Dezessete

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Meta: 170 comentários (emojis e comentários aleatórios serão desconsiderados)

Esse capítulo contém mais de uma narração. Atenção.

📌 12 semanas de gestação. 29 de abril de 2023. Palmeiras X Corinthians. Allianz Parque.

T A T I A N A

— MEU DEUS, TATI! A COMEMORAÇÃO FOI INCRÍVEL! — Desirée continua berrando.

Sim, foi incrível. E eu odeio o quanto me emocionei.

— Você chorou, Tati. Chorou! — quase silaba. 

— Eu seeeiii. Tem uma criança dentro de mim, meu corpo está tentando se acostumar com isso, logo, tenho hormônios pra dar e vender, foi isso que me fez chorar. — Explico racionalmente para a morena que nega com a cabeça.

— Você não tá me enganando. Só tá enganando você mesma. — estala a língua no céu da boca me fazendo revirar os olhos.

— Não tô enganando ninguém. — minto.

Fiquei tão extasiada e emocionada com a comemoração que simplesmente o restante do jogo passa despercebido aos meus olhos. Minha cabeça está completamente em outro lugar. Eu só consigo pensar no quão feliz ele deve estar, e no quão feliz eu estou.

Raphael foi substituído já visando o jogo do meio da semana que vai ser fora do Brasil, isso significa que vou ficar uns dias sozinha em casa, só eu e Irene. Ainda não tive tempo pra assimilar isso, mas sei que vou ficar bem. Talvez seja bom ele ficar longe esses dias pra eu conseguir fazer um detox de tudo que venho sentindo.

Antes do final do jogo, Piquerez faz um gol contra, o que deixa Desirée irritada.

— Enquanto uns são pé quente e nem nasceram ainda, outros estão sendo pé frio. — debocho de minha amiga que só resmunga.

— Fez gol contra mas não deixa de ser uma delícia. — ela faz uma careta engraçada.

— Ele é bonitinho mesmo. — tento olhar melhor.

Gringos não fazem o meu tipo. Mas não descarto a possibilidade de casar com um inglês quando estiver morando lá, mesmo achando eles secos e sem graça.

— Sai. Você já tem o seu. — bate no meu braço.

Como é engraçadinha.

— Não tenho nada. Mas se for por isso, você também tem o seu. E ele está lá no Rio de Janeiro. — ironizo de volta.

Todos que convivemos sabemos que debaixo de tanta mágoa entre Desirée e Gabriel ainda há sentimentos positivos. Eles só não sabem como agir. Ela, principalmente.

— Me erra, Tati. — Dê foge como sempre faz. E volta a prestar atenção no finalzinho de jogo que resta.

Cada um de nós guarda algo lá no âmago que só a gente sabe. Eu sei bem o que estou guardando.

R A P H A E L

Êxtase. É tudo que me define nesse momento. Eu me sinto extasiado. Minha alegria não cabe no peito. Sabia que meu filho seria meu amuleto, tinha em mente que se eu fizesse o gol, eu teria ainda mais certeza que esse menino virá ao mundo para me fazer ainda mais completo.

Prometi que dedicaria a ele. E dediquei. Ele precisa ser apresentado ao mundo. Assim como realizei o sonho de meu pai e meu avô, que virou meu sonho também, defendendo a camisa alviverde, estou realizando o sonho de ser pai.

Quando sou substituído, sentado no banco de reservas, só consigo pensar no que Tatiana achou da comemoração, como ela reagiu, se ela tá bem, se meu filho está bem. Confesso que sinto até um pouco de medo de ter sido precipitado no modo como comemorei, mas logo tudo isso some. E novamente sou preenchido de felicidade.

Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]Where stories live. Discover now