capítulo 30°- "hospital"

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Liana.

Estava em casa,já de banho tomado e deitada lendo um livro porque eu não conseguia dormir. A Letícia foi dormir com o Felipe,como já era esperado,foi contrariada,mas foi!
De repente escuto trovões lá fora,me pergunto como assim se à algumas horas atrás o calor estava matando e do nada,trovões. Percebo o vento sacudindo a cortina da janela e vou até lá para fechar,mas não antes de reparar o quanto o céu estava fechado,a lua cheia cobre o céu, entre os relâmpagos que cortam as nuvens,parecia um filme de terror.
Liana:credo,tá vindo uma tempestade.—falo para mim mesma, tentando não lembrar-me que tenho medo e que pior,estou sozinha,certeza que o Terror não dormirá em casa hoje,dado ao love que ele estava com aquela mulher.
Desço até lá embaixo e certifico-me se as janelas estão bem fechadas,para prevenir que a água não entre para dentro e encharque a casa inteira. Pego logo um copo de água e levo para cima,para não precisar descer,porque decerto eu vou ficar escondidinha debaixo das cobertas,torcendo para que a chuva passe logo e pedindo a Deus que proteja as pessoas da comunidade. As chuvas aqui são muito arriscadas,porque o risco de deslizamentos é enorme. Quando chove bastante por várias horas ou dias, a água se infiltra no solo com uma velocidade maior do que sai do solo, por percolação (escoamento dentro do solo) ou evaporação. A resistência mecânica do solo diminui bastante com a saturação, e daí surge a possibilidade de rupturas. Então, o deslizamento pode acontecer dias depois do início das chuvas, mesmo numa hora em que a chuva seja fraca ou mesmo quando não esteja chovendo. E aqui não temos ajuda de prefeitura nenhuma,antes ainda tínhamos,pelo o pouco que lembro,mas nunca fez muita diferença,então o Terror não deixou que eles continuassem,agora ninguém mais entra aqui sem que ocorra uma chuva de bala. Então quem resolve esses problemas é o próprio Terror.  E bom,tem dado certo,os riscos de deslizamentos e rompimentos de casas ainda existem,claro,e todos os moradores ainda ficam muito apreensivos em período de chuva forte,porém tem diminuído muito os casos de alagamento,rompimento de casas e deslizamentos aqui no Alemão.
Um relâmpago iluminou todo o meu quarto,de seguida de um trovão alto,me fazendo cobrir dos pés a cabeça outra vez,por longos segundos. Quando eu estava prestes a sair de debaixo das cobertas,dado que não estava mais ocorrendo trovões altos,sinto uma mão agarrar o meu pescoço de forma precisa. Meu susto foi tão grande que de imediato eu emiti um grito suspenso e assustado. Não escutei passos entrando no quarto,nem abrindo a porta,talvez por causa dos trovões,mas sei que essa pessoa deseja me matar ao que parece.
A coisa apertava o meu pescoço e não só pela pressão,mas também pelo o pano,que me cobria dos pés a cabeça e ele me agarrara por cima da coberta,então eu não conseguia respirar muito bem,mas quando um cheiro irreconhecível conseguiu passar pelas as minhas narinas,eu soube de quem se tratava. Era o cheiro do Terror! Começo a espernear e quando ele enfim tira a mão do meu pescoço,e com dificuldade eu tiro a coberta de cima de mim,eu o olho constatando se era ele mesmo. E quando o vejo,não sei fico feliz por não ser um fantasma,ou se fico ainda mais assustada por ainda ser pior,por ser um demônio.
Os olhos dele vermelhos como fogo,maconha!decerto.Porém a maconha não o deixava assim e ele não usa muita droga pesada se não há algo o incomodando. Algo o incomoda e se esse algo não for eu,não vai fazer muita diferença,porque é em mim que ele vai descontar.
Terror:você veio embora cedo por quê?—ele perguntou,mas eu sei que ele já havia formulado algo na cabeça e eu sinto que não é o que de fato aconteceu. Eu sentei na cama de imediato,saindo de perto dele.
Liana: eu vim para casa com o Felipe e a Letícia.—disse apenas,eu estava com medo!
Terror:eu…eu quero…—ele tinha um olhar que eu não conseguia ler.  Então subio na cama vindo na minha direção que nem um bicho,e eu fui me afastando ainda sentada,arrastando nos lençóis até me encontrar encurralada na parede. Ele então agarrou no meu pescoço outra vez e me arrastou para fora da cama,me jogando no chão.
Liana:Por que está me batendo se eu não fiz nada?—perguntei, agora com raiva.
Terror:cala a boca.—ele deferiu um chute,seguido de outro na minha costela,eu gritei alto e senti minha visão escurecer no mesmo estante,tamanha foi a dor. —Eu…eu quero que você morra.—ele estava descontrolado,mas acima de tudo,perdido!o olhar dele era extraviado,havia confusão neles. O vejo colocar as mãos na cabeça,estava chorando!
Liana:Thiago…—minha voz já estava fraca,tinha gosto de sangue na minha boca.
Terror:não não não sua vagabunda. Não me chama pelo o nome.—disse,ele precisava de um banho de água fria para melhorar um pouco mais.
Liana:Thiago…—chamei outra vez e ele me olhou,eu o encarei dentro dos olhos.—Tá tudo bem…Você não tem culpa de sentir e eu não tenho…também.—minha voz estava falhando.
Terror:não me olha nos olhos.—ele disse em tom rude mas vidrado em mim.
Liana:não me machuca por…por algo que eu não tenho culpa.—eu pedi outra vez o olhando dentro dos olhos,porque sentia que assim parecia que causava uma certa compaixão nele,ele voltava a real, pra vida real. Ele observa meu corpo inteiro,coloca a mão na cabeça novamente,como se enlouquecendo,como se percebendo agora o que fez e minha visão ainda escurecendo.
Terror:você…eu…você está sangrando.—ele vem até mim e me levanta nos braços e me tirando do chão,para me por encima da cama.
Liana:Aaai.—meu grito de dor foi alto e padecido.
Terror:eu…—ele realmente não estava em sí.—Porra o que foi que eu fiz?Desculpa.—só aí eu percebi que ele voltou em sí agora.—Você tá sangrando.—ele completa,meio nervoso.  E só então eu percebi o quanto ele estava lunático,foi quando ele sentou do meu lado na cama e começou a chorar.
Liana:shhh.—pedi para ele se acalmar,passando minhas mãos em suas costas,como se dizendo que estava tudo bem. Na minha boca ainda continha gosto de sangue e minha cabeça estava girando, eu acho que eu estou prestes a ter uma queda de pressão.—Eu posso te perdoar…eu posso.—disse.
Terror:eu não mereço.—falou com as mãos na cabeça.
Liana:você só precisa parar de me machucar e eu posso tentar…tentar te perdoar.
Terror:eu não gosto do que você causa em mim…As vezes eu quero que você morra,quero matar você com as minhas próprias mãos.—ele confessou e eu escutava tudo como se fosse um sonho.
Liana:então…— agora eu tossi e senti que veio sangue.—Por que não me deixa ir?
Terror:Porque eu não consigo,porque você não quer.—a convicção dele me fazia acreditar até mesmo se no fundo eu também não achasse isso.
Liana: então tenta…tenta melhorar.—meus olhos pesavam.—Eu posso te ensinar.—agora ele me olha.
Terror:você acredita que eu possa ser melhor?—os olhos dele era como o de uma criança que acabara de ver um presente dos sonhos.
Liana:sim…Eu acredito.—eu tentava com todas as minhas forças continuar consciente.
Terror:tu teria paciência comigo?—eu juro que achava que já estava delirando quando eu escuto ele me perguntando isso. Ele acabara de me dar dois chutes certeiros, que pela a dor,a tontura e o gosto de sangue na boca, algo deve ter quebrado. E eu estou aqui,o dizendo que acredito que ele possa mudar para melhor,que eu o ajudarei.
Liana:toda…—sussurrei.
Terror:caralho,me desculpa.—pediu ainda nervoso.
Liana: Thiago…eu…eu acho que vou desmaiar. —disse e de repente eu não vejo mais nada.  Ainda escuto a voz dele chamando o meu nome desesperado, mas nem parece real.
E isso é tudo o que me lembro,depois de abrir os olhos e ver algumas luzes que me incomodavam,minha boca com gosto de ferro e tudo em mim doía,respirar doía.
Letícia:amiga.—escuto Letícia me chamar baixinho e logo ela me aparece no meu campo de visão,mas ela estava rodando.—Graças a Deus que você acordou,eu estava preocupada,olha o médico disse que estava tudo bem,você não ia morrer nem nada,mas você não queria acordar,eu achei que você nem fosse mais acordar.—ela não parava de falar.
***:ela acabou de acordar,tomou remédios fortes para dores,ainda está meio tonta.—uma mulher que eu não conhecia a voz começou a falar.—Não é bom ficar falando muita coisa perto dela e nem muito menos perguntado nada.—acredito que era uma enfermeira e estava repreendo a Letícia que parecia estar muito preocupada comigo.
Letícia: Desculpa.—pediu.
Liana:onde eu estou?—perguntei de olhos fechados, abri-los doía
Letícia:no hospital amiga,aqui no Alemão mesmo.—agora eu a olhei e depois para a enfermeira.—Ele quase te mata dessa vez,aquele traste.—agora a enfermeira lança um olhar reprovador para ela que fica calada de emediato.
Enfermeira: Liana,você está com duas costelas quebradas.—eu a olho preocupada,pois sei o quanto isso é perigoso e poderia e ainda pode custar a minha vida.—Calma,está tudo sobre controle,ok? o médico já está chegando para te explicar melhor o seu estado. Ela saí pela a porta enquanto eu ainda fico processando na minha cabeça o fato de que o Terror quebrou duas de minhas costelas,eu poderia ter morrido,talvez,escapei por um triz.
Médico:olá,Liana Moura?—um homem alto e bem distinto se aproxima com uma prancheta nas mãos, eu tento sorrir  simpática para ele,mas bem,eu estou com muita dor,sorrir não é uma boa opção essas horas.—Você teve duas costelas quebradas e olha,eu não sei como você conseguiu fazer isso,mas escute,já pode ir agradecendo aí seu anjinho da guarda,porque por porco não te custou sua vida.—ele era bem extrovertido.
Liana:mas…eu ainda corro risco de vida…ou…ficar com alguma deformidade na minha postura?—eu estava preocupada.
Doutor:Como eu disse,você teve uma baita sorte. Porque por sorte,não danificou nenhum dos vasos
sanguíneos e nem lesionou os pulmões e órgãos. Não ocorreu de nenhum dos ossos da costela ficassem separados ou borda irregular, então é mais simples de resolver,não tendo grandes riscos para saúde.—ele disse e eu respirei um pouco mais aliviada,dado que pelo o contrário isso me causaria muito mal em questão de qualidade de vida.—Pra tratar não vai precisar de cirurgia,você é jovem e como não foi nada muito grave,com o tempo e o cuidado certo,você vai ficar novinha em folha,tá bom? vamos tratar com medicamentos analgésicos para aliviar a dor, além de repouso. Geralmente as pessoas com costelas quebradas precisam de fisioterapia também,mas por sorte,você não vai precisar.—eu e Letícia prestavamos bastante atenção em tudo que ele falava.—Vai ser normal você sentir dor no tórax, que piora com a respiração ou palpação do tórax;dificuldade respiratória;hematomas no tórax;mas se fazer todas as recomendações que eu passar,não vai demorar muito para ficar boa logo. Você ficará internada por uma semana tá bom?mas vai ter que ficar em observação e repouso em casa por mais ou menos um mês ainda.—eu apenas assenti,concordando com tudo.
O médico enfim saiu e a Letícia junto da ajuda da enfermeira me ajudaram a tomar banho,eu fiquei morta de vergonha pela a enfermeira,mas fui! Pelo o que os meus olhos alcançavam eu estava toda rocha na área da costela. Dois chutes dele me custaram duas costelas,que loucura! poderia ter me causado várias complicações sérias,sem contar que eu podia ter morrido.

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