Um

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📌 São Paulo

T A T I A N A

— 800 mil reais? Tipo, 800 mil? Só pra ter um bebê e deixar ele com o pai no final? — olho atônita para os dois homens na minha frente.

— Isso, mas temos um contrato. Você vai precisar morar na casa dele durante os 9 meses da gestação e nos três primeiros meses do bebê. Seu nome vai na certidão, mas a criança não terá seu sobrenome e você não vai ter contato com ele ou ela depois que o contrato for cumprido. Além disso, tem a cláusula de confidencialidade, ninguém nunca saberá que isso aconteceu. — André Cury, o empresário de Raphael Veiga, jogador do Palmeiras, fala sério enquanto estou sentada no escritório dele.

Fui chamada aqui pois tenho contatos que sabiam do meu interesse em ganhar dinheiro de uma forma fácil que não envolvesse me prostituir. André Cury entrou em contato comigo dizendo que meu perfil agradou o suficiente desde o princípio. Fiz os exames que ele pediu e depois disso ele fez a proposta. Mas só descobri o valor real agora. Assim como só conheci o jogador nesse momento. Levei um advogado como o próprio André sugeriu. Ele lê com calma o contrato e assente.

— Tá. Por mim tá ótimo. Não preciso ter contato algum com o bebê. Nem pretendo ficar no Brasil. Quero ir embora para algum lugar da Europa. Alemanha ou Inglaterra. Podem ter certeza que não vou ser uma pedra no sapato do sonho do jogador. Ele pode ficar com a criança e cuidar dele ou dela da maneira que quiser. Só vou emprestar minha barriga. — dou ombros.

Parece algo simples. Na verdade, não parece, é algo simples. É só gerar a criança e entregá-la a quem tanto a quer.

Eu quero ser mãe algum dia, em algum momento, mas com certeza não é agora. Gerar um filho não me torna mãe. Mesmo que meu nome esteja na certidão, não pretendo suprir nenhum amor pela criança, só o suficiente para mantê-lo confortável por nove meses.

Na verdade, vou suprir amor suficiente para tomar a melhor decisão: deixá-la com o pai. E se um dia, futuramente, essa criança me procurar, é isso que eu vou falar. "Fiz o melhor para você".

— Hum. Então, tá tudo certo pra você, Veiga? — Cury se volta ao jogador que pouco falou desde o início da conversa.

— Tá. Tudo tranquilo. Concordo com toda a parte contratual. Só não entendi como vamos expor isso pra mídia. — ajeita os cabelos em um topete organizado.

Ele tem um ponto importante. Não podemos simplesmente anunciar que um dos principais jogadores do Palmeiras vai ter um bebê por meio de barriga solidária, isso tiraria a paz dele e, consequentemente, a minha paz.

— Não acho que devemos expor. Mas uma hora ou outra vão descobrir. Vocês podem falar que tiveram um filho mas não estão juntos. Tipo Neymar e Carol Dantas. Amigos por causa do bebê. — André tenta argumentar.

— Mas e quando o neném nascer e eu simplesmente sumir da vida deles? — indago. Não quero receber hate por ser a mãe que abandona o filho.

— Isso uma boa assessoria de imagem cuida. É só evitar postar fotos do bebê. E o povo pode criar mil teorias mas não saberão a verdade. Satisfeitos? — o empresário suspira fundo.

Olho para Marcos, meu advogado.

— Do nosso lado, sim. Tatiana vai assinar o contrato. — o mais velho empurra a grande quantidade de folhas na minha direção.

Pego a caneta e enquanto assino meu nome penso que por nove meses vou viver em prol de uma vida que não será minha. A minha verdadeira vida começará quando eu estiver com 800 mil reais na conta passeando pelos dias frios e cinzentos de Berlim ou de Londres.

Deserve You • Raphael Veiga [PAUSADA]जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें