Capitulo 3 - Parte 2

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Daniel tinha ido de carro, apesar de não ter ainda a carta de condução, já a estava a tirar, no entanto, era somente comum ir da sua casa, até a escola.

Desta vez ele não meditou sobre como poderia e até onde iria, não pensou nas consequências, pois aquilo que ele estava a fazer era a viver o dito cujo presente, sem pensar nas inúmeras possibilidades do futuro.

E enquanto conduzia, olhava para Adélia, que ia agora com o vidro do carro aberto, enquanto deixava a sua mão de fora, enquanto parecia “voar”, ao sentir a brisa sobre ela.

Parecia uma pessoa diferente daquela que tinha visto na noite anterior, e tudo porque algo mudou, ou algo a fez atingir algum limite, ou quem sabe…a outra Adélia que queria desesperadamente ser feliz, aceite e bem tratada, fosse por quem fosse.

Ele conduziu até á margem sul, até á famosa ribanceira, conhecida como “Olho-de-boi”, e de lá, conseguiam vislumbrar o quanto era gigantesca a ponte 25 de Abril, conhecida outrora, também como a ponte Salazar.

Quando ela saiu, sem nunca ter saído de Lisboa, ficou abismada como poderia ser tão diferente, de uma margem para a outra, mas para ela, tudo era, e tudo poderia ser, apenas com a simples condição de ser longe daquele pesadelo.

Daniel em seguida ergueu-lhe a mão e disse “Queres vir dar um passeio?”

Adélia, nisto, olhou para a mão dele e respondeu “Gostaria muito…” e agarrando-a, seguiram caminho pela velha e bela paisagem portuguesa, com uns traços mais vivos e outros mais apagados.

Enquanto caminhavam, iam conversando, questionando-se e debatendo os seus gostos, os seus interesses, entre muitos outros temas, até que Daniel chegou á pergunta…aquela que seria alvo de maior destaque, pelo menos, visto do prisma dele, visto que era algo que o assombrava tanto de curiosidade, como de preocupação.

“O que se passou contigo para teres mudado tanto hoje?”

Entrementes, Adélia parando, respondeu, após engolir em seco “O que queres dizer com eu ter mudado tanto, hoje? Eu estou igual a todos os outros dias. Hoje somente percebi que te queria conhecer…talvez a minha maior abertura ou aceitação”

Daniel sorri, mas sem vontade de o fazer, simplesmente queria insistir na questão, e por isso proferiu o seguinte “Tu hoje não vieste com má cara, maquilhaste-te, não te vestiste de negro, nem de gótica, não que eu tenha algo contra, mas parecia ser um estilo teu, e isso intrigou-me, assim como o facto de realmente estares muito mais predisposta a conheceres-me e…tu não fumas? É que hoje ainda não te o vi a fazer, e já se passaram algumas horas…”

Adélia ao ouvir aquelas perguntas, baixa a cabeça e diz “Não…por favor não…não insistas, deixa-me estar bem…não questiones…”

Daniel em seguida, aproximando-se dela, e colocando a sua mão no seu ombro, diz “Tens razão, eu não deveria ter insistido, vamos comer um gelado? Conheço aqui perto uma gelataria fantástica que vende gelados divinais”

Adélia ao ouvir aquilo, sorri, levantando a cabeça, e olhando com alguma felicidade relativamente a fácil aceitação por parte dele e retorque dizendo “Sim, boa ideia!”

E assim foram, até bastante cúmplices, enquanto Daniel se esforçava para fazer Adélia sorrir, até que momentaneamente, quando já estavam a comer um gelado, ela se riu as gargalhadas por uma piada que ele tinha dito.

“Estás-te a rir…” disse Daniel com alguma satisfação, por a ver tão bem.

E nisto, Adélia parando por momentos diz a corar “És tu, que me fazes bem…”

Obviamente, Daniel ao ouvir aquele tremendo elogio, nunca mais conseguiu pensar em outra coisa que fosse, pois estar com ela também lhe estava a fazer bem, pois existia igualmente uma redoma a sua volta, e eram os seus pais, relativamente aos estudos para o futuro.

Chegando a uma certa hora, a hora de saída do seu irmão, ela e Daniel retornaram a Lisboa, a escola, e assim que estacionaram o carro, ele proferiu as palavras seguintes “Espero que tenhas gostado…”

Adélia naquele momento, olhou para ele, colocando a sua mão sobre a perna de Daniel e apertando-a suavemente disse “Espero repetir…”

Daniel sorriu, mas aquela mão dela na sua perna não queria sair, não o queria largar e então ele disse “Tu sabes onde estou todos os dias…”

Adélia suavemente sobe a sua mão e aproximando a sua face a de Daniel disse quase como sussurrando “Mas tu queres-me procurar muito mais não é…?”

Daniel fica espantado com aquele momento e diz “Adélia…tu…”

A mão dela subiu até atingir um ponto mais alto, um foco das suas calças e respondeu com um olhar sexy “O que se passa, não vais querer estar mais comigo…?”

Entretanto, apesar de Daniel já estar um pouco entusiasmado, e colocando a sua mão, sobre a mão de Adélia, retorque proferindo as palavras seguintes “Eu quero, mas não quero assim, não para já. Vamos com calma…”

Adélia rapidamente retira a sua mão e diz “Desculpa, eu não queria…Desculpa!”

Entretanto abrindo a porta do carro e saindo diz “Eu não devia, eu não podia!”

Logo de seguida, Daniel saí igualmente do carro e vai ter com ela e pede-lhe com alguma calma “Não precisas de te sentir mal, eu é que não quero que tu julgues que eu só te quero para isso, e também provavelmente porque eu estou a gostar de te conhecer…”

Adélia em seguida empurra Daniel e diz “Tu não sabes o que é bom! Eu vou buscar é o meu irmão, e tu afasta-te de mim percebeste?”

Nisto, Adélia afasta-se, deixando Daniel confuso com aquele comportamento, mas na mente dele, obviamente tudo teria uma explicação lógica, outra vez.

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