capítulo 56°- "um beijo"

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Liana.

Ele tentou apaziguar a situação,me explicou direitinho e me prometeu que não rolou nada com ela dentro daquele lugar. Eu acreditei porque o conheço,sei que se ele tivesse mesmo feito ele diria. Entanto eu senti que pela a primeira vez ele estava sem coragem para me falar algo. Notei que ele tinha sim alguma coisa para me dizer,entanto não me falou. E eu também não perguntei e ficou por isso mesmo. O vestido da festa que será amanhã chegou hoje e eu fiquei completamente apaixonada nele. Ele ficou super lindo no corpo,tem uma abertura de um lado, que destacaria minha perna e ainda o salto. As mangas são caídas e ele tem um decote maravilhoso que destacou meu colo. É todo em cetim e tem decote nas costas também. Ele veio acompanhado de luvas vermelhas do mesmo tecido do vestido, óbvio. A mulher disse que daria um toque ainda mais elegante e realmente ficou esplêndido. Eu havia ido ao shopping com Letícia justamente para procurar jóias e salto que combinassem com o vestido. Para o pescoço,um colar que parecia todo em diamante,mas óbvio que não era diamante de verdade,porém foi bem caro. Ele era bem destacado ao tempo que delicado,comprei um bracelete também parecida com o colar,visto que não é nada elegante colocar uma pulseira por cima da luva. Comprei também brincos discretos e elegantes e o salto foi o Gran final. Preto,fino e alto,vou precisar treinar um pouco com isso antes de ir,para não passar vergonha e tropeçar. Ele era estilo medusa, trançava até a canela e tinha os detalhes em strass nas tiras apenas, que combinou com as minhas jóias. Eu já estava até ansiosa para que chegasse logo amanhã para que eu pudesse vestir logo tudo isso,embora estivesse nervosa também. Não sei o que me espera,me assusta um pouco a idéia de que eu vou estar em um lugar cheio dos maiores bandidos mais procurados dentro do Brasil e fora também. O que é um pouco irônico,já que durmo e acordo debaixo do teto e do lado de um dos mais procurados do Rio.
O Thiago também mandou que fizessem as medidas dele e hoje chegou dois modelos de ternos aqui. Eu queria muito que ele me pedisse ajuda,porém ele não precisava,ele nunca precisa. Não posso deixar de admitir que estou almejante para vê-lo de terno. Meu Deus,o que será esse homem de terno?. Hoje era segunda e estou na faculdade,amanhã era feriado nacional e eles escolheram justamente o dia de amanhã para fazer essa reunião da família,que medo de dar merda,sério!
Eu acordei mais contente hoje,com vontade de me arrumar e me sentir bonita. O Thiago havia me dado o cartão dele para que eu comprasse tudo que eu precisasse e a Letícia me ajudou a comprar várias roupas mais elegantes ,eu diria. Então resolvo me arrumar a caráter hoje. Aproveito o cabelo sujo para fazer babyliss apenas nas pontas,passo um óleo para dar um acabamento bonito e faço uma maquiagem básica,porém mais marcada,diferente da de quase todos os dias. Para roupa um conjunto de jaqueta e saia xadrez de tweed,com um cropped básico preto por baixo da jaqueta. Ficou elegante e ficaria bem mais com um salto,porém eu não iria de salto para a faculdade,então coloquei um vans preto e branco no pé e pronto,ficou elegante no tempo que estiloso. Uma bolsa um pouco maior de lado para poder colocar meu material. Me perfumei e saí toda toda. Encontro com a Letícia no local de sempre. Eu já desço de pé mesmo,depois que você se acostuma com o trajeto de todos os dias passa a parecer ser mais perto,porém cansativo.
Letícia: caralho hein Liana.—ela me avalia.—Você tá chique pra caramba.—diz surpresa,no tempo que já íamos andando.
Liana: resolvi colocar aquelas roupas pra jogo.—digo passando a mão pelo o corpo.
Letícia: a cara das nojentas vão ser as melhores,você vai ver só —falou animada.
Liana: ver uma favelada bem vestida deve ser frustrante para uma patricinha que acha que só ela tem dinheiro para se vestir bem.—digo ao lembrar que o pensamento da Dulce é bem desse tipo mesmo.
Letícia: deve merrmo—ela forçou o sotaque. Nós rimos,porque ela estava imitando a maneira que o Thiago e o Felipe falavam.
Chegamos na faculdade e todo mundo me olhava ,estava me sentindo desconfortável,mas ao mesmo tempo,me sentindo bem. Será que eu tinha exagerado demais? Algumas pessoas me olharam como quem pensa  "Olha,uma Et". Ou era bem mais fácil estarem pensando "Olha,ela acha que tá arrasando?"
Mas bom mesmo foi a cara do grupinho do Henrique,ninguém zoou,ninguém jogou piadinha quando eu passei. Eles só olharam. Mas a expressão do Henrique foi a que eu mais gostei. Ele me secou de cima abaixo e eu adorei . Adorei muito,não é que eu esteja me exibindo, não é que eu tenha feito isso por eles,eu só cansei de toda aquela marcação,só cansei de deixar eles acharem que só eles podem chamar atenção,só eles podem se arrumar bem,por ter dinheiro. Não fiz isso por eles,fiz por mim!
Leticia: A cara delas foram a melhor. —sussurrou para mim, desfilando como se estivesse em uma passarela, fazendo carão, porque é a Leticia né minha gente. Um ícone minha amiga .
Liana: siim—digo rindo junto com ela.
O Henrique levantou pra me dar passagem junto de Leticia,ele me olhava de cima a baixo,eu joguei o cabelo que com certeza pegou na cara dele,me sentindo a mais mais,sem dar a mínima para ele. Eu pude ver de canto o olhar do pessoal na gente depois dessa cena. Que feio pra ele né? Se ele estivesse lançado esse olhar pra qualquer outra menina, elas se derreteriam inteira , deve ser frustrante para as pessoas ver alguém cagar assim pra ele. E para o próprio Henrique então. Porém que ótimo,está apenas começando. Mas nada se comparava a cara de nojo da Dulce,as meninas de queixo caído,Melanie tentando disfarçar o sorriso e a Letícia vibrando.
Esse momento passou rápido até demais e logo estávamos na sala. Hoje faltou muitas pessoas,fiquei até surpresa quando ví a sala mais vazia,é como dizem: muitos entram,mas poucos permanecem. Havia uma cadeira vaga do meu lado direito e adivinha só? o descarado veio direto pra ela.
Henrique: posso sentar aqui?—disse fazendo meneio para sentar.
Liana: querendo. —digo sem nem ao menos olhá-lo. Porque todo cara rico é assim?se uma mulher não dar muita bola a ele como quase todas as outras dão, eles tomam a situação como um desafio,me sinto em um série americana para adolescentes. O professor começou a explicar anatomia,e ainda estávamos na mesma matéria tinha uma semana já,dado que a matéria é bem estendida. A anatomia humana estuda as estruturas e os sistemas do organismo humano, assim como os seus órgãos. E aí a gente tá estudando com modernos laboratórios, a fim de abrigar as peças estudadas,ou seja,a gente saí de sala e é bem legal,acho que consigo aprender melhor assim. Porém hoje a aula foi na sala mesmo,teórica.
Eu estava fazendo minha atividade ,mas não tinha como prestar atenção ,o Henrique não parava de bater a caneta na cadeira. Dessa vez eu olhei pra caneta dele,mas ainda não pra ele. Ele percebeu que estava me incomodando e  parou! me olhou,olhou pra frente,olhou minhas pernas e coçou a cabeça. E eu observando tudo de canto de olho,imaginando como homem é tudo igual mesmo. Incrível como eles não podem ver uma mulher arrumada .
Henrique: você deu uma mudada. —pareceu até que ele tinha lido os meus pensamentos.
Liana: eu estou do mesmo jeito de sempre... Só me arrumei mais hoje.—disse sem dar muita importância para ele.
Henrique: tô vendo...—havia maldade na voz dele e quando eu olhei para ele com olhar arguido,o vejo analisando minhas pernas na cara dura. Como eu estava de saia,quando sentada ficou curta e mais justa e por isso ele olhava.
Henrique: tá linda—diz e eu continuei calada olhando para a minha folha,se ele não perceber agora que eu não quero papo com ele,não vai perceber nunca mais. O sinal das nove bateu e eu saí. Fiquei esperando a Leticia no refeitório,em pé ,com o braço apoiado no balcão,a fila ficava do outro lado ,junto a comida e tudo mais . O lado do balcão onde eu estava era mais afastado. Era onde eu sempre fico esperando a Leticia pra a gente ir pra mesa,isso quando trazemos nosso próprio lanche,quando não,eu entrava na fila e quando ela vinha,eu a colocava na minha frente, várias pessoas ficavam putas,mas se falassem alguma coisa,já viu,ninguém era maluco de discutir com a Leticia. Tinha uma mesa próximo a mim e o triozinho da Angel sentou. Elas cochichavam falando de mim,claro. E pra melhorar o Henrique resolve vim falar comigo,porque ele não tem vergonha na cara.
Henrique: pô,tá me evitando?—estou até indignada com essa forçação dele.
Liana: quem? Eu ? — me fiz de doida mesmo.
Henrique: falei contigo,tentei puxar assunto à beça e você nem aí. —ele disse abrindo os braços,parecendo chateado com a minha “falta de educação” com ele.
Liana: só tava estranhando. —digo outra vez não dando a mínima para ele.
Henrique: estranhando o quê? — perguntou sorrindo. Não sei o que que ele está esperando que eu dissesse.
Liana: você estar falando comigo.—o sorrisinho dele não saiu. —Afinal ,não foi você quem disse que não conversava com favelada? —perguntei lembrando do dia que eu tentei conversar com ele,pedir para ele deixar de ser tão idiota comigo. E acho que ele lembrou que foi ele quem havia falado isso,o sorrisinho dele sumiu.
Henrique: desculpa,eu fui um idiota.—desculpou-se.
Liana: você ainda é!—digo agora olhando para a cara dele.
Henrique:eu só queria puxar assunto contigo. Na verdade eu só te elogiei e você me ignorou literalmente. Que bom que ele percebeu,mas vê só se ele não é um filho da puta muito cara de pau.
Liana: Vem cá Henrico…—zoei,com o nome dele porque ví um cara fora da faculdade o chamando assim e ele ficou putinho.
Henrique:Henrique— me corrigiu,de cara séria.
Liana: Henrico...— continuei pra irritar e ele revirou os olhos.— À três semanas atrás você estaria tentando puxar assunto comigo?estaria dizendo que eu estava linda? Não estaria né?! Você não estaria nem aqui falando comigo.—jogo as palavras com força nele,para que ele entendesse que eu não quero papinho com ele. Que nós não seremos amigos e nem muito menos algo a mais. Ele ficou calado,porque claro, eu tinha razão. E quando ele ia falar alguma coisa,o projeto de boneca Annabelle chamou pelo o nome dele.
Dulce:Cuidado com certas amizades maninho—ela destilou o veneno dela.
Liana: cuidado?—eu sussurro balançando a cabeça negativamente,sorrindo desacreditada.
Dulce: sim,cuidado,por quê? —ela balançava a cabeça em deboche.
liana: não entendi a parte do cuidado com certas amizades,algum problema comigo?  — nosso deboche era nossas armas,mas eu não iria deixar que ela especulasse que ele tivesse cuidado comigo como se eu tivesse alguma doença contagiosa.
Dulce: todos .— me encarou,olhando nos olhos,os olhos dela eram duas armas apontadas para mim. A leticia chegou,me olhou como quem pergunta: "o que está acontecendo aqui?"
Dulce: Senta ali com a gente Pietro, preciso falar uma coisa com você...—ela estava mesmo com medo que o irmão dela se envolvesse comigo?— E eu falei sério na parte do cuidado. —ela disse olhando para ele agora. — Uma vez favelada,sempre favelada. — disse agora me olhando. E eu concluí porque ela estava mandado que ele tivesse cuidado comigo,porque eu vim da favela. Além de arrogante é preconceituosa,ridícula.
Liana: uma vez invejosa frustrada,sempre frustrada. —eu rebato no mesmo estante. Ela virou que nem a menina do exorcismo, bufando. Mas não falou mais nada .
Leticia: arrasou.—ela disse sorrindo orgulhosa,enquanto eu falava o quanto não gostava nadinha dessa garota. Rimos e procuramos uma mesa pra sentar e comer em paz. Olhei pra mesa da Dulce e ela continuava junto com as amigas,mas o Henrique não estava mais lá.  De repente me vi procurando ele. E achei em uma mesa mais a frente,junto com os outros três amigos idiotas dele. Percebi que um deles não parava de olhar pra cá,era o André, um dos gêmeos. Fiquei sem jeito,porque parecia que ele não fazia de propósito,ele olhava sem querer,o tempo inteiro. Depois de uns segundos,eu percebi que não era eu quem ele tanto olhava e ficava sem jeito,era a Leticia ! dei um chute na canela dela,por baixo da mesa.
Leticia: que isso tá doida?—pergunta ao sentir meu chute na canela dela.
Liana: aquele amigo do Pietro não para de olhar pra você.—digo e ela começa a procurar.
Letícia: quem?—inquiriu sondando com os olhos.
Liana: disfarça né Letícia.—digo como se à verberando.—É o André.—falo para que ela pare de procurar,mais parecendo um peru levantando a cabeça.
Letícia: aah—faz som com a boca,como se eu tivesse dito algo sem graça.—Garoto mó sem graça. Sou bem mais o meu pretinho.—a Letícia é maluca pelo o Felipe,apesar de tantas e tantas brigas entre ambos.—Nem te contei né amiga?!—ela começa a mudar de assunto.—A Rafaela anda super estranha ,sério.—fala enquanto come.
Liana: estranha como ?—eu já não estava gostando muito da aproximação delas mesmo.
Letícia: sei lá,quer estar lá em casa sempre e me trás presente e tudo,tá? —ela conta e eu fico surpresa.
Liana: iiih…Sei não amiga,mas acho que esse santo quer reza.—digo realmente não confiando nem um pouco nessa aproximação dessa garota,ainda mais desse jeito trazendo presentes e tudo.
O tempo de intervalo acabou e a gente voltou para a sala normalmente. O resto da manhã foi tenso,porque tivemos prova e bom,prometi estudar no sábado,tive contratempos e não consegui estudar,ou seja,fiz a prova as cegas e seja o que Deus quiser. Até a limpeza da casa que estava marcado para o domingo eu não consegui fazer. Estávamos todos saindo e eu ajeitava minha bolsa enquanto saía da sala,quando eu escuto o Henrique gritar o meu nome. Ele estava com os gêmeos e outros dois amigos,eu mereço! eles ficaram um pouco afastados,enquanto o Henrique se aproximou de mim.
Henrique: eu quero te pedir desculpas.—eu estranhei e não consegui disfarçar.—Eu fui um babaca com você e quero concertar isso.—ah mas ele não concerta mesmo.—Olha,a gente vai fazer uma socialzinha nesse endereço aqui.—ele me entrega um cartão. E eu só pego por educação.—Por favor,aparece por lá com a tua amiga.—ele parecia meio sem jeito,mas continuava sem noção.
Liana: vou pensar.—digo e volto a andar.
Henrique: você vai me desculpar?—perguntou alto.
Liana: vou pensar também—eu não queria dar liberdade a ele,posso perdoá-lo pelas as vezes que ele foi um idiota,preconceituoso comigo. Porém sei que dar intimidade para ele não é nem de perto algo bom para deixar acontecer.
Fico esperando a Letícia sair,ultimamente ela tem demorado para sair e eu fico aqui plantada que nem uma bananeira. Até que escuto alguém assoviar, penso que não é para mim,mas olho por curiosidade e eu quase caio durinha aqui mesmo,as minhas pernas chegaram a tremer e eu gelei no mesmo estante,no tempo em que sinti um frio percorrer por toda a minha espinha,quando eu vi o Lucas,todo de preto dentro de um carro da mesma maneira também preto. Ele olhava para os lados como se procurando algo errado e eu fiz o mesmo. Ele me chama,eu penso em não ir e não vou,ameaço voltar para dentro da faculdade e quando reparo que ele iria descer para vim até aqui eu vou até ele quase correndo.
Liana: você tá maluco Lucas?—eu pergunto entre dentes com o coração na mão. Meu Deus,ele havia dito,o Terror me disse: “cada passo teu tá escoltado” e se ele estiver mandado que algum dos homens dele estivesse aqui de guarda hoje?meu Deus eu estou fudida.
Lucas: tá tudo bem,ninguém está vigiando a gente—ele me passa confiança. Ele já sabe que eu temo alguém—Entra no carro.—ele pede.
Liana: Não!—digo depressa,com força.
Lucas: a gente está seguro,pode confiar. Entra por favor,eu não vou embora sem conversar com você.—nesse estante eu me desesperei ainda mais e eu fui como se no automático,entrando dentro do carro dele. Pego meu celular e envio um mensagem para Letícia. “—Me espera là fora,estou resolvendo uma coisa,não vai embora sem mim—”
Nesse estante ele segura na minha mão,quando percebeu que eu estava tremendo.
Lucas: Liana,fica calma,confia em mim,a gente não está sendo vigiado.—ele repete como se tivesse a maior certeza do mundo.
Liana: como você sabe?você não sabe de nada!—eu estava tão nervosa que estava sendo meio grossa com ele.
Lucas: sim,eu sei muito mais do que você imagina.—nesse estante eu olho para ele,tentando entender do que ele falava.—Sei que você se envolve com um cara…Um bandido. Sei que ele te bate e sei de mais tantas coisas que talvez nem você saiba.—ele falou tudo,tão sério e pareceu tão sincero que eu até me assustei. Fiquei sem reação,sem palavras
Liana:quê? como?—eu estava com um ponto de interrogação enorme na cara.
Lucas: eu procurei saber Liana. Eu estava preocupado com você e não parava de pensar em você e…—ele falava tudo rápido,tentando se explicar,porém eu estava nervosa e minha cabeça não estava processando nada e eu tive que cortar a fala dele
Liana: calma,calma.—pausa e eu fecho os olhos tentando me acalmar.—Como assim você procurou saber? —ele mandou que me vigiassem também? percebi a expressão dele mudando,mas logo ele me respondeu.
Lucas: sim,eu fiquei preocupado com a ligação daquele dia.—eu respiro fundo,droga,a ligação,foi muita estranha mesmo. De repente eu lembro que eu vi ele com o Douglas no estacionamento.
Liana: você mandou que o Douglas me vigiasse?—eu concluo e percebo a expressão dele mudar novamente,como se eu tivesse descoberto algo que eu não poderia saber. Ele passou alguns segundos calado.
Lucas: como sabe disso?—ele pergunta apenas.
Liana: ví você conversando com ele em um estacionamento um dias desses.—tudo estava muito confuso na minha cabeça,eu precisava que ele me explicasse tudo direito. Eu estou começando a perder a confiança que eu tinha nele.
Lucas: sim. A gente já se conhecia,foi pura coincidência eu juro. A gente acabou se esbarrando,eu perguntei onde ele estava morando agora,fazia algum tempo que eu não via ele.—pausa.—Daí quando ele me disse que estava morando no Alemão eu fiquei maluco e consegui tirar algumas informações dele. Mas foi somente por um tempo,ele não faz a mínima que era eu quem estava com você naquele dia. —eu estava com a minha cabeça a milhão.
Liana: Lucas é bom você deixar de me procurar,tá bom?—eu digo tudo muito nervosa.—E por favor para de me mandar cartas.—nesse estante eu percebi o semblante dele murchando,ele ficou triste ?droga! eu fui insensível demais.—Olha,me desculpa,eu estou nervosa com tudo isso. Com você aqui.—confesso.
Lucas: eu fui sincero em tudo que eu disse naquelas cartas —ele disse batendo com a palma da mão no volante,mas devagar,calmo,com o olhar longe. Reparando nele assim tão de perto eu percebo o quanto ele é tatuado e forte,bonito pra caramba. E daí eu penso: porque as coisas têm que ser assim,tão difíceis para mim?. Eu só queria que ele tivesse entrado na minha vida em um momento diferente,antes de acontecer tudo que aconteceu. Eu não consigo retribuir a ele o que ele diz sentir por mim como bem descreveu nas cartas. Porque eu estou apaixonada pelo o cara cachorro,crápula que já me bateu e não quer me assumir. E por mais que agora ele esteja tendo atitudes diferentes,ainda assim se eu pudesse voltar no tempo para não ter vivido tudo que vivi,sofrido tudo que eu sofri e ainda sofrerei mais, ainda por cima. Eu voltaria facilmente atrás!
Lucas: esse homem não merece você. —ele me olha nos olhos balançando a cabeça negativamente.—Ele fez coisas Liana… Imperdoáveis!—ele disse isso de uma forma tão forte que eu senti algo estranho,não sei explicar. Se ele acabou conhecendo o Terror,imagino que deve ter pesquisado sobre ele e por isso está falando dessa forma. Porém eu sinto como se não fosse só isso,parece que tinha algo a mais que eu deveria saber naquelas palavras dele. Algo a ver comigo.
Liana: do que você tá falando? —eu já estava meio assustada.
Lucas: eu só quero que você saia de perto desse cara. Vem ficar comigo.—eu olhava para ele balançando a cabeça negativamente,desacreditada da loucura que ele estava me propondo.
liana: você está maluco!—digo. Eu queria que fosse fácil assim,eu queria poder ir com ele. Mas eu não posso! e não é o Thiago que me prende a ele,sou eu própria que estou presa por sí só,nele.
Lucas: eu tô!—ele diz com força me olhando nos olhos—Eu estou completamente maluco por você.—disse de um jeito que pareceu sincero demais. Tão sincero que eu fiquei sem palavras.—Liana,eu estou disposto a tudo por você.—eu continuava imóvel,petrificada nesse banco,meu peito subia e descia e nesse estante percebo ele reparando na minha respiração,na minha boca e eu começo a fazer o mesmo nele também,sem perceber.—Me desculpa pelo o que eu vou fazer agora,mas eu preciso disso tanto como oxigênio para respirar—só deu tempo que eu frazice o cenho confusa,antes de ele me surpreender com um beijo,que eu tentei resistir por alguns segundos,mas logo mais eu cedi. Eu estava submersa na minha própria confusão,eu mal estou raciocinando o que está acontecendo aqui. Eu estou morta,eu vou morrer,o Thiago vai me matar. O beijo dele era super macio,com gosto de bala de tutti frutti,com gosto de perigo,com gosto de:eu estou totalmente dividida e fudida. Eu me afasto depressa dele empurrando o seu peito.
Liana: você enlouqueceu Lucas?—eu pergunto meio atrapalhada,enquanto percebo ele sorrir.
Lucas: você retribuiu.—ele sorri feito um bobo.
Liana: Lucas,isso não deveria ter acontecido—eu estava deseperada.—Não me procura mais—foi o que eu consegui dizer antes de fazer menção de sair do carro. Até que sinto ele agarrando no meu braço me puxando para outro beijo,mas dessa vez eu não deixei.
Lucas:eu vou te dar o mundo—ele disse com os lábios próximos aos meus,nosso rostos quase colados.—A lua,a porra das estrelas. Qualquer coisa que você pedir,é seu! eu posso ser seu!—eu olhava dentro dos olhos dele,tentando assimilar que um homem como ele estava mesmo dizendo tais coisas para mim. Era estranho,assustador dado as condições que eu me encontro,porém era muito bom de se ouvir. Ele me entrega um cartão,o número dele. Disse que era só ligar que ele estaria aqui para mim e eu apenas saio do carro quase correndo,as pressas. E só quando ele deu partida eu consegui soltar o ar que estava prendendo. Meu Deus,o que foi tudo isso que acabou de acontecer aqui?

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