quatorze

777 94 90
                                    

Olá!

Estou só a derrota hoje então não tenho muito o que dizer.

Boa leitura

.

Apesar de estar com uma pulga atrás da orelha que fiz o esforço de ignorar enquanto não tivesse um tempo com Lauren, eu estava feliz.

Porque você é gay.

Ah, ressuscitou a margarida.

Um pouco ofegante com aquele beijo.

Desmaiou?

Fiquei molinha. Ela vai nos matar.

Você gosta.

Nós amamos. Socorro derretemos.

Não vamos falar sobre essa parte.

Lauren andava grudadinha comigo. Ela ter problemas com contato físico parecia um delírio antigo, mas eu não me atrevia a tocar nela mais do que visivelmente me dava abertura no momento. Sua firmeza em mim era o suficiente.

Ela passou o resto da manhã em silêncio, mas parecia feliz em ficar comigo. Era quieta como sempre a vi e suas expressões eram simplesmente bravas, sua forma natural.

Parecia alheia, mas ainda a flagrava me encarando algumas vezes. Lauren como eu estava acostumada a ver.

— Vamos para casa – avisei – não vou ter mais aulas hoje. Podemos almoçar e... não sei. O que quiser.

Ela me encarou com seus olhos tão abertos que parecia tentar me enfiar dentro daquele verde intenso e me engolir.

— O que você quer? – perguntou lentamente, prenunciando cada letra de palavra.

— Eu fico feliz em ficar perto de você – revelei.

GAY.

Isso é óbvio.

— Hm... – fez Lauren sem deixar de me encarar profundamente e assentindo segundos depois e continuando a andar, me levando por estar grudada a ela – você quer transar?

Engasguei em minha própria mente e travei. Lauren olhando minha cara ficando vermelha com aquela expressão de nada.

— Eu não... não... uh...

Ela piscou uma vez antes de apertar os lábios fechados, mordendo o inferior antes de falar:

— As meninas dizem "ah, ela é só um bebê inocente", mas eu não sou – sua voz foi lenta e firme – não sou.

Fiquei em silêncio apenas a olhando. Lembrei de cada coisa que aconteceu até ali. Lauren agia com muita certeza de seus atos. E estava completamente ousada e decidida em ser uma mulher comigo.

Ela não tinha inocência alguma. Como tinha perdido ela em seus quatorze anos de isolamento?

Pessoas crescem, Camila.

Sim.

Não me dei ao trabalho de discutir comigo porque ali, naquele momento, ela estava tratando de algo aparentemente muito importante.

Ela não queria ser tratada como uma criança inocente. Lauren queria mostrar que era uma adulta e dona dela mesma, uma mulher no controle de sua vida.

Esse tratamento infantil e completamente preocupado a aborrecia.

Assenti.

— Sim, você é uma mulher – concordei ainda que insistisse em martelar a estranheza dos quatorze anos contra minha própria mente incrédula – mas não precisamos fazer todas as coisas de adulto de uma vez. Não precisa mostrar que cresceu, eu vejo isso.

LIVRO 1 - estranhamenteWhere stories live. Discover now