Capítulo 40 - Modo Avião

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~Narrador(a), Di e All~

Ao saírem do baile todos foram para casa de Lyla, as meninas de tão cansadas abriram os sofás e por ali ficaram os meninos se jogaram nos pufs da sala de jogos e os seis porcos foram dormir sem tomar banho.

No dia seguinte eles tomaram banho, comeram e quando saíram no lado de fora da casa se chocaram ao perceber o sol quente e as ruas tão limpas que nem parecia ser Dezembro ou que na noite anterior tinha nevado.

Allen como um bom cavalheiro se oferece para levar Diana até sua casa. O caminho foi divertido com os dois rindo descontraidamente ao saírem do carro apostam uma corrida até a porta Di ganhou e quando se virou para esfregar na cara de seu adversário a vitória ele estava perto de mais...

Diana:Aam...e..eu ganhei - Falo o mais alto que consigo, mas ainda sim sai como um sussuro.

Eu olho para aqueles olhos verdes turquesa, sua pele que no inverno fica leitosa com a boca num tom vermelho vivo, seu perfume natural dança com seu perfume e entra em minha narinas me fazendo cativa de seu aroma, seu maxilar se contrai me convidando a afagalo para tirar a pressão que lhe foi imposta, a marízia me alcança e a música marítima me leva a me aproximar com sede, por mais que tenha saliva na minha boca os cantos da minha língua estão secos minha garganta pede ajuda e o oasis está bem a minha frente pronto para matar minha sede. Eu fecho lentamente os meus olhos e meus lábios quase encostam nos lábios dele quando seu calor some e seu cheiro se dispersa com suas palavras.

All: Eu tenho que ir pedir a garota que gosto em namoro!

Meu estômago se contrai com o soco e minha garganta se fecha a leve pressão do choro se acumula na minha garganta e olhos e um som que creio eu que deveria ser uma gargalhada sem humor sai como uma ânsia de vômito dolorida e as palavras simplesmente pulam dos meus lábios.

Di: Como eu fui burra, como eu sou burra, eu achando que nós voltaríamos mas você só queria se vingar de mim fazer eu sentir a dor que você sentiu.

All: Não e isso...

Di: Então é o que?

All: Para de achar que a vida das pessoas giram em volta de você Diana. Você foi embora e nós vivemos sem você...

Di: Você seguiu tanto em frente que está novamente relembrando que eu fui embora depois de ser ameaçada de morte e se você quer saber eu não quero que a vida de ninguém gire em volta de mim eu já tenho fantasmas suficientes para conviver para ter que atender as expectativas dos outros. - Eu me virei para entrar quando ele decidiu ter a última palavra.

All: Nós não estávamos juntos, eu não te trai.

Di: Você fez pior! Você me iludiu, fingiu que estava tudo bem quando estava pronto para pedir outra em namoro. Você falava tanto do Fred, quando você é pior que ele, ele pelo menos tinha uma explicação plausível e um álibi, você só tem essa mania de julgar sem conhecer ou saber dos fatos e um caráter que se tornou questionável. - mais uma vez me viro para entrar mas paro para dar um último adeus, viro minha cabeça para o lado e ainda de costas digo - Não pense eu te desejo mal Allen, pelo contrário te desejo toda felicidade possível. Porém desejo que você viva essa felicidade bem longe de mim. Eu não vou cortar laços com o pessoal por causa de você, nem deixar de falar com sua família por essa situação, mas a partir desse momento eu estou te cortando da minha vida, para você eu morri e fui enterrada finja que eu nunca existe. Ah e mande um abraço para a Mariana espero que os filhos de vocês sejam lindos.

"Eu quero que os nossos filhos sejam lindos!" foi o que Allen pensou enquanto Diana fechava a porta e trancava em um puro ato de desespero pós arrependimento Allen esmurra a porta implorando que que Diana volte e no estado de Diana ela voltaria e perdoaria Allen mesmo sem ele pedir, se ao menos ela estivesse escutado o desespero do rapaz, mas ao fechar a porta ela correu para o único cômodo que teria o acalento do pai e da mãe em forma de lembranças, o quarto dos pais e ali na cama onde foi concebida, onde era levada para ser amamentada, onde era consolada, ela chorou, e berrou sua dor, e se debateu, e se acalmou para voltar todo o ciclo novamente.

Da porta principal era possível ouvir os gritos, gritos de uma menina órfã que acabara de perder os pais, gritos de uma criança na cama suja e úmida do orfanato torcendo para ser apenas um pesadelo e que quando acordasse estivesse em casa com seus pais, gritos de uma criança que após perder os amigos viu a tia sendo levada e não pode fazer nada para ajudá-la, gritos de uma menina sofrendo a primeira desilusão, gritos de uma mulher que já fora ferida demais pela vida e aguentou tudo como as fortes muralhas de uma represa que agora se rompeu. E aqui na porta um menino protegido de todas as dores sente a dor do amadurecimento repentino aquela dor que só nos alcança quando precisamos enfrentar de frente as consequências de nossos atos.

Eu poderia dizer que essa história acaba aqui, e no estilo Machado de Assis passar a lição de que nem sempre as coisas terminam como queremos que elas terminem, Mas eu teria que omitir o fato que na manhã seguinte Di foi trabalhar e depois foi ao teatro, fez uma festa do pijama na casa do tio com suas priminhas e no domingo antes de embarcar para o Brasil chorou de saudade antecipada da família.

Eu estava indo para o meu portão quando recebo uma mensagem do Allen era a música "Daqui pra frente" do NX Zero acompanhado de um Sorry minha vontade era de mandar ele ir a merda mas eu respondi a mensagem com a música "Assim caminha a Humanidade" do Lulu Santos e segui meu caminho.

~All~

Antes de embarcarmos a Mari foi ao banheiro, minha irmã e minha mãe ficaram meio chateadas quando eu falei que estava namorando a Mari, foi o Dom que acalmou elas e agora ela já não estão me ignorando por completo.

Estava distraído quando sinto mão macias no meu ombro, sorri achando ser a Mariana quando me viro fico sem respirar por um momento pois a dona das mãos macias é a Diana que sem mais nem menos me abraça e beija meu rosto, deseja boa viagem e se vai. Minutos depois recebo no meu celular a musica "Você Vai Lembrar de Mim" de Nenhum de Nós, mesmo já sabendo o que a música fala depois de me despedir da minha família, entrar no avião e colocar meu celular no modo avião, coloco a música para tocar no fone e olho pela janela e vejo uma forma no outro avião e mesmo estando distante da para ver que a blusa da pessoa é amarela igual a que a Di usava eu decreto para mim mesmo que eu não vou lembrar de Diana Thompson Carter porque é impossível lembrar de algo que não é esquecido.

~Di~

Eu sei que não deveria ter abraçado o All, mas apesar de tudo eu desejo tudo de bom para ele e se tem uma coisa que eu aprendi na vida e na terapia e que: Só dá pra seguir em frente se você deixar o passado no passado e a partir de hoje o Allen é parte do meu passado.

Coloco o fone e a voz da Pitty chega no meu na melodia de "Na sua Estante". Olho para o avião ao lado e uma blusa verde limão no tom da blusa do Allen e meu coração aperta eu não gosto de guardar mágoas, por mais que eu me considere rancorosa em certos momentos, mas a situação do Allen me feriu profundamente e quando disse que ele não faria mais parte da minha vida eu estava falando sério. Eu não sei o que vai acontecer agora na minha vida, mas como o Skank diz na música "Acima do Sol": o caminho só existe quando você passa" e no fundo eu sei que só posso passar por esse caminho se eu deixar o All passar pelo caminho dele.

To be continued...

O que os olhos não vêem! O Coração não sente! - 1° LivroWhere stories live. Discover now