Quarenta e Seis

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📌 16 semanas de gestação. 22 de maio de 2023. Rio de Janeiro.

T A T I A N A

— Se você queimar esse brigadeiro eu vou ser obrigada a chamar o conselho tutelar agora. — Desirée aponta pra mim enquanto está sentada na mesa da cozinha.

Estamos só nos duas em casa, Fabinho saiu sabe-se lá pra onde e então decidimos fazer uma festa do pijama. Como nos velhos tempos. Só nós duas.

— Por que o conselho tutelar? — arqueio a sobrancelha.

— Porque seu filho vai morrer de fome! Imagina só, se não consegue fazer um brigadeiro quem dirá um mingau? Pippo, eu prometo que te salvo. — fala com minha barriga o que me faz gargalhar.

— Eu sempre fui melhor na cozinha que você. Me respeita, Desirée Santos. — me defendo.

Ok, nenhuma das duas era tão boa assim, mas dava pra se virar quando precisava.

— Que bom que nos primeiros seis meses é só leite do peito. Aliás, como está a produção, vaquinha? — usa um dos dedos para apertar o próprio peito na intenção de demonstrar os meus.

— Se apertar, sai. É estranho. E dói um pouco. — uso da intimidade pra comentar.

— Sei. Mas quem deve saber mesmo é o Rapha. — gargalha maliciosa.

Só de lembrar que estou brigada com ele meu coração dói. Raphael com ciúmes se torna outra pessoa. E dessa vez ele errou MUITO!

— Ele nunca reclamou. — dou ombros entrando na zoeira.

— Puta que pariuuuuuuu, todo dia é festa pra essa criança, então? — gargalha.

— Parouuuuu. — começo a gargalhar também. — Só às vezes. — continuo mexendo o brigadeiro enquanto ambas morremos de rir.

Eu gosto disso. Gosto de como ela é o meu lar. Gosto de como eu consigo esquecer todos os problemas quando estamos juntas. E até mesmo quando não esquecemos, juntas conseguimos nos curar, nem que seja de pouco em pouco. Desirée é um grande presente do universo, como quem diz: "pra você nunca se sentir sozinha, nem mesmo nos piores dias". E eu não me sinto. Eu sei que sempre irei ter ela ali, comigo. E sei que ela se sente assim também.

— Lembro quando fazíamos essas noites na sua casa. Sua mãe sempre queria se meter e a gente nunca deixava, fazíamos uma bagunça só. — sorrio mudando o assunto.

— Cara, ela sempre dizia que juntas éramos impossíveis, e que não nascemos irmãs porque nenhum pai ou mãe iria aguentar duas igual a gente todos os dias. — se ajeita na cadeira.

O brigadeiro já está pronto e eu ando até onde ela está.

— Altas broncas da Dona Denise por chegar tarde em casa. — relembra. — Vem, vamos escolher nosso filme enquanto o brigadeiro esfria.

Andamos até o sofá onde faço questão de deitar com a cabeça no colo de Dedê. Nos acomodamos enquanto ela liga a televisão.

— Nem me lembre. Altas broncas de Dona Lúcia também. — sorrio nostálgica.

Minha avó sempre foi muito tranquila mas ficava bem preocupada quando chegávamos tarde. Muitas vezes eu ia dormir na casa da Desirée e Fabinho, ou quando estávamos todos, íamos para a casa do Gabriel. Tia Lindalva também brigava muito mas no fim tudo ficava bem e achávamos um lugar para todos se acomodarem e dormirem.

Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]Where stories live. Discover now