Capítulo 43

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Antonio Cara de Sapato

No dia seguinte pela manhã bem cedo, pegamos a estrada em direção a cidade que Honório havia nos informado que Helena morava.

A cidade era bastante distante da capital do estado, mas tudo ao lado da Amanda se tornava prazeroso para mim, inclusive dirigir por quase seis horas.

-Acho que estamos chegando.

-Já chegamos na cidade em que Honório disse né?

-Sim. Agora só mais uns minutos de estrada para chegarmos á fazenda.

-Como você tá? –falou colocando a mão na minha nuca e iniciando um carinho na região.

-Não sei explicar. É uma mistura de ansiedade, medo, tristeza, alegria. Meu coração tá batendo tão forte.

-Eu acredito. Mas vai dar tudo certo, tá? E eu to aqui com você, não se esqueça.

-Obrigada, Amanda. De verdade!

*

Em poucos minutos chegamos na entrada da fazenda, exatamente aonde Honório havia falado.

-Acho que chegamos! –Encaro ela entrelaçando nossas mãos na intenção de me acalmar um pouco.

-Acho que temos que descer e tentar localizar alguém que possa abrir para entrarmos.

-Fica aqui no carro, eu vou lá sozinho.

-Eu posso ir com você.

-Melhor eu ir sozinho. Não quero te colocar em risco. –Ela somente sorrir, não me contrariando.

Desço do carro e caminho em direção a porteira de madeira, de longe consigo avistar dois cavalos vindos em nossa direção.

-Opa, como eu posso ajudar o senhor? –O modo de falar do rapaz era bem diferente, com um sotaque gostoso de ouvir.

-Oi, boa tarde. Gostaria de falar com a Helena, ela se encontra?

-O que você deseja com ela? –ele me encara sério.

-Seria assunto pessoal, será que eu poderia entrar pra falar com ela?

-Não. Ela não pode receber visita de estranhos. – Ele fala fazendo menção de sair.

-Ei? Espera! –Grito desesperado e a moça que antes estava um pouco distante se aproxima.

-Julio, não fala assim com o moço. –A menina se aproxima irritada. –Liga pra ele não, moço. Julio é mal amado mesmo. A porteira tá aberta, pode entrar.

-Você vai deixar um desconhecido entrar na sua casa Lica? E se ele for um bandido?

-Ah claro! Um bandido iria pedir permissão para entrar e assaltar né? Para de ser abestado, Julio. Pode entrar moço, não liga pras asneiras que esse maluco fala não.

-Julio, né? –Encaro o rapaz a minha frente com uma cara de poucos amigos e ele assente contra seu gosto. –Olha, pode ficar tranqüila que eu não sou bandido e nem nada do tipo, eu realmente só preciso falar com a Helena e pode ficar tranqüilo que eu sou incapaz de fazer mal a alguém.

-A Lilian já autorizou sua entrada, fique a vontade. –Ele se limita a dizer e sai.

-Não liga pra ele, pode entrar. Guio você até a casa da Helena.

-Obrigado!

Retorno para o carro, ainda mais aflito, com medo da maneira a qual seria recepcionado.

-E aí?

-Ela vai no guiar até a casa da Helena. Amanda?

-Hum?

-Você acha que ela pode não querer falar comigo? Sei lá, eu a ignorei uma vez, ela pode querer fazer o mesmo.

-Claro que não. Para de criar paranóia na sua cabeça, vamos logo!

Sem responder, somente dou partida no carro.

Dirijo por alguns metros, até chegar em uma grande casa, onde a moça que me recebeu parou. Existia uma seqüência de outras casas ali perto também.

-Pode descer, é aqui. –Grita ainda em cima do cavalo.

-Vai dar tudo certo. –Amanda sussurra e me da um beijo rápido.

-Dona Helenaaa! –Escuto seu grito enquanto saímos do carro.

-Oi, meu amor! –Escuto uma voz vindo de dentro da casa e me coração acelera ainda mais.

-Visita para a senhora.

-Já estou indo. Só um momento.

-Prontinho. Eu vou indo, mas pode ficar a vontade aí, já ela sai viu?

-Tá bom. Muito obrigada! –Me despeço e logo ela sai em seu cavalo.

Amanda se mantém encostada no carro e eu de frente pra ela, enquanto tentava me acalmar.

-Antonio... –Amanda sussurrou com o olhar fixo na entrada da casa e eu me virei curioso.

Assim que meus olhos encontraram o da mulher a minha frente, eu paralisei. Em minha mente passava inúmeras coisas, meu coração saltava do peito e eu sequer conseguia me mover.

-Eu devo tá sonhando. –A mulher a minha frente fala buscando apoio em algum lugar. –É você mesmo? –Somente assinto sentindo a primeira lagrima escorrer por meu rosto.

Helena corre em minha direção, me envolvendo em seus braços e me causando uma sensação que eu jamais havia sentido antes.

-Meu Deus! Eu só posso está sonhando. –Ela diz emocionada com o rosto banhado de lagrimas, assim como o meu. –É você mesmo? O meu menino. Eliás! O meu menino! –Ela grita parecendo extremamente feliz.

-Me perdoa por não ter te procurado antes. –falo com a voz embargada e a abraço novamente. –Me perdoa por no dia em que você me procurou, eu não ter te escutado. Eu sei que tudo poderia ser diferente.

-Tá tudo bem! O importante é que você está aqui. –Passamos mais alguns longos minutos abraçados. O único barulho escutado, era do nosso choro.

Após um tempo, nos afastamos um pouco e ao abrir os olhos, consigo ver que a varanda da casa já tinha outras pessoas que nos encaravam também emocionadas.

Perdoem o sumiço. Dias difíceis para a autora, mas tenho tentado me manter presente, não desistam de mim não! 🫶🏻

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