Ultrapassando Limites.

cap. 59

Lorena: para gente, o foco aqui não é esse. - falei batendo no Hugo. Levantei indo até a cozinha, desliguei o fogo e botei a panela de pressão na pia, abri a tampa e mexi vendo que já estava boa.

Hugo: claro que é ou você acha que a gente vai ficar aqui com cara de enterro vendo você chorando?

Lorena: sim, vão porque tô triste e amigos são pra isso, sofrer juntos.

Brayan: mo, papo reto.. te ver chorar me deixa mal pra caralho. É dificil, eu sei como é a dor de perder um pai.. mas a gente precisa conversar sobre isso, não vai anular sua dor, nunca mas vai abrir seu olho pra alguma coisa.. tá ligada? - virei pra ele, encarando, ele sabe de coisas que eu não sei isso eu não tenho dúvida, mas no fundo sinto que ele já sabia da morte do meu pai, ninguem ficou em choque, ninguém ficou perguntando quem era a pessoa que matou ele.

Lorena: vocês sabiam né? vocês sabiam que ele já tava morto, quanto tempo vcs sabiam? Em? Me diz -falei alterada andando de um lado pro outro

Hugo: ou calma, assim você não vai resolver e entender nada.. - olhei pra ele negando, o choro voltou involuntariamente, fiquei em silêncio esperando eles dólares alguma coisa.

Brayan: ele foi no hospital me matar quando minha mãe tava lá de acompanhante, ela viu e ouviu muita coisa.. só que ele não sabia que quem tava me acompanhando lá 24h era o Rato..

Lorena: Eu sabia aquele olhar do Rato denunciava muita coisa.. ele não tinha pena de mim em momento algum, eu sabia. - botei a mão no rosto sentindo uma dor no peito.

Hugo: pena porque Lorena? Isso foi mais pro teu bem..

Lorena: hmm.. matar meu pai foi pelo meu bem? Irônico né?

Brayan: irônico mas é a realidade, se ele te pega ia fazer o que? Te abraçar e beijar? Sabe que não né Lorena, ele tava doido pra fazer qualquer ruindade contigo por causa de um cara que nem o sangue dele era, po..

Lorena: foi ordem sua? - olhei pro Brayan, dentro dos olhos dele.

Brayan: não foi, e mesmo se fosse, faria pra te proteger sem pensar 2x.

Hugo: você ta sendo egoísta pra caralho agindo desse jeito, sei que deve tá sendo foda mas ou era ele ou nós, Lorena.

Lorena: nós? -arqueei as sobrancelhas, cruzando os braços.

Hugo: nós po. Nós que independente de tempo, dá a vida por você porra e se ele metesse a mão em você ele ia morrer do mesmo jeito. -engoli a seco as palavras dele, porque sei que fariam qualquer coisa por mim mesmo, não duvido.

Lorena: me desculpa, tá? mas tá doendo, eu não conheço o lado ruim do meu pai, nunca conheci.

Brayan: é pior que você imagina, vida. Não é só a gente que queria passar ele, vários inimigos seu pai carregava, ele era famoso nas favela por estuprar quando invadia, currículo dele era sujo demais... mas o pior pra você é que ele tem uma parcela de culpa na morte da sua mãe

Lorena: meu Deus.. da minha mãe? - botei as mãos nos ouvindo, chorando, como pode?

Brayan: eu só sei o básico.. ele tinha uma amante, com o tempo sua mãe descobriu, e foi sofrendo pressão psicológica do seu pai.. - fechei os olhos e me veio na memória os dias que eu via minha mãe sofrendo, sem vontade de fazer nada e ela dizia que não era nada demais, minha respiração começou a falhar, minha cabeça a pesar, meu Deus é um gatilho reviver tudo isso novamente, a dor da perda dela me corrói por dentro a anos, minha mãe era e sempre vai ser o amor da minha vida, se ela tivesse aqui comigo tudo seria diferente.