quem sou eu?

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Não tô me reconhecendo não
Pensando nela
Bem na hora que eu vou dormir
Eu sempre disse que me apaixonar ia ser brabão
Eu sempre disse que era bem melhor viver sozin'

Gabriel

O que eu tava nervoso era sacanagem. Sempre quis que esse momento chegasse, Dhio era amarradona em criança, meus país o dobro, mas nesse contexto a reação deles é inimaginável.

Arrumei toda a mesa lá fora, mania que tinha pegado da Lua, e assim que tava tudo pronto, chamei eles.

- Ihhh, é bomba, não falei? - Meu pai soltou assim que viu.

- Já até doeu meu peito. Qual foi o prejuízo da vez?

- Tô com a moral lá no céu, graças a Deus.

- Prejuízo vai ser no banheiro quando a gente comer essa... Caralho meu favorito. - Dhio soltou, abrindo a panela e vendo strogonoff. - É filhos... Netinho de vocês vem aí, não é possível. - Senti frio na barriga, puxando a cadeira pra ela sentar.

- Senta aí senta, gatona. - Ela riu. -Só quis mostrar pra minha familia que tô aprendendo a cozinhar, não pode mais?

- Ele jura.

- Deixa, deixa ele. Já já solta a bufa. - Não aguentei e ri, sentando com eles na mesa.

Clima bom, clima alegre, dei aula na comida, tudo certo pra dar certo.

Não sei a visão que as pessoas têm da minha família, talvez a imagem que eu passo reflita um pouco neles, mas é uma família composta por maluco.

Uma falação de merda terrível a todo instante, sem filtro nenhum e eu amava isso pra caralho, era resenha atrás de resenha e sempre pegávamos um pra Cristo. Hoje escolhido da vez era eu.

- Mas aê... Não queria admitir, mas vocês não erraram não. - Soltei, pegando mais comida. - Tenho uma parada pra falar.

- Não falei que uma hora ia vim a bufa, não dá pra ter paz com seus filhos não, sinceramente. - Meu pai soltou e a gente riu. - Fala Gabriel, fala.

- Dhiovanna acertou, vou ser pai. Vou não, já sou. - E o silêncio foi ensurdecedor, até a bonitona gargalhar. Devia ter contado a história do início.

- Sabia!! Tava sentindo, não é possível. - Dhio soltou, ainda rindo.

- Tá de sacanagem? - Meu pai soltou.

- Ô meu amor, e aquela conversa que tivemos na adolescência sobre proteção, minha vida? Foi em vão? - Minha mãe soltou zoando, mas estava meio em choque também.

- Não foi, inclusive tenho trauma até hoje, mas... Aconteceu, cara.

- Calma, como assim é? Já nasceu??? - Dhio começou a pegar. Isso fia, me ajuda, que falar tá foda.

- Nasceu há uns quatro anos atrás, quase cinco.

- Mãe manda esse menino falar as coisas direito.

- Fala direito, menino!! - Segurei o riso, me espalhando na cadeira e cruzando os braços.

- Na época que eu tava no Benfica, conheci uma menina num bar e passamos a noite juntos.

- Aí gringa não. - Dhio soltou. - Não foi isso que eu pedi.

- Deixa ele falar, mulher. Vocês vão ficar sem mãe já já. - Segurei o riso.

- Passamos a noite juntos mas não me relacionei com ela depois, foi só uma noite, por escolha dela. Ela era atleta também, tava na cidade de passagem, não queria se envolver e eu respeitei. As únicas informações que eu tinha era que ela era brasileira e que chamava Lua.

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