capítulo 82°- "uma nova amizade"

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Liana.

Me despeço do palhaço assim que paramos em frente ao Copacabana e eu desço do carro. Aqui na pista ele não dar bobeira,eu mal desço e ele já dar partida. Ele não é procurado e os carros do Terror estão no nome de advovados,está tudo em dias e ele não precisa se preocupar. Porém o Palhaço é medroso e tem medo de ser parado,por isso toda essa pressa para voltar para o morro.
Assim que ele se vai,antes que eu passe no grande portão eu vejo de longe um cara estranho encima de uma moto. A minha visão periférica atraiu a minha atenção a ele e eu fiquei com medo, por que óbvio, me assustou! E o cara por mais que esteja de capacete preto e eu não consiga ver o rosto dele e nem saber em que direção ele está olhando,ainda assim me assustou pelo o fato de parecer que ele está olhando em minha direção e, de imediato já passou pela a minha cabeça que poderia ser o Lucas, porém eu não vou arriscar nem fudendo. A moto começa a sair devagar e eu me apreço para entrar,passo pelo o portão rápido e eu entro no hotel. Assim que chego no meu quarto,ainda assustada eu pego o celular e ligo para o Thiago,chama chama e ele não atende. Droga,deve estar dormindo ,porém eu continuo insistindo. Ele atende.
Liana: você mandou algum dos seus homens me viagiar agora?—eu pergunto assustada,porém minha voz soou como se eu estivesse estressada.
Terror: aah Liana,porra—ele reclama de voz rouca,ele devia mesmo estar dormindo. —Você me liga a essa hora pra me perguntar isso caralho? por favor,né nega?facilita —ele estava tentando falar de boas comigo e olha que ele tinha acabado de acordar. Entando eu estava com os nervos à flor da pele ,eu realmente fiquei muito assustada.
Liana: por favor só me responde isso.—ele visivelmente não gosta de ficar falando sobre,mesmo que ele saiba que eu já sei que estou sendo vigiada.
Terror: não,agora não—ele responde com voz de sono.—Por que tu me ligou a essa hora pra me perguntar isso?
Liana: assim que o Palhaço saiu eu percebi um cara me observando—eu sei que pode ser o Lucas e eu não deveria estar falando para ele,já que ele pode descobrir que foi o mesmo cara que foi me deixar naquele dia com a Letícia uma quadra antes do morro. Ele me deu maior surra por causa disso,e procurou saber quem era ele por um tempão, imagina se ele descobre que é o mesmo cara que está me seguindo. Porém e se não for o Lucas? eu fiquei super assustada com a forma que ele estava mantido,parecia já me esperar e,quando ele me percebeu olhando pra ele,o cara simplesmente começou a conduzir a moto bem devagar em minha direção,como um ritual de filme de terror de perseguição,meu Deus, tenho pavor. Até se aquele cara fosse o Lucas eu teria medo,porque ele estaria me perseguindo? e pior, e se realmente não for o Lucas?se for alguns dos inimigos do Thiago? Ouvi falar que ele tem como rival um cara sinistro por vingança,a maioria das invasões no morro quando não comandadas por esse cara era ele quem ajudava e,bom,ele é muito corajoso e o único que consegue chegar pelo menos perto. Vai que é esse cara que está aqui me perseguindo no portão do meu prédio,me assustando,me estudando para me matar?Deus me livre,não gosto nem mesmo de pensar.
Terror: como é que é?—rapidamente ele parece se preocupar muito.
Liana: pode ser apenas um cara daqui mesmo,mas…sei lá,eu fiquei com medo—digo indo até a janela para olhar lá embaixo e eu não vejo mais ele.
Terror: vou infiltrar mais gente pra ficar aí na escolta,pra tua proteção.—eu apenos fico calada.
Liana: eu estou com medo —digo novamente, porque realmente estou me sentindo sozinha,vulnerável.
Terror: escuta só , nada de mal vai acontecer a você,te dou minha palavra,tá bom?
Liana: droga,queria estar com você.—porra eu odeio me sentir vulnerável.
Terror: ôh branca,espera só mais um pouco,depois que tudo isso passar vai ser só nós, eu,tu e o nosso moleque. E só lazer e conforto pra vocês.—eu sorrio,imagindo que eu nunca imaginaria ouvir o Terror desejando isso para a vida dele.
Liana: mas e o que eu faço agora ? eu não vou conseguir ficar tranquila mais.—digo procurando o cara lá fora com os olhos mais uma vez.
Terror: você não precisa se preocupar com isso,você vai ficar mais segura que nunca agora,certo? —a confiança dele é tanta que é impossível não confiar também.
Liana: tá bom.—digo respirando fundo.—Mas e se ele..
Sei lá,atirar em mim?—meu Deus,pensar nisso me dar muito medo.
Terror: ninguém tentaria essa sorte sabendo que eu buscaria até no inferno.—ele disse agora num tom estilo Terror,o que eu tenho medo. A gente ficou calado.— Liana não é assim que funciona no crime,simplesmente te matar de uma vez só pra me atingir tá ligado?
Liana: não?
Terror: não nega,não é assim. Eles fazem questão de me fazer saber quem foi que matou e vão fazer joguinhos pela a tua cabeça. Eles não atirariam em você de longe à queima roupa—diz e eu fico um tempo raciocinando,porque se eles não me matariam fácil assim, então…
Liana: você tá dizendo então que se eles sabem de mim,eles me sequestrariam ao invés de me matar?—eu pergunto ainda mais apavorada. Não que a idéia de morrer não seja pior. Mas um sequestro teria toda uma pressão psicológica que eu não suportaria e talvez até preferiria a morte mesmo.
Terror: olha não vai rolar nem uma coisa nem outra contigo,te acalma pô e confia em mim.—ele diz convicto,cheio de certeza e por incrível que pareça eu me sinto confiante também. Ele me faz me sentir segura e eu não faço ideia do porque já que não parece nada que eu estou segura.
Liana: quando tudo isso vai acabar?—eu pergunto com voz de cansada.
Terror:não vai demorar muito.—não sei,mas eu não acho que isso vá acabar tão cedo.
Liana: e depois de tudo isso? a gente ainda vai continuar nessa vida? de perigo e tudo mais?—eu venho pensando tanto nisso ultimamente,eu não sei se queria que o meu filho crescesse nesse meio.
Terror: como assim Liana?—ele pergunta em um tom no qual eu não consegui identificar.—Quando você me conheceu eu já estava nessa vida.—é,realmente era pedir demais,porém tudo que eu queria era poder criar o meu filho longe de tudo isso.
Liana: mas você nunca pensou em viver outra vida? em dar uma vida mais tranquila para o seu filho? —eu pergunto enquanto tiro minha roupa com dificuldade,eu preciso dormir, amanhã é dia de faculdade.
Terror: a minha favela é a minha vida Liana,meu patrimônio, largo nunca—não sei ,não deveria ,mas me deixou um pouco triste.
Liana: mas é o que você quer deixar pra ele ?—pergunto preocupada com a resposta, eu não quero que o meu filho siga o mesmo exemplo.—Thiago,eu não quero que o meu filho também seja um traficante—ele ficou calado do outro lado,eu também,acabei que me arrependendo de ter falado dessa forma. E não que fosse mentira, mas era para ter sido mais delicada com as palavras. Conhecendo ele como eu conheço,sei que ele ama muito a favela dele ao ponto de não abrir mão,porém ele também está animado com a idéia de ser pai e deve ser difícil pensar que não tem jeito,o filho dele pode seguir os mesmos passos ,já que os pais são como espelhos e eu não vou poder fazer muita coisa se eu quiser realmente viver junto dele.
Terror: depois a gente fala sobre isso.—diz e eu fecho os olhos me praguejando por ter falado da forma que eu falei.
Liana: Thiago ,eu…—ele me interrompe.
Terror: ruiva depois a gente conversa ,você precisa dormir e eu também. Descansa aí beleza?boa noite.
Liana: boa noite… Eu te amo!—digo,porém ele já tinha desligado. Eu jogo o celular encima da cama de qualquer jeito e troco de roupa para deitar já que tinha tomado banho com ele antes de sair. Droga,tanta preocupação que eu não deveria estar me preocupando agora. Porém não tem como, é medo de risco de vida,é temer pelo o futuro do meu filho,são tantas coisas que por mais que seja importante pensar eu acho que não deveria estar me preocupando nesse nível agora,já que não posso,vou acabar gerando uma ansiedade. Mais tarde assim que eu chegar da faculdade e almoçar eu vou ter que dormir mais um pouco,porque essa noite já foi praticamente toda embora e eu ainda não consigo dormir.

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