mim, buzinando e fazendo sinal para que eu parasse.

-Tem alguém pedindo para eu parar. –Encaro Antonio chorando ao meu lado.

-Eu não quero ouvir mais nada de ninguém, só me leva para o hotel, por favor. –Ele fala ainda de olhos fechados.

Vendo a persistência da pessoa, decido parar. Paro o carro no meio da estrada e puxo mais em direção ao mato, dando a oportunidade de quem vinha atrás parar do nosso lado.

-Me desculpa pela idiotice do meu irmão. Helena não morreu, vamos até minha casa, eu posso contar toda a verdade a vocês. –Honório falava com a voz embargada nos transmitindo verdade.

-Pode ir com ele, Amanda. –Antonio fala com a voz falha.

-Vai na frente, a gente vai atrás te seguindo.

-Tudo bem!

Em alguns minutos havíamos saído mais da zona rural e pelo o pouco que conheço da região, sei que estamos em alguma cidade um pouco mais avançada.

Honório morava em um condomínio de luxo, pelo o jeito não quis seguir os passos dos pais e dos irmãos de morar em fazenda. Ele realmente parecia diferente dos outros.

-Acho que chegamos, Antonio. –falo estacionando o carro do lado do carro do Honório.

-Você acha que ele tá falando a verdade? –Antonio me indaga com a voz embargada.

-Acredito que sim. Mas logo iremos descobrir.

Descemos do carro e acompanhamos Honório até seu escritório. A casa estava completamente vazia, no escritório, existiam vários quadros e um deles era uma foto de Helena com uma criança, que acredito ser Honório.

-Querem uma água, suco, chá?

-Não, não. Obrigada!

Antonio e eu nos sentamos nas cadeiras confortáveis de frente a Honório.

-Me perdoem pelas coisas que meu irmão falou. Henrique é um alguém amargurado. Enfrentou muitas coisas na vida e acabou ficando assim.

-Tudo bem, entendemos. Só quero deixar claro que nós não temos nenhum interesse no dinheiro da família de vocês. –Antonio fala se explicando e demonstrando tá um pouco mais calmo.

-Claro que não. Você é o grandioso Antonio Cara de Sapato, campeão de MMA, dono das team Figueiredo, herdeiro de uma herança cinco vezes maior do que a nossa.

-Como você sabe de tudo isso? –O encaramos confusos.

-Eu sou quinze anos mais novo que Helena, quando ela começou a ter um caso com seu pai, eu sabia de tudo e muitas vezes até ajudava ela em suas fugas. Eu não concordava com os meus pais, sempre fui o filho revoltado, que fazia tudo ao contrario. Quando Helena foi expulsa de casa esperando um filho, eu me revoltei ainda mais. Não aceitava que tivessem feito isso com minha irmã, mas o que eu poderia fazer? Eu era apenas uma criança. As vezes eu fugia da escola, pegava carona em algum pão de arara e ia visitar Helena e você. –Ele aponta para o Antonio.

-Mas como minha mãe não nos falou de você? –O indago estranhando.

-Helena tinha medo, ela confiava em Regiane de olhos fechados. Mas tinha medo que Emanuel soltasse alguma coisa para alguém e desse ruim pra mim. Então sempre que eu ia até lá, ela escondia. O que não me evitou de conhecer você. –Dessa vez ele aponta pra mim. –Amanda Alice. A Amandinha que Antonio era completamente apaixonado.

-Você me conheceu também?

-Claro. Vocês dois eram inseparáveis. Muitas vezes Helena comentava não entender, como duas crianças tão pequenas, eram tão ligadas assim. A conexão de vocês parecia coisa de outro mundo e agora eu tenho certeza que realmente é. –Antonio e eu nos encaramos com os olhos cheios de lagrimas. –Quando recebi a noticia de que Helena havia fugido, meu mundo caiu. Eu gritei, chorei, fiz um barraco com meus pais. Mas de nada adiantou, eles pareciam não está nem aí. Mesmo assim, eu decidi ir até a casa onde Helena morava e encontrei algumas coisas que talvez vocês gostem de ver.

O rapaz se levantou e sob o nosso olhar atento, caminhou até o final do armário do seu escritório pegando uma caixinha de papelão bem antiga.

-O que é isso? –Antonio o indagou curioso e ele entregou a caixa em suas mãos.

-Helena me deixou isso. Abram.

Dentro da caixa havia uma blusa infantil masculina, uma carta e algumas fotos. Algumas de Helena com um bebê, outras dela com uma criança bem maior e outras de dois bebês.

-Esses dois aqui? Somos nós? –Antonio para as duas crianças da foto e Honório confirma com a cabeça no mesmo momento em que uma lagrima cai do rosto do Antonio.

Apareceu a margarida! Quarenta comentários e eu volto 🫶🏻