Capítulo 60: Amanhecer de Um Novo Mundo.

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Porém, ao invés disso, ele apenas sorriu e disse:

— O que foi, MK? Não vai dar um abraço no paizão?

Engoli seco, desviando o olhar para o meu pai, que franzida o cenho, me olhando como se fosse um objeto estranho ou uma mancha misteriosa que surgiu em uma pintura antiga.

Robert deve ter explicado para ele que eu sou seu filho.

Mas... Não. Ele faria isso? Por quê? Ou melhor, para quê? E meu pai acreditaria nele?

Gerald esticou a mão para trás, agarrando o braço do meu pai, e, logo em seguida, se apoiando e relacionando-se sobre a grade proteção, ele saltou do prédio em que estava, descrevendo um longo arco no ar antes de começar a despencar na direção do nosso prédio.

Quando atingiram o chão, Gerald apenas dobrou os joelhos para amortecer a queda, mas não se importou em segurar e proteger meu pai, que foi soltou no último instante, e caiu de forma seca no terraço do prédio.

Meus olhos o acompanharam com atenção redobrada enquanto rolava pelo chão, e quando parou, a pouco menos de um metro dos meus pés, ele ergueu o olhar, e nos encaramos em silêncio.

Foi naquele momento que eu vi o reconhecimento em seu olhar. Não sei o que Gerald havia dito a ele, mas com toda certeza havia explicado, pelo menos um pouco da situação. Pelo menos havia dito que eu era o seu filho, mesmo que em outro corpo.

— Então é verdade... — ele falou, com aquela sua voz áspera, enquanto se esforçava para se levantar. Os olhos sempre encarando os meus. — É você mesmo, não é, Mike? HoHoHo, eu reconheceria esse olhar em qualquer lugar. Fui eu quem ajudou a forjá-lo. HoHoHo.

Engoli seco, sentindo como se cada palavra dita por ele passasse pelos meus ouvidos como arame farpado, cortando e arranhando tudo pelo caminho.

Percebi que as minhas pernas tremiam, e isso me fez perceber outra coisa; não importa quantos anos tenham passado, eu ainda tenho medo dele.

Ainda tenho medo de desobedecê-lo e sentir a brasa quente do seu cigarro contra o meu braço. Medo de reponde-lo e sentir o sinto de couro atingindo as minhas costas.

Mas era sempre a voz que me fazia obedecer cegamente. Aquela maldita fala mansa. Havia se deteriorado com a idade, mas na minha mente ainda era a mesma.

— Vamos logo, bastardo. Me responde. Seu pai tá-...

Não mais.

Meu braço se moveu por instinto, e, antes que eu percebesse, as costas da minha mão estavam atingindo o rosto dele com força o suficiente para o jogar quase um metro pro lado.

O grunhido de dor que ouvi quando ele atingiu o chão me encheu da satisfação, e antes que eu percebesse, estava me virando na sua direção e avançando.

— Mas que merda tu tá fazen-...

Um chute bem projetado em seu estômago foi o suficiente para silenciá-lo. Teria sido mesmo que eu não tivesse usado mana para fortificar o golpe. Mas usei mesmo assim, fazendo ele disparar rolando pelo terraço até bater nas grades de proteção do outro lado.

Havia manchas de sangue pelo chão agora, fazendo uma longa trilha até chegar no velho moribundo se contorcendo e agarrando a grade de proteção para se levantar.

Era realmente uma cena maravilhosa.

E, foi então que percebi, que dentre todas as pessoas que enfrentei até agora, e provavelmente contando todas que ainda irei enfrentar...

— Você sempre foi aquele que eu mais quis matar, seu velho bastardo! — gritei, do fundo da minha alma, e era maior verdade que eu já disse na minha vida. Um sorriso longo se estampava em meu rosto, e eu não conseguiria, nem se estivesse realmente tentando, contê-lo.

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