Onze

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📌 10 semanas de gestação. São Paulo.

T A T I A N A

Eu estou andando pelo corredor da casa de Raphael desesperada. Meu coração acelerado e meu rosto molhado em lágrimas. Quando eu olho para baixo, vejo o sangue escorrendo pelo interior de minhas pernas.

Filho, não. Por favor. Raphael, me ajuda! — minha voz sai como um sopro.

Desperto em desespero. Eu tô pingando de suor. E olha que só tô de short e um cropped confortável. Meus lábios estão tão secos que parece que caminhei o deserto do Saara. Olho para minhas pernas, tudo normal. Minha mão está repousada sobre minha barriga. Meu Deus. Que pesadelo desgraçado.

— Que susto, neném! Que susto. — tento acalmar minha respiração ainda sentada na cama alisando a ondinha que está um pouquinho maior. Eu chamei ele de filho... não é meu filho...

A porta do quarto é aberta e vejo um Raphael sonolento colocar o corpo pra dentro do quarto.

— Você me chamou, aconteceu algo? — a voz rouca de sono transparece preocupação. No pesadelo gritei por ele, devo ter gritado mesmo na vida real.

— Tive um pesadelo. Entra.

O jogador arregala os olhos ao chegar mais perto.

— Tatiana, você tá pálida. Meu Deus. O que foi? Será que foi a pressão? — ele senta do meu lado na cama e coloca a mão na minha testa para verificar a temperatura.

— Não, foi um pesadelo. Foi horrível. — só de lembrar minha garganta embarga.

— Ei, calma. Tô aqui. — ele sorri fraco passando um dos braços ao redor do meu ombro. — Quer me contar?

Nego com a cabeça.

— Lembra que há uns dias você comprou aquele aparelho de ouvir o coração e eu falei pra você que era desnecessário? — me mantenho respirando fundo.

Ultimamente transito em diversas personalidades por causa da gravidez e uma delas é um tanto má.

— Óbvio que lembro.

— Pega ele. Quero ouvir o coração do bebê. — peço e ele assente.

Agradeço por Raphael não fazer muitas perguntas. Eu só quero me certificar que o pesadelo não tem nenhuma correlação com a realidade. Afinal, são 800 mil reais em jogo. E a vida de um neném que o pai já criou vínculos.

O jogador levanta e sai do quarto rapidamente enquanto eu sinto meu corpo ainda tenso.

— Por favor, esteja bem. — peço olhando para a barriga.

— Aqui. — adentra o quarto com a caixa do aparelho.

Confesso que realmente achei desnecessário no início, afinal, a gente vai escutar o coração todas as vezes quando formos fazer a ultrassom, mas agora fez todo o sentido pra mim.

Raphael me ajuda a seguir as instruções. É tipo uma ultrassom versão mini. Fico agoniada enquanto ele procura o melhor lugar para ouvir o coração. E quando finalmente o som ecoa nos meus ouvidos eu consigo sentir toda a tensão indo embora.

— Filho, você é forte demais, cara. Olha isso. Que tanto de bpms. Com essa respiração você vai correr muito em campo e fazer vários gols, jogador. — o camisa 23 não perde a oportunidade de tagarelar.

Não consigo falar nada. É como se eu estivesse nas nuvens. Eu só consigo admirar o som. Que susto foi esse! Só de pensar no pesadelo meu coração acelera novamente.

Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang