deja vu.

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Esse som que é meio Deja Vu
Tô achando que eu já te vi
Tô achando que eu já te quis...

Gabriel ⚽️

- Caralho, hoje você tá foda, ein? Quer me matar? Logo eu, galã do time? Perai né. - Arrasca disse, depois de eu frear pela segunda vez, beirando colidir com o carro da frente.

Passei a mão no rosto e respirei fundo, ligando o carro de novo.

- Dá primeira vez a culpa não foi minha, pô. Mas foi mal, jamais mataria o mais lindo do Mengo.

- De fato, a colega lá que tava distraída. Gata inclusive, ein? Papai... Vizinha nova ou sempre morou lá? Ô condomínio abençoado o seu.

- Acho que sim, aquela casa tava vazia até dia desses.

- Será que é casada?

- Não sei, mas você é.

- To perguntando pra você ô Zé bunda. Tá precisando conhecer gente nova, mudar os ares, se apaixonar de novo. Tá azedo. - Segurei o riso e olhei pra estrada, aumentando a música.

Não menti, a primeira vez não tive culpa, mas essa segunda, foi pura distração

A imagem dela saindo do carro não saia da minha cabeça e tinha que compartilhar essa porra com alguém.

- Cara, lembra uma vez que contei de uma mina que conheci lá em Lisboa?

- Lembro né? Contou essa história dez vezes. Mas o que que tem?

- Era ela.

- Onde???

- Que quase bateu no carro, cara.

- Ah não, não viaja. Qual a chance, papai?

- A chance eu não sei, mas era.

- Não, presta atenção no que você ta falando. A menina que você trancou cinco anos atrás, em outro país, tá morando no seu condomínio do nada?

- Meu amigo, eu não sei qual é a porra da chance, nenhuma, mas é ela cara, o rosto era igual, a voz, tudo.

- Tá, lembra de alguma coisa que não tenha mudado?

- De tudo, só pelo rosto eu sei que é. Mas ela tinha uma tatuagem na coxa, um dragão vermelho.

- Porra, tava de calça... Mas cara, desiste. A menina não morava até em outro lugar?

- Em Búzios, do lado. - Ele me olhou com cara de tédio.

- Tá, pelo menos estão perto agora, né? Mais fácil de tirar a duvida, agora acelera aí que tamo atrasado.

Eu não tinha dúvida, era ela, não tinha como não ser, não tô doido, pô.

Ou estou, né? Ultimamente não tô entendendo mais nada.

Daquele final de semana em diante, minha vida virou uma montanha russa, em todos os quesitos.

Profissionalmente, eu subi como nunca. Dias depois recebi a proposta do Flamengo e tive os melhores anos da minha carreira.

Me encontrei no Flamengo como nunca tinha me encontrado em nenhum outro time. A história fazia sentido e a torcida era a minha cara, cheia de marra, vontade.

Foi o amor que criei pelo clube e o amor que eles me deram, que me fez ter força de ganhar tudo o que ganhei com os moleques e realizar meu sonho de fazer história.

Amorosamente, digo que também fui feliz. Minha história com a Rafaella não é segredo pra ninguém e tivemos momentos felizes pra caralho, mas naquele iôiô de sempre. Ainda assim, tive outros amores, vários pra ser sincero, e pra mim tava ótimo.

Mas de um tempo pra cá, a conta chegou.

A conta de ter conquistado as coisas da noite pro dia, a conta de ter sido um merda como namorado.

O Flamengo estava passando por uma má fase do caralho, torcida cobrando, imprensa cobrando, convívio interno ruim, minha relação com a Rafaella também tinha ido pro caralho e com isso, eu mesmo comecei a me estragar.

Saia em dia de semana, bebia pra porra, vivia como se não houvesse amanhã e obviamente refletiu em campo. Estava jogando mal, fora de forma, pô, estou num ciclo vicioso filho da puta.

Mesmo assim, era melhor do que ficar sozinho com meus pensamentos.

Me sentia vazio e a sensação de que tudo o que estava vivendo era falso, me assolava. Até a minha relação com a Rafaella era falsa. Todos esses anos me apoiando em um relacionamento falido, tanto eu, quanto ela, não nos levou a porra de lugar nenhum.

Eu a via como valvula de escape, ela me via como um produto, ambos se magoavam, e quando a chavinha virou, acabou comigo.

Resumidamente, viver estava sendo uma merda, ameaço dizer que tão merda quanto os tempos que passei na Europa.

Literalmente a única coisa boa que me aconteceu lá, foi a bendita da Lua. Nunca tinha tido uma sintonia tão forte com alguém como foi naquela noite. Nem no papo, nem nas bobeiras e nem no sexo.

Foi fácil o melhor sexo da minha vida, e deve ter sido até por isso que foi passageiro.

Passei as semanas seguintes tentando encontra-la, achei umas materias em sites de surfe, mas nenhuma rede social, telefone, nada, a menina parecia miragem.

Confesso que as vezes ainda me pego pensando como as coisas teriam se desenrolado de tivéssemos trocado contato. Mas já tinha me conformado de que era pra ser daquele jeito, uma experiência foda de uma noite e nada mais.

Tinha. Até agora.

 Até agora

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Planos || Gabigol Where stories live. Discover now