31. Amigos

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A viagem de volta do hospital foi silenciosa. Talvez eles tivessem ficado sem palavras. Ou talvez eles simplesmente não precisassem mais disso.

Theo dirigia nervosamente batendo no volante com o dedo, os olhos fixos na estrada à frente e uma expressão indecifrável, sua mente em outro lugar. Em vez disso, Liam estava olhando para o pôr do sol naquele dia absurdo e louco, seus olhos ainda lacrimejantes, imaginando se o mundo continuaria a se mover da mesma maneira amanhã. Pensar em fazer aquelas pequenas coisas cotidianas que sempre fizeram como tomar café da manhã todos juntos em volta da mesa, ou se amontoar no sofá os quatro para assistir a um filme, agora parecem coisas de outra vida. As coisas já não são tão possíveis.

Liam se perguntou se sua mãe olharia para ele da mesma maneira novamente, e o próprio pensamento fez seu coração apertar. Ele não queria perdê-la. Por nenhuma razão. Mas ele também não queria desistir de Theo...

"Li-Liam!"

Liam se sacudiu abruptamente, seu cotovelo escorregou da janela contra a qual ele estava encostado até agora, e se virou, com uma expressão arregalada no rosto, para Theo, que o encarava ansiosamente, uma mão em sua perna. Seu rosto ainda estava tenso e pálido. "Tudo bem?" ele perguntou fracamente.

"S-sim" ele respondeu lentamente, sua voz rouca. Então ele olhou em volta, percebendo que eles estavam fora de casa. Ele nem tinha notado. "Desculpe" Ele suspirou pesadamente. "Eu estava perdido em pensamentos"

"Não se preocupe" Theo apertou sua perna. "O que você quer fazer? Tem certeza... que quer entrar?" Ele já havia perguntado antes mesmo de sair. Liam podia entender a hesitação de Theo, afinal era ali que... ah, ele nem queria pensar nisso!

Ele acenou com a cabeça "Sim. Parar de esconder, certo?" Ele tentou um leve sorriso. "Faremos como a mamãe disse, vamos entrar e esperar"

Theo suspirou e acenou com a cabeça, seus lábios puxados em uma linha fina "Ok"

Então eles saíram do carro e caminharam lentamente, de cabeça baixa, pela entrada da garagem.

Liam se perguntou se o silêncio de alguma forma se agarrou a seus ossos, porque parecia segui-los, oprimi-los, onde quer que fossem. Theo acendeu a luz da sala e quase dava para ouvir a corrente chiar pela parede.

Ele deixou seu olhar vagar pela bagunça em que eles haviam saído do quarto, suas roupas jogadas aleatoriamente no chão e no sofá, até que ele o largou com um suspiro e um olhar desconsolado sobre os restos de seu telefone, ainda lá no chão. Naquele momento, ele pensou que seu coração parecia um pouco como ele.

Ele se aproximou, curvando-se para pegá-los. Então, novamente naquela posição, ele se virou para Liam: "Você está com fome? Não tocamos em comida desde ontem"

Liam balançou a cabeça. "Não, de jeito nenhum" Ele ficou pálido de repente só de pensar. Ele rapidamente levou a mão à boca. "Na verdade," ele murmurou. "Acho que vou vomitar" E subiu correndo as escadas.

Theo ficou olhando para ele, olhos arregalados, de pé. Ele colocou os restos de seu telefone na mesa e correu atrás de Liam para encontrá-lo curvado no vaso sanitário, com a intenção de derramar até mesmo o que ele nem tinha no estômago.

Ele suspirou cansado, antes de pegar um papel e encher um dos copos que guardavam com água da torneira.

"Li." ele se ajoelhou na frente dele, enquanto Liam com uma careta e um gemido, escorregou para o lado, apoiando as costas e a cabeça contra a parede. "Aqui" entregou-lhe primeiro o papel, com o qual Liam enxugou a boca e os olhos, e depois o copo.

The Boy I Shouldn't Want To Love // TRADUÇÃOWhere stories live. Discover now