Capitulo 7 - Parte 1

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Aquela pergunta, como tantas outras começavam agora a preencher o espaço em branco, o vazio da ignorância que o tempo escondia tão bem, mas afinal de contas, por onde andou ela? Onde se escondeu e quem estaria a assumir agora o seu lugar?

A sua pergunta banhava a mais simples, que ela própria se assim fosse, não estaria a maior parte do tempo e sim o menor dele, o que só poderia significar que o seu controlo era cada vez mais escasso, assim como se houvesse um demónio a possui-la, teria ele cometido o crime? Se assim fosse, a família dela e todas as pessoas que lhe eram queridas corriam perigo de vida.

Tantas perguntas, tantos enigmas, e as respostas sempre a lidera-la até becos sem saída...

Restou-lhe meramente começar a questionar a veracidade do demonólogo, assim como a existência destes seres fantasmagóricos, ou mesmo demoníacos.

Se assim fosse, haveria possibilidade de existirem seres opostos a esses?

Anjos? Seres da luz?

Era tudo tão complexo, tudo tão complicado e demasiado irreal para aceitar simplesmente uma afirmação tão grotesca sobre o facto de ela estar possuída por um demónio, que provavelmente tenha estado presente em momentos da sua vida que nem ela saberia.

Como tal, Adélia sentou-se em frente a Otnas e tentando conter as lágrimas com o seu silêncio respondeu "Existe algo que eu possa fazer, se isto for real?"

Otnas sentiu naquele momento que estavam na mesma onda de pensamentos e sentando-se novamente e com toda a calma, retirou do seu bolso um símbolo religioso, uma cruz e entregou-a a Adélia dizendo "Isto não é de nenhuma religião, é meramente um símbolo que te vai ajudar a acreditar que não estarás sozinha"

Nisto, ela agarra o símbolo e olhando para aquela cruz, feita de madeira profere o seguinte "Sem religião, isto protege-me?"

Entretanto, Otnas agarrando a mão de Adélia com a cruz, retorque "Isso é o símbolo mais comum do mundo a que se refere a Deus, nós inconscientemente pensamos Nele assim que visualizamos este objeto. Eu quero que tu estejas mais próxima Dele, e para alguém que não é crente ou tem dificuldades, isto é o mais próximo de uma crença comum e fácil. Fazendo com que esse demónio perceba que o estamos a começar a enfrentar, mesmo na ignorância."

Entrementes, Adélia acena com a sua cabeça, demonstrando um agradecimento com o seu olhar, libertando uma lágrima de alguma satisfação.

Nisto, ouve uma voz que diz "Pode-se entrar?"

Aquela voz, era o pai de Adélia, e ao ouvi-la, corre na sua direção, mas as surpresas ainda mal tinham começado, pois quando o viu, viu também o seu irmão, que outrora era meramente um rapaz e agora estava feito homem.

"Abadom? Pai? São vocês?" Perguntou Adélia um tanto quanto surpresa com as diferenças de idade, mas rapidamente o seu irmão que passava a maior parte do tempo calado, agora também já falava mais e sendo assim, respondeu "Sim, somos, esperavas outras pessoas?"

Rapidamente o seu pai aproximou-se de Adélia e perguntou "Filha sentes-te bem? Não me pareces muito bem, aconteceu alguma coisa?"

Adélia nisto começa-se a sentir zonza e diz "Pai...eu senti a vossa falta, onde me deixaste a minha carta?"

O pai de Adélia rapidamente ficou sério e retorquiu proferindo o seguinte "Carta? Filha eu deixei de escrever...há já alguns anos, porque me estas a perguntar por isso?"

Nisto, Adélia sorri meia zonza e responde "Vocês estão todos tramados comigo, a mentir-me, e a fingir que não sabem de nada, um dia algo de mal vai-vos acontecer!"

Aquela frase parecia estar a sair de uma pessoa descontrolada, e subitamente, a mãe de Adélia, aparece e pergunta "Viu aquilo?"

Rapidamente Otnas apareceu e responde "Vi, só pode ser o ser que a está a possuir!"

Adélia ainda zonza e a perder cada vez mais o sentido do que se estava a passar a sua volta, respondeu "Eu ainda estou aqui, consciente! São todos doidos ou quê? Querem-me tirar mais anos de vida é isso?"

Agora, meio surpreso com todo o espetáculo estranho, o pai de Adélia aproxima-se mais um bocado da sua filha e diz "Acalma-te por favor, diz-me o que tens!"

Logo de seguida Alcina retorquiu "José aquilo que falámos está a acontecer neste momento! Agarra-a para exorcizarmos o demónio!"

José, pai de Adélia, ao ouvir aquilo, agarrou-a quase que instantaneamente, mas assim que o fez, Adélia proferiu o seguinte "Vais arder no inferno!"

E assim que acabou a frase, perdeu os sentidos.

InocenteHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin