num vejo a hora

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Não vejo a hora de te ver de novo
Só pra sentar, conversar
Deixar o tempo passar
Preciso te ver, te contar o que fiz
Enfim, preciso te ter

Lua 🌊

Fiquei observando do RG dele, vendo a fotinha. Meu menor sai lindo até em 3x4, tem que respeitar a face.

Virei o documento e senti um frio na barriga ao ver meu nome e do Gabriel. Ver aquele espacinho vazio me atormentou por quatro anos.

O bonitinho estava registrado e o teste devidamente feito.

Eu e Davi tínhamos várias regras, e uma delas era não mentir um pro outro. Mas com o teste, tive que infrigir. Jamais ia colocar ele nessa situação, principalmente por ser um capricho meu, além de já saber no que ia dar.

E não teve outra. Assim que abrimos o papel, os efeitos sonoros do ratinho começaram e o Fiuk saiu de uma salinha cantando "Pai... Pode ser que daqui algum tempo, haja tempo pra gente ser mais, muito mais que dois grandes amigos..."

O querido ficou todo bobo e ia ficar mais bobo ainda quando visse o RG.

A campainha tocou e eu guardei o RG no bolso, levantando com o palavrão na ponta da língua, imaginando ser o Matheus sem chave mais um dia.

E antes fosse.

- Oi... – Soltei assim que vi o pai do Gabriel parado, com a mão na cintura.

- Oi Lua. Tudo bem?

- Por enquanto sim. – Falei sincera, tentando não soar ríspida. – Aconteceu alguma coisa?

- Não, eu só queria conversar com você, ta com tempo livre?

- Tenho uns minutos sim, mas seu Val, com todo respeito, se for pra falar comigo no mesmo tom que aquele dia, prefiro que a gente não converse.

- Não, pelo contrário. Vim com a bandeira da paz, prometo. – O encarei por alguns segundos e suspirei, dando espaço pra ele entrar. Que eu não esteja tomando uma escolha burra, meu senhor.

Que ouvir merda já era foda, agora ouvir merda na própria casa é de cair o cu.

- Quer alguma coisa? Uma água, um suco? – Mas dona Larissa me deu educação, né? Não posso fazer nada.

- Aceito uma água, por favor. – Assenti e nós fomos pra cozinha, enquanto o silêncio se instaurava, juntinho com minha vontade de rir em momentos impróprios. Ô mania.

- Obrigado. – Soltou assim que eu entreguei o copo. – Lua, eu vim aqui te pedir desculpa pelo o que falei domingo e pela forma que falei também. – O encarei por alguns segundos e ri fraco.

- O Gabriel já te mostrou, né?

- Mostrou o que?

- O resultado.

- Não, pra ser sincero, a última vez que o vi foi na manhã depois daquele domingo, pouco nos falamos no whatsapp desde então. Talvez ele tenha se ligado que fiz merda, talvez vocês tenham conversado, mas minha relação com ele não é o foco, e sim a nossa. – Até eu vou pegar uma água. – Lua, eu nunca fui um homem perfeito, mas tento ser um pai foda pros meus filhos. Tudo o que o Gabriel conquistou foi por mérito dele, mas o que eu pude fazer enquanto ele não podia andar com os próprios pés, fiz. Nossa família é muito grudada e cuidamos um do outro como se fossemos quatro leões, você como mãe deve entender esse sentimento.

- Até demais.

- O foda é que esse meu cuidado as vezes faz com que eu passe dos limites. Quando ele me contou, minha mente só pensou em dois fatores. Primeiro, ele não estava bem mentalmente até uns meses atrás. Nunca fomos de conversar, mas era nítido, qualquer um percebia. Gabriel tem essa marra de durão mas é vulnerável pra caramba. Segundo que, sejamos sinceros, fui babaca? Fui. Mas a gente sabe que tem gente ruim no mundo, independente do gênero. Minha conclusão foi, a mina é uma pilantra e ele um otário, vulnerável que ta caindo no papo dela. Novamente, fui babaca? Fui, mas no momento, só queria protege-lo.

Planos || Gabigol Donde viven las historias. Descúbrelo ahora