Capitulo 7 - Parte 2

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A sua mente tinha conhecido o vazio e tinha-se perdido novamente, deixando somente os sentidos físicos...

Parecia loucura, parecia demoníaco, mas era tudo menos aquilo que parecia, pois o prazer do ter, de querer, de se auto consumir era monstruoso.

Se era ela, ou se era outra, a verdade não se encontrava só na mentira, mas sim mesmo em frente daquela verdade cruel.

Mais uma vez, agora sob uma cama, aparentemente inconsciente algo se aproximava dela, colocando as suas mãos sobre o lençol, aproximando-se lentamente e desprezivelmente cada vez mais próximo do vulto negro da concha agora inconscientemente húmida.

Não era brincadeira, não era tortura apesar de a tentar como tal, mas o sexo era o objetivo e as palavras completamente nulas e incapazes de soltar um grito que fosse.

Haviam os gemidos, haviam as implorações perante o seu corpo, perante aquela mão que agora se apoderava com os dedos no interior dela, brincando, sacaneando, sendo um lobo feroz em busca da sua presa, do seu prazer.

Naquela escuridão a entidade agarrava-a de costas e penetrava-a enquanto lhe agarrava os seus cabelos, apoderando-se quase como da sua alma através de uma gesticulação e movimentação de um corpo contra o outro.

Não era certamente divino, não era ironicamente demoníaco, era sim desumano aquilo que as quatro paredes escondiam do mundo e dos olhos de todos aqueles que não acreditavam na sua inocência.

Escaparia daquele destino? Ou seria consumida pela verdade crua e cruel de alguém que ela tanto não poderia recorrer ou mesmo suplicar para que parasse?

Tantas vezes, tantos anos, tinha-lhe adquirido o gosto e o sabor...sabia-lhe certamente a pouco.

Mas antes que a entidade pudesse, algo diferente aconteceu e colocou a sua própria boca, quase como se tratasse de um animal mestrado, sob algo que parecia enorme, comprido e duro, ela não tinha escolha se não cumprir com tudo aquilo a que era obrigada...ou sugerida...

Quando repentinamente acordou!

Adélia acendeu a luz e percebeu que o tempo se tinha movimentado e que tinha provavelmente perdido os sentidos. Apesar de um tanto quanto confusa percebeu que a tinham colocado na cama para descansar, no entanto, aquilo que ela sabia, tinha voltado a acontecer e desta vez tinha sido pior.

A sua vagina e a sua própria boca tinham sémen, o que significava que tinham sido alvo de algo mais que demoníaco, não poderia ser algo espiritual, e o pior, teria de ser enfrentado, pois agora a sua idade era diferente e como tal tudo poderia mudar.

Ao tentar levantar-se sentia igualmente o seu ânus a doer, assim como desta vez o seu corpo tinha mais nodoas negras que o normal, ela sentia-se violada.

Por instantes ficou a mirar o escuro da rua, enquanto os pensamentos passeavam pela sua mente e a levavam para possíveis hipóteses de um caminho para a verdade.

Quando subitamente se lembrou do selvagem e concentrando-se nesse pensamento foi-se lavar e vestir, e tudo com muito cuidado para que não acordasse ninguém, pois já era muito tarde.

Assim que conseguiu sair de casa, correu com muito cuidado em direção a ultima localização onde tinha visto o selvagem, aquela árvore, aquela pseudo-entrada.

Quando chegou lá infelizmente não percebeu exatamente para onde era, e simplesmente encostou-se a árvore em busca de algo que se pudesse lembrar, tal e qual como o rapaz selvagem lhe tinha dito.

Repentinamente Adélia sente uma mão no seu ombro e ao olhar vê o rapaz e sem dizer uma única palavra, ele aponta com as suas mãos, gesticulando para que ela o seguisse e assim foi.

Ela seguiu-o durante pelo menos umas duas horas até uma grande cascata, em que a sua volta tinha imensas árvores e bastante densas a cobrir.

Aquilo que parecia estar perto era uma pequena tenda, com algumas velharias a complementar o espaço.

Quando lá chegaram Adélia proferiu as palavras seguintes "Isto é onde dormes?"

O rapaz sorriu e respondeu "Sim, este é o meio caminho onde por vezes costumávamos descansar até chegarmos lá fora de forma segura"

Adélia confusa pergunta "De forma segura? O que queres dizer com isso?"

Assim que ele percebeu que o tempo das perguntas estavam para começar, aproximou-se dela e disse "Hoje tu vais ter de descansar, amanhã tens uma longa viagem pela frente, e conto-te tudo pelo caminho, que tal?"

Adélia repentinamente fica séria e diz "Não...eu nem sequer sei quem és tu..."

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