— Governo? Mas eu pensei que ele não tivesse nenhuma relação com isso. — Paty pareceu confusa. — Seu pai é o Rei, não ele.

— Meu pai sempre acreditou nas pessoas, principalmente no irmão. Eu tentei falar com ele sobre essas suspeitas, mas ele não quis me dar ouvidos. Meu pai não acredita que meu tio seria capaz de fazer algo assim. E por conta dessa confiança toda, ele deu um cargo bem importante a ele, recentemente.

— Como o Merlin está desaparecido desde as eleições regenciais, estávamos sem um Primeiro Ministro, e o meu tio assumiu o cargo, há pouco tempo. — Ela continuou. — E isso foi o que me fez suspeitar mais ainda, pois ele pediu muito repentinamente. Por mais que meu pai sempre tivesse oferecido, ele dizia que obter um cargo no governo que não fosse o de Rei seria muito... humilhante, e é estranho ele ter aceitado do nada.

Camila pensou por um momento. Pablo havia dito algo relacionado a ter conseguido um grande cargo. O que ele e aquela mulher estavam tramando?

— Lia, por acaso você reconhece o sobrenome Darc? — Resolveu perguntar. Se alguém poderia lhe informar, esse alguém era Lia. Porém, no fundo sabia que seria irrelevante, visto que nem o Diretor sabia.

— Darc? Não. E bem, eu conheço bastante sobrenomes. Como vou ser Rainha em alguns anos, eu tive que estudar bastante sobre isso. — Ela estreitou os olhos. — Por quê? Vocês possuem algo para me contar?

Camila e Paty se entreolharam, provavelmente pensando a mesma coisa. Não seria uma boa ideia contar à Lia sobre a conversa que escutou mais cedo. Principalmente se tinha algo a ver com a O.P.U.

— Lia? — A voz de Lucas veio de trás da garota. Ele estava acompanhado de Henrique Camila agradeceu mentalmente pelo súbito aparecimento dele. — Está tudo bem? Digo, eu sei como o comportamento esquisito do seu tio pode te afetar.

— Está. — Lia respondeu ríspida e friamente, sem nem se virar para encará-lo. — Olha, eu sei que não estamos no nosso melhor momento de amizade. — Tornou a dizer para Camila e Paty. — Mas nos conhecemos há anos, e eu não vou deixar que um cara que chegou agora faça a gente se desentender. Eu entendo o lado de vocês, e para ser sincera, eu faria o mesmo pelos meus amigos. Eu fui hipócrita e devo desculpas a vocês duas, e ao Henrique também. — Dessa vez, ela se virou para encará-lo. O menino apenas lhe deu um sorriso compreensivo. Lia voltou seu olhar para Camila e Paty.

— Mas vocês me perdoando ou não, eu sinto que tem algo acontecendo aqui, e que parece que vai afetar todo o nosso país. — Lia continuou. — Então, por favor, eu peço que me contem se souberem de algo. Porém, se decidirem não me dizer, eu juro que vou descobrir por mim mesma. — Em seguida, ela deu meia volta e caminhou em direção ao elevador, passando por Lucas como se não tivesse notado sua presença.

Camila não pôde deixar de lembrar da Coronel Minelli. Assim como Lia, ela havia dito que iria descobrir o que estava acontecendo. E conhecendo as duas e suas personalidades determinadas, sabia que não se tratava nenhum tipo de blefe da parte delas.

— Cara..., ela fingiu que eu não existia. — Lucas se aproximou das meninas, parecendo atordoado.

— Imaginamos que estariam aqui, vocês não estavam na fila do elevador. — Henrique se aproximou também. — Mas não que estariam com a Lia. O que acabou de acontecer aqui? E que papo foi aquele de algo estar acontecendo? Parecia grave.

— Não era nada, coisas de garotas. — Camila mentiu.

— Não parecia. — Lucas as olhou desconfiado.

— Ah, é? E o que são papos de garotas para você? — Paty cruzou os braços.

— Sei lá. Roupas, maquiagem?

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Where stories live. Discover now