Quatro

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📌 Cinco semanas depois. São Paulo.

T A T I A N A

Quanto mais vezes Raphael para esse carro nos sinais das avenidas, mais minha ânsia de vômito aumenta. Pra completar, hoje estamos só eu e ele indo em direção à clínica de fertilização.

André tem milhões de ocupações e não vejo necessidade do dr. Marcos participar desse processo. Ele cuida dos papéis, só dos papéis.

Esse enjoo me persegue já faz mais de uma semana. Desconfio que seja pelo calor excessivo que vem fazendo na cidade de São Paulo essa semana. Respiro fundo a cada instante que continuo ali dentro.

— Tá tudo bem? — Raphael me olha por baixo do óculos escuro que está no rosto dele.

— Uhum. Só tô um pouquinho enjoada. Muito calor me faz mal. — me abano com uma pasta que carrega meus exames.

— A gente já tá chegando. — se mantém sério olhando para o trânsito.

Ainda bem que já estamos chegando porque eu realmente não aguento mais ficar dentro desse carro. Assim como não aguento sentir o cheiro de comida sendo feita na cozinha, ou do perfume enjoativo que Veiga usa.

Balanço uma das pernas para tentar aliviar a ansiedade da inseminação de hoje. Com base nos meus exames o médico dispensou a estimulação ovariana pois meu ciclo é extremamente regular.

Só que como parei de tomar anticoncepcional para a concepção desse bebê, meu ciclo desse mês não veio. Porém, o dia da inseminação foi marcado para hoje pois é meu dia de ovular.

Raphael fez os exames e o preparo seminal nessas semanas que tivemos que aguardar o médico voltar de viagem e a agenda do atacante ficar menos conturbada.

Segundo o jogador, o médico explicou que essa coleta é feita para separar os espermatozoides móveis e com morfologia adequada. Ou seja, os melhores e mais certinhos. O filho dele vai ser escolhido até nisso.

— Tem noção de que você vai sair daqui com altas possibilidades de estar grávida? — Veiga me olha enquanto estacionamos.

— Uhum. — sinto meu coração acelerar. Tudo pelo meu sonho. Tudo para ir morar na Europa.

— Do meu filho. — respira fundo.

— Seu filho. Tá feliz? — pergunto já sabendo a resposta.

— Pra caralho! — estaciona o carro.

A intenção é essa. Afinal, vou ganhar para isso. Ganhar muito. Um frio passa pela minha espinha. Mas antes que eu comece a pensar sobre o fato de gerar um bebê, minha ânsia de vômito aumenta novamente. A brisa quente faz com que o perfume de Raphael adentre minhas narinas me fazendo conseguir apenas abrir a porta e vomitar no meio fio.

— Tati, tem certeza que tá bem? — arqueia uma das sobrancelhas.

— Tô sim. — limpo a boca e pego uma garrafa de água de dentro do carro. — Já disse, é o calor. A ansiedade também.

Tô suando frio. Bebo quase toda a garrafa de água para tentar ficar bem.

Raphael anda na minha frente e eu o acompanho. O jogador está com uma calça de tecido preta, um coturno e uma camisa branca mais apertada nos braços. Além dos óculos escuros que dão uma vibe ainda mais playboy de condomínio para ele. Acabo por me olhar também. Eu sou tão elegante quanto, modéstia à parte. Uma blusa branca da Saint Laurent e uma calça jeans de cor clara mais folgadinha.

Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]حيث تعيش القصص. اكتشف الآن