Marreta: tô encurralando na rua da torre, brota atirando porra agora. -ouvi a voz do CL saindo no fone, presto atenção no que ele diz.

CL: quando ouvir o tiro passa, vou chamar atenção de frente e vocês atiram de trás sem parar de correr, papo reto.. 1,2, 3 -ouvi o primeiro barulho do tiro já meti a cara chamando os meno que ficaram junto comigo, Rato passou por último, dei 3 tiros o suficiente pra fazer 2 cair, nada pra morrer. Só na perna pra meter logo o pé.

Marreta: vamos subir pra casinha, deixa os mlk brincar mais um pouco e depois da a ordem pra todo mundo se intocar, já viram que na minha favela não é brincadeira. Ou metem o pé ou vão ficar fudidos. Voltei a andar em sentindo ao esconderijo, olhando pros movimentos da rua. Senti um vento gelado bater contra meu rosto me fazendo olhar pra cima, ouvi o barulho vendo um dos menó me empurrar pra trás e se jogando na minha frente, agonizando, revirando o olho. Tiro no peito, fiquei parado olhando vendo o Rato me puxar pelo braço.

Marreta: me solta caralho. - a bala começou a voar, ajeitei o fuzil e quando fui atirar tomei um no braço, sentindo a ardência.

Rato: PORRA MARRETA PORRA - encostei na parede atrás de mim, respirando fundo sentindo a porra do braço queimar, passei a mão pelo rosto enxugando o suor, sentindo minha boca secar. Engulo a saliva pela milésima vez. Fecho os olhos respiro fundo e tento trocar o fuzil de braço. Rato me agarrou pelo pescoço.

Rato: tá perdendo sangue pra caralho, tá feia essa porra. Bora, dá pra marcar bobeira aqui não e vê de onde veio a porra do tiro. - geral já tava saindo, olhei o corpo do meno ali estirado, vai ficar aqui não. Se jogou na minha frente po, morreu no meu lugar tá maluco.

Marreta: pega o corpo dele, PEGA PORRA tão indo embora e deixando o mano aí pra ser interrado como nada - gritei com os meno que se abaixaram pegando o corpo.

Rato: leva pra um lugar seguro, vocês sabem onde. Quero 5 comigo, resto pode ir se intocar em qualquer lugar. - tirei meu fuzil dando pro meno, fui caminhando lado do Rato vendo que já estávamos bem perto da casinha, entrei primeiro e não demorou eles entraram, me joguei num sofá cama que tem ali, respirando fundo.

Marreta: papo reto, me dá água aí..  - meno veio com uma garrafa, dei um gole molhando os lábios. Liguei a televisão no tino Jr vendo ele mostrando a operação ao vivo, esse é um que sou doido pra bater de frente, desço a porrada, fala que odeia bandido mas se parar de filmar a gente perde o ibope.

Rato: deixa a pista livre pra eles, pode se intocar. Deixa eles fazer o trabalho deles que já já metem o pé. - ele veio andando na minha direção, observo ao meu redor os meno tudo sentado no chão, uns me olhando outros de cabeça baixa, Rato segurou no meu braço jogando água pra limpar o sangue que tava escorrendo.

Rato: essa porra tá feia, precisa ir no upa, vou pressionar a toalha aí pra tentar estancar mais ta maior bucetão

Marreta: tá doendo pra caralho. - fechei os olhos, mordendo a blusa sentindo ele apertar uma toalha contra meu braço.

Rato: aprender a me escutar, se tivesse ido não estaria baleado.. - ri negando

Marreta: tava precisando dessa adrenalina no corpo.

(...)

Papo de 4 horas já se passaram e nós ali dentro, eu já não estava aguentando mais de dor, a bala tá aqui dentro e te falar, to perdendo até as forças, fui inventar de ir no espelho e ver e te falar, já tomei tiro mas desse jeito impossível. Tá maior buracão, perdendo sangue pra caralho que se bobear vou ter que tomar até uma bolsa de sangue. Tava de olho fechado e ouvi a voz do jornalista chamando o delegado pra entrevista.

XX: Viemos tentar combater o tráfico dessa região que está cada vez mais perigoso e ganhando forças. O dono da favela ainda é uma incógnita para nós, não tem apelido, não divulgam foto e muito menos o nome verdadeiro, todos se referem a ele como Mano, quem souber alguma informação pode denunciar indo a delegacia ou ligando, qualquer ajuda é bem vinda.

XX: e a operação ainda está rolando? foi bem sucedida?

XX: não tenho um balanço pra te dar, mortos pode ter mais nenhum corpo com nossa equipe, alguns policiais baleado no alto da comunidade então estamos esperando o reforço descer com os polícias e encerramos.

XX: Delegado, só mais uma pergunta. Não estava proibido operações em comunidades principalmente em horário que trabalhadores e crianças estão na rua?

XX: é por isso que o tráfico ganha cada vez mais forças, hoje em dia se subimos uma favela somos errados, agora querem ditar o horáriowue temos entrar, é uma piada. Daqui a pouco a bandidagem vai esta mandando na pista e a gente trancado dentro de batalhão. Tenha uma boa tarde.

XX: essas porras só vem em horário que morador tá na rua, manda brotar de madrugada pra vê se a pista não é nossa. A real é que o estado tem medo de bater de frente com bandido, falam tanto e são os primeiros a usar moradores de escudo, aí matam um e jogam culpa no tráfico.. - ouvi os menó conversando, mas papo reto parecia que eu tava longe, já não tinha mais forças pra abrir o olho.

Rato: ele precisa ir pro upa, vê como tá a pista..

Foram as últimas palavras que eu ouvi.


Boa noite, demorei mais apareci rs
Meta fixa: 40 comentários, e bora comentar em que ces tão mt fraquinhas em...
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Beijos lindeza 🥰💖

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