Capitulo 3 - Parte 4

25 3 0
                                    

Daniel estava estupefacto com o que tinha ouvido sobre Adélia, no entanto o instinto de negação obrigou-o a insistir numa questão e assim ele perguntou “O que queres dizer com fatores sexuais? Especifica-me!”

Teresa apercebe-se que Daniel não está bem, e questiona-o “Estás bem? Pareces-me nervoso, eu disse algo que não devia?”

Daniel ficando com a sua expressão facial mais séria e rangendo os dentes, não precisou de proferir mais nenhuma frase, nem nenhuma palavra para que Teresa lhe respondesse da forma mais explícita.

“Daniel…ela masturbava-se em plenas salas de aulas, ou mesmo assediando frequentemente os professores, no entanto, era e sempre foi tudo justificado pelo seu tratamento no seu psicólogo impedindo-a de ser responsável pelos seus atos.

Obviamente com o tempo esses comportamentos foram mudando, até porque a escola jamais a deixaria continuar assim perto dos outros.

Por uns tempos ela acalmou, inclusive até chegou a tirar boas notas, parecendo uma pessoa completamente diferente, e foi nessa altura que eu a conheci, mas algo pior começou a acontecer, infelizmente.

Houve um dia, em que estávamos todas a ir para o balneário, após uma aula de educação física, e quando lá chegámos, encontramo-la estendida no chão a sangrar dos pulsos, jamais tínhamos visto tanto sangue…

Foi horrível, pois a parede estava com inúmeros palavrões escritos com sangue, que mais tarde se veio a confirmar que era dela. Nenhuma pessoa no seu juízo perfeito teria uma atitude dessas, mas dessa vez, ela foi internada durante um ano inteiro, e foi assim que deixámos de nos falar.

Quando ela voltou, soube que foi apanhada cheia de sangue mais três vezes, e que um professor foi expulso, mas ninguém sabe a razão disso ter acontecido.

Desde então, mal a vemos pela escola, mal se deixa ver a não ser quando a vislumbramos ao longe para ir buscar o seu irmão, que por alguma razão, ela nisso nunca falhou. Esta é a história de Adélia, a rapariga que se perdeu.”

Daniel estava sem palavras, e apenas se conseguia agarrar a sua cabeça, evitando o colapso total tanto da sua mente como do seu coração. Ele não queria acreditar que aquilo fosse verdade, e ele neste momento só sentia necessidade de ignorar que algum dia tinha querido conhecer Adélia como sendo uma pessoa espetacular.

Ele via aquilo como uma ilusão, que tinha criado a volta dela, sobre a maneira de ser, caminhar, de ter um olhar hipnotizante, uma personalidade muito acentuada, assim como o fator de ser completamente diferente de todas as pessoas que ele já tinha conhecido.

No seu ponto de vista, Adélia tinha sido uma das maiores mentiras da sua mente, e talvez uma das maiores lições que teria de aprender, que era nunca julgar conhecer uma pessoa somente pelos fatores externos, ou instinto.

Conhecer uma pessoa leva tempo, e é necessário uma certa dedicação para que se possa chegar a uma conclusão, ainda que temporária, pois todas as pessoas podem mudar de um momento para o outro, ou então por outras palavras, revelarem a verdade sobre si mesmas.

Nisto Daniel vira costas, e entra no carro, quando de seguida, Teresa sem ser convidada também entra no seu carro.

Daniel um pouco exaltado profere as palavras seguintes “Sai do carro, eu vou-me embora para casa!”

Teresa rapidamente retira as chaves da ignição do carro e retorque um tanto quanto nervosa “Daniel calma! O que se está a passar? Porque reagiste assim com a história da Adélia? Fala comigo!”

Daniel em seguida, passando a mão pela cabeça diz “Eu estou apaixonado por aquela rapariga, tu tens ideia do que é eu sentir isso e nem a conhecer de facto, um pouco que fosse?”

Teresa curiosa questiona calmamente, de forma suave, proferindo cuidadosamente as palavras seguintes “É a primeira vez que estás apaixonado?”

Subitamente Daniel encosta-se no banco, acalmando, e dizendo em seguida “Se eu te disser que não, estarei a mentir, no entanto se eu te disser que sim, não sei o que parecerei…”

Entrementes, Teresa sorri, e colocando a sua mão na de Daniel responde “Não tem mal nenhum, tu andas sempre ocupado com a tua vida académica, por isso é que tu nunca tiveste certas sensações, e também esse é um grande motivo para não saberes quem é a Adélia.”

Nisto, inesperadamente e cuidadosamente, Daniel agarra nas chaves do carro, retirando-a suavemente da mão de Teresa e pergunta olhando agora em frente, para Adélia

“Queres que te leve a casa?”

InocenteWhere stories live. Discover now