Capitulo 2 - Parte 3

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Na carta estava escrito o seguinte

“Querida filha, eu queria conseguir falar contigo sobre aquele assunto que tu sabes, mas é muito complicado para mim ouvir-te a contar histórias mirabolantes, que tanto eu, como tu, sabemos como não são verdadeiras.

Filha eu espero que tu percebas que tudo aquilo que eu quero é o teu bem e por isso é que eu e a tua mãe, te colocámos a visitar um psicólogo, porque a verdade seja dita, já tenho saudades da minha menina, com os mesmos valores morais que o seu próprio pai.

Quero que entendas que não tens de ter ciúmes do teu irmão, eu serei sempre, também o teu pai, e o vosso amor é único á maneira de cada um.

Tenho saudades de como te vestias há uns tempos atrás, agora desde que adoptaste essa moda que mais parece ser gótica, ou alguma personagem negativa vinda de um daqueles filmes sombrios, nem pareces a mesma, vê se te reencontras filha, pois eu gosto muito de ti, assim como a tua família e principalmente, mesmo depois de tudo, o teu irmão Abadom.”

Obviamente quando Adélia acabou de ler o texto, conteve umas quantas lágrimas, e disse em voz baixa, tremendo “Porque é que isto me está a acontecer a mim…porque é que ninguém acredita em mim, quando tudo o que eu mais queria era que isto fosse mentira…”

Foi claro para a mãe de Adélia que ela esta noite não iria jantar, por isso nem tentou sequer insistir com o assunto, era óbvio em como teria havido uma conversa entre a Alcina e José sobre a sua filha.

Como era esperado, Adélia foi para o quarto, e quando lá chegou, deparou-se com a janela aberta, a entrar um certo vento e frio, deixando o quarto onde ela iria dormir, completamente gelado.

Ao fechar a janela, por alguma razão, ela ainda tremia, ela ainda estava alerta, ela ainda sentia o gelo do quarto a consumi-la completamente, mas tudo isso tinha explicação, aquela que ninguém queria ouvir.

Adélia entretanto, vestiu o seu pijama, e benzendo-se sussurrou “Por favor, não deixe que esta noite, aconteça algo, por favor, por favor…”

Adélia era vista como uma pessoa nada religiosa, mas este evento, tinha-a levado a recorrer a extremos, tanto de ideais, como a nível religioso, mas principalmente por estar desesperada de ajuda, e não saber a quem mais poderia solicita-la.

Quando se deitou, apagou a luz do candeeiro somente ao fim de uma hora, este era o tempo médio até que ela percebesse que por alguns minutos, ela poderia imaginar que de facto poderia ir dormir.

Esta era uma mentira que ela tinha de se convencer todas as noites que era verdade, pois era a única forma que tinha arranjado para conseguir lidar com o que se passava.

Nisto, Adélia adormeceu.

A noite depressa tornou-se filha de si mesma, chorando o macabro, e dedicando toda a sua escuridão ao demónio no meio do nada. Era invisível, era um pensamento, era seriamente alguém que a queria possuir sem dever, muito menos sem querer ou poder.

Durante a noite a porta parecia estremecer, o quarto parecia perder as paredes, e tudo a volta do corpo de Adélia, parecia arder, como uma chama que quase a queimava de tanto odor doentio daquele terror.

Foi nisto que os seus sonhos se começaram a tornar num pesadelo, e o seu corpo vestido, era agora invadido por uma mão, por algo ou alguém que a queria literalmente despir, possuindo-a, até que ela gritasse sem voz “Socorro!”

Não podia, a sua intimidade estava a ser invadida e rendia-se agora aos caprichos do seu próprio medo, pois ou teria de odiar, ou teria de ignorar, pois a verdade era dura, era dolorosa, era feia, era o que era e ninguém queria saber da menina que mentia e se dizia inocente.

No meio da noite os seus lençóis foram retirados com suavidade, prontos a incriminar as tendências da violação consentida, pois a sua rendição era certa!

A mão de alguém apalpava-a agora, fosse onde fosse, em baixo ou em cima, dentro ou fora, era um crime! Era uma punição! Era uma transgressão do seu próprio corpo!

Adélia não sabia se deveria sentir-se enojada, violada ou mesmo com prazer!

Aquilo não poderia ser verdade, aquilo só poderia ser mentira!

“Acorda-me por favor, acordem-me por favor, por favor ajudem-me!” eram esses os seus pensamentos mais poderosos no seu pesadelo, mas nem tudo passava disso, pois a entidade que a queria, abria-lhe agora as pernas e colocava algo no seu intimo, e ela, a mentirosa, indefesa, sentia tudo, incluindo o ardor da intensidade com que ela era penetrada!

Adélia gritava sem som, era punida sem dor, era constrangida através da atração proibida, destruindo o seu ser mais inocente!

Todas as noites ela morria, todas as noites, ela pedia socorro sem palavras!

Repentinamente Adélia acorda aos berros “Mãe! Mãe! Por favor!

Nisto Alcina, a mãe de Adélia entra no quarto, acendendo a luz e acordando-a diz “Filha calma! Estou aqui! Já passou! Está tudo bem!”

Adélia abre os olhos, e tinha estado a chorar, pois os seus olhos e face estavam completamente encharcados e ela sabia, eram lágrimas.

Nisto Alcina pergunta “Como estás minha filha? Foi outro pesadelo?”

Adélia olhando para a sua mãe, e agora aparentemente mais calma diz “Sim…”

Alcina pensativa diz “Tens de ter calma, em breve teremos mais ajuda e uma melhor para afastar esta fase negativa filha…”

Adélia afirmando com a cabeça, em seguida colocando a sua mão, na mão da sua mãe retorque pedindo-lhe “Desculpa mãe, vai dormir…que eu já estou bem…”

Alcina coça a cabeça e diz “Então mas posso-te ao menos fazer um chá? Assim em seguida eu vou dormir”

Adélia afirma novamente com a cabeça, e assim que a sua mãe saí do quarto para ir fazer o chá, Adélia, vendo-se agora sozinha, e com a luz acesa, coloca a sua própria mão no meio das suas pernas, na vagina.

E ao retirar a sua mão, vê que é sémen.

InocenteWhere stories live. Discover now