Capítulo 100

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                                                                                     Anastasia

— Anastasia? Gatinha?

O som rouco da voz de Christian me acorda, e eu pulo de pé, quase derrubando a cadeira em que adormeci.

— Você está acordado! Graças a Deus, finalmente. — Eu agarro sua mão direita na minha, tão aliviada que mal registro a dor nas costas. — Como você está se sentindo?

Ele pisca para mim lentamente, e eu sei que ele ainda está conectando os pontos, me perguntando por que meus olhos estão molhados e ainda estou sorrindo. Mas essa confusão é normal, esperada. O importante é que, depois de dezoito horas sem recuperar a consciência, Christian está acordado e sabe quem eu sou.

— O que... — Ele umedece os lábios secos enquanto eu me empolgo na beira da cama. — O que aconteceu? — Seu olhar afia. — Espera. O táxi. Você está...

— Estou bem. Aqui, beba isso. — Soltando sua mão, seguro um copo d'água com um canudo na boca e o vejo tomar um grande gole, os músculos em sua garganta poderosa trabalhando enquanto ele engole.

Meu peito aperta com a visão, minha alegria tão intensa que quase agoniza. Com uma barba pesada cobrindo as bochechas magras, o lado direito da mandíbula inchado e uma enorme bandagem branca enrolada na cabeça, ele parece tão terrível quanto um homem magnético, mas está acordado e funcionando.

Ele vai ficar bem.

— O que aconteceu? — ele repete quando está cheio de água. Sua voz parece que sua garganta foi esfregada com uma lixa, mas seus olhos azuis estão claros e afiados quando ele vê o gesso no braço esquerdo e todos os intravenosos e monitores conectados a ele.

Coloquei o copo d'água na mesa de cabeceira. — Diga- me como você se sente primeiro.

— Como se meu crânio fosse serrado aberto e cheio de cacos de vidro — Ele toca o curativo na cabeça com a mão não machucada, estremecendo quando seus dedos roçam o queixo inchado. — Também como se eu tivesse sido atropelado por um carro. Foi o que aconteceu?

— Sim. — Eu respiro para me equilibrar. — Você me empurrou para fora do caminho e recebeu todo o impacto. No processo, você quebrou o braço e abriu a cabeça na calçada. Você também está machucado e todo arranhado. Os médicos disseram... — Minha voz está começando a tremer, minha garganta se fechando, então, eu puxo outra respiração. — Eles disseram que era um milagre não haver ferimentos internos ou outros ossos quebrados, e que eles não achavam que você sofreu algum dano cerebral, embora, depois das primeiras horas começaram a ficar preocupados com o fato de você não estar acordando. — Fecho os olhos para conter as lágrimas, mas é um esforço inútil. Elas vazam sob minhas pálpebras fechadas, e quando eu abro meus olhos, encontro Christian me olhando com ternura.

— E você, Gatinha? — Apertando um botão para levantar a cama para uma posição semi-sentada, ele coloca uma mão gentil no meu joelho. — Você se machucou? Eu empurrei você com bastante força.

Um meio soluço, meio risada borbulha na minha garganta. — Sim, você basicamente me abordou no estilo do futebol. Você jogou isso na faculdade ou algo assim?

— Não, só no Ensino Médio. Primeiro ano. Depois, mudei para lacrosse e futebol. Achei que todo aquele choque de cabeça não poderia ser bom para o cérebro, e eu precisava de todos os neurônios para o futuro que eu havia planejado. — Ele sorri; então, a preocupação retorna aos seus olhos. — Então, você se machucou?

Balanço a cabeça, um sorriso aguado tocando meus lábios. — Não, na verdade não. Eu bati no chão com muita força, mas minhas costas estão um pouco machucadas. O choque foi o pior; eles continuaram me alimentando com líquidos açucarados na ambulância para que eu não desmaiasse ou vomitasse novamente. — Meu sorriso desaparece e engulo quando minha garganta incha de novo. — Eles disseram que você pode ter salvado minha vida. Com a rapidez com que o táxi estava indo e o ângulo que ele estava vindo para mim... — Minha voz falha. — E você também podia ter sido morto ou seriamente ferido. Se você batesse sua cabeça com mais força ou caísse de uma maneira diferente... — Um arrepio percorre minha espinha. — Nunca faça isso comigo de novo, você me ouviu? — Aperto sua mão, o medo lembrado me arrepiando por dentro. — Prometa-me, Christian. Prometa que nunca mais fará algo tão louco assim.

O Titã De Wall StreetWhere stories live. Discover now