LIVRO 1 - estranhamente

dez

Olá!

Voltei.

Como vocês estão? Estou felizinha porque valeu muito voltar aqui tantas vezes ontem. Geralmente se a gente volta mais de uma vez os comentários diminuem.

Esses aqui vocês vão gostar. Quero até ver vocês falando sobre.

Boa leitura.

.

Assumi a batalha porque aparentemente apenas eu entendia e me importava.

As meninas disseram "deixa ela", mas eu não gostava daquela solução. Soava como um abandono ao que quer que ela estivesse sentindo.

Elas nem procuraram saber.

E eu sabia.

Minha mente foi a primeira a gritar:

VOCÊ SABE!

E no caso, dessa vez acatei.

- Vamos, Lauren, eu prometo que dessa vez eu te acompanho e até te apresento alguns amigos - ofereci.

Estava tentando convencer Lauren a ir para a faculdade, porque a mulher estava embolada embaixo do edredom, agarrada ao travesseiro enquanto insistia que nunca mais iria sair de casa.

Mesmo ela tendo se esquecido que tecnicamente teria de sair de casa, já que eu tecnicamente expulsei ela do apartamento.

Mas vamos dizer que eu também meio que esqueci isso.

Ninguém sabia além de nós, e se nós não sabíamos era porque não aconteceu.

Certinho.

Estamos em sintonia hoje?

Certinha.

- Tinha aquela menina - Lauren contou, falando tão rápido que mal entendia, sua voz saindo abafada pela coberta - ela tentou falar comigo, mas... ela me tocou e... e eu odeio que me toquem... então eu fugi.

Ah, então foi isso que aconteceu...

Eu já tinha ouvido falar muito sobre essa aversão a contato humano que Lauren possuía, mas não sabia que era tão grave assim.

Parecia mais uma frescura que qualquer outra coisa. Não-me-toques de gente mimada.

Pelo menos até agora.

Mas eu disse...

Sim, sim.

Porque visto como ela ficava agressiva, provavelmente eu deveria levar isso a sério. Ali estava mais um traço.

Meu Deus!

Você sabe, Camila! Você sabe!

Sei sim, mas não posso...

Pode sim!

Não, não posso!

Vá em frente, só vá.

Respirei fundo.

Eu estava sendo uma péssima futura-profissional, minha mente estava certa e eu tinha de dar atenção a isso. As pessoas têm seus problemas e tudo que afeta alguém deve ser levado a sério, incluindo isso.

Se ela diz que odeia toques a ponto de machucar alguém ou fugir, então ela odeia muito toques e ponto final.

Ou melhor, não tão ponto final assim.

- Lauren... - murmurei - por que não gosta de toques?

A ouvi fungar.

- Dói - ela respondeu em mesmo tom - é estranho. Não gosto.