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❛ Entαo, αntes que você vα, tinhα αlgumα coisα que eu poderiα ter dito prα fαzer seu corαçαo bαter melhor? se eu soubesse que você estαvα numα tempestαde, entαo, αntes que você vα, tinhα αlgumα coisα que eu podiα ter dito pαrα αcαbαr com α dor? ❜

𝘓𝘦𝘸𝘪𝘴 𝘊𝘢𝘱𝘢𝘭𝘥𝘪, 𝘉𝘦𝘧𝘰𝘳𝘦 𝘺𝘰𝘶 𝘨𝘰

𝘓𝘖𝘎𝘈𝘕

As lembranças vinheram como um furacão e atingiram minha mente no momento em que me encontrei dentro daquela cela. Estar enjaulado como um animal selvagem e sem direito a protestar, não era algo novo para mim.

Havia sido preso duas vezes durante meus dezenove anos, uma vez me pegaram dirigindo embriagado, e só consegui me safar dessa por que antes que levassem o caso a julgamento, um dos polícias que atuavam na área era um velho conhecido da minha mãe, e me salvou antes que eu me envolvesse em sérios problemas.

Mas não sem antes pegar uma noite na cadeia, sozinho e abandonado dentro de uma cela escura, minha primeira experiência com as grades foi traumática, eu era alguém indeliquente, mas tinha medo de que aquele julgamento me deixasse longe da minha mãe. Ela só tinha a mim e precisava de alguém para cuidar dela naquele processo do câncer.

Essa foi minha única preocupação após passar a noite na cadeia, afinal eu era muito novo e imaturo, não tinha responsabilidade.

E a segunda vez que fui preso aconteceu a dois anos atrás, quando eu tinha dezessete anos e estava no auge da minha vida alcoólica, algumas semanas após minha mãe morrer eu me encontrava sem chão, bebendo para conseguir esquecer minha infância traumática e a vida de merda que eu estava sendo obrigado a viver ao lado do meu pai.

Passava mais tempo fora de casa do que com ele, me afundei na bebida e nas drogas na intenção de me aliviar, sentir algo que não fosse angústia. Isso não acabou bem, era óbvio.

Em uma das minha diversas noites de curtição eu acabei me envolvendo em uma briga, estava acompanhado da Molly e do Dylan em uma festa. E um cara metido a grandalhão resolveu mecher com a minha garota.

Eu e Molly nunca tivemos algo sério ao ponto de considerarmos um namoro, mas eu a protegia e cuidava dela como se fosse minha irmã.

Não me lembro bem do que aconteceu naquela noite, estava sobre efeito de muita bebida e também de drogas, só me lembro de ter acertado uma garrafa propositalmente na cabeça do cara, que ficou inconsciente.

Eu poderia não me lembrar de tudo, mas lembrava também que senti prazer em vê-lo cair com a cabeça ensanguentada e sem raciocínio. Estava bêbado, mas não era tolo.

Eu sabia que aquela atitude me renderia sérios problemas e mesmo assim eu acertei a garrafa na cabeça dele, por que queria sentir a sensação que me possuía toda vez que fazia algo errado e inconsequente. A adrenalina que dominou meu corpo ao acertar aquele cara, era como os nutrientes que meu organismos necessita.

Não precisei esperar muito até que a polícia batesse na minha porta no dia seguinte, e me trouxeram para uma cela exatamente como aquela que estava naquela noite.

Oque me supreendeu na manhã seguinte, não foi o fato de ter sido guiado até a delegacia dentro de uma viatura, foi o fato de em mim não ter remorço algum.

Não sentia culpa, muito menos consideração pelo homem que acabei levando para a UTI com sérios problemas na cabeça. Nada naquela manhã seria capaz de desestabilizar, se não fosse a porra do meu pai me dando sermões e jogando na minha cara o quanto eu estaria ferrado se não carregasse seu sobrenome comigo.

Não provoqueWhere stories live. Discover now