Capítulo 28

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Mais eufórica que eu, só os meninos da banda – obviamente eu me refiro a Jackson apenas. A reação de Micah tinha sido bastante promissora, e Damian não chamou o lugar de "uma pocilga". E os três ficaram muito felizes com o meu convite em serem professores de música no meu projeto de escola.

Combinei com Ben que a reforma começaria na próxima semana, enquanto eu planejava e aceitava sugestões do que poderíamos fazer com o lugar. O objetivo era limpar e pintar tudo – convenhamos que eu já estava craque nisso, mas o prédio era enorme.

As salas do anexo seriam as salas de aula. O pátio com a fonte seria o espaço recreativo. E os planos para o galpão era transformá-lo em uma espécie de auditório, com direito a fileiras de poltronas e um palco para performances e pequenos espetáculos.

Eu não sabia quanto tudo isso ia custar, mas já esperava um recibo com mais de dois metros de extensão, porque os instrumentos e outros itens também estavam na lista. Parcelas de dívidas aumentando em 3, 2, 1...

Tudo parecia tão perfeito. Eu dividiria meu tempo entre a escola e a banda, e esperava que os dois fossem um sucesso.

Kate também visitou o lugar com Mark, e prometeram ajudar – e me obrigaram a aceitar a promessa. Segundo minha irmãzinha, com o investimento de Ben, o marketing de Mark e os contatos de Karl, o lugar estaria lotado antes mesmo de inaugurar.

Enquanto isso não acontecia, eu exalava minha felicidade nos ensaios e apresentações no Café. Juro que ouvi a palavra "radiante" duas vezes, e por mais que isso pareça muito presunçoso, eu tinha quase certeza de que era pra mim.

Eu estava certa quanto a banda. Nossas redes sociais estavam bombando. Gravamos diversos covers e publicamos no Youtube e no Tik Tok, fotos, reels e stories no Instagram, e declarações e coisas aleatórias no Twitter.

Graças a mim – e eu estava sendo presunçosa outra vez, mas agora com um pouquinho de razão –, viralizamos com a versão rock in roll de Bad Romance da Lady Gaga, porque eu estava muito, muito inspirada e vivendo o momento quando cantei a plenos pulmões e dei a minha alma – parcialmente propriedade do banco – pela letra e melodia. Não ironicamente "I want your love, I don't wanna be friends" se encaixava tão bem na minha vida.

Entre a nossa terceira e a quarta pausa, Karl entrou pelas portas do Grimoore, mas ele não estava sozinho. Eu já devia estar vacinada em ver Ben com tanta frequência, e mesmo assim meu peito se animou com a visão de seu sorriso curvando o canto dos seus olhos.

Os dois acenaram para mim e se sentaram onde um garçom indicou. Um nervosismo instantâneo se apossou de mim, mas me contive, e sorri em resposta.

Como no primeiro dia em que cantei na Cafeteria, e vários outros dias depois disso, a caixinha das sugestões foi passada. Eu sabia que Karl e Ben receberam um papel cada e o preencheram, já que vi os dois fazerem isso.

Não saberia dizer se Damian ou até mesmo o garçom tinham burlado o sorteio dessa vez, mas ao invés de entregar a escolha para Jackson como habitualmente, ele estendeu o papel pra mim.

Olhei para Jackson de relance, ele deu de ombros. Deveria ser só mais uma prova de que Damian agora gostava bem mais de mim do que quando nos conhecemos. Então apenas li o que estava escrito.

Só que não estava escrito nada, e sim desenhado. O desenho nada mal de dois olhos – um piscando – fizeram borboletas revoarem no meu estômago. Levantei o olhar em busca da pessoa que tinha o feito. Ben sorriu de lado, revelando-se, meio tímido, meio sereno. Baixei o olhar para o papel outra vez.

A cada dia era mais difícil esconder que eu estava completamente apaixonada por Ben. Mas ele tinha outra pessoa, alguém que, de certo, o amava. E o meu dilema crescia, minha dúvida aumentava e o meu coração batia mais forte mesmo sabendo que poderia se despedaçar com um simples olhar.

Singularidades de um Amor (sem cerimônias) ✔Where stories live. Discover now