Capítulo 48

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Quando Angélica chegou no hospital, a primeira coisa que encontrou foi Miguel sentado sem uma cadeira, desolado. Olhou para Ramiro antes de ir até o homem em passos largos. Ele não percebeu sua presença, absorvido demais por todos os seus pensamentos. Angélica se ajoelhou na frente dele, os olhos verdes encontraram os dela. Estavam vermelhos e inchados. Ele começou a tremer, os lágrimas saindo como uma enxurrada. Angélica o puxou para ela, se sentando ao lado dele com rapidez.
Ela não sabia o que tinha acontecido.
Pedro Antônio tinha sido avisado por Oxente sobre o que tinha acontecido e agora toda a família voltava das pequenas férias para a realidade.
— Familiares de Fabiana? — um médico alto o chamou.
Angélica se levantou segurando a mão de Miguel. O médico olhou para eles e suspirou.
— Queiram me acompanhar, por favor.
A ruiva serviu para apoio para ele. Ela olhou rapidamente para trás a tempo de ver Pedro e Fernanda para fazer companhia para Ramiro. Entrou do Miguel na sala do médico e se sentou. Miguel secou os olhos com a mão, ainda um pouco tremulo.
— Como está meu filho? — ele perguntou em um sussurro preso em sua garganta.
O médico olhou para Angélica rapidamente.
— Gostaria de me apresentar, sou o Dr. Vinícius. Eu atendi a sua esposa quando ela chegou na emergência.
— Não é minha esposa, é minha ex-namorada... — Miguel explicou um pouco transtornado. — Meu filho... quero saber...
— Sim, Fabiana estava com a gestação entrando em seu sétimo mês... nós conseguimos fazer um parto de emergência e o bebê está agora em uma incubadora a unidade de cuidados intensivos.
— Ele está bem? — Angélica arriscou perguntar.
— É um bebê muito frágil, pequeno, que vai precisar ficar aqui em nossos cuidados até ter condições de ir para casa. Queremos fazer alguns exames para ter certeza que tudo se desenvolveu como devia.
Angélica apertou a mão de Miguel. Olhou para ele, mas ele tinha a cabeça baixa, nunca tinha o visto tão transtornado. Que dor ele estava sentindo? Gostaria de tomar todo aquele sofrimento para ela.
— E Fabiana? — ouviu a voz dele.

Angélica viu o médico respirar fundo antes de continuar.
— O paramédico que a atendeu no local disse que ela ficou inconsciente no local... — ele começou.
— Sim. — Miguel afirmou, começando a levantar o rosto para olhar o médico.
A ruiva sentiu como se ele soubesse o que o médico ia falar. Era como se seu corpo se preparasse para a terrível notícia de que o pior tinha acontecido.
— O senhor entende o conceito de morte cerebral? — o médico perguntou delicadamente.
E a partir daquele ponto ela sabia que Miguel já não ouvia mais nada. Angélica sentiu os olhos queimarem com a notícia. Fabiana estava morta. Morta por um estúpido bêbado. Em um piscar de olhos. A ruiva olhou para Miguel, a expressão era de dor, a mão no peito como se tentasse tirar a faca de dentro dele. Infelizmente era algo que não sairia.
O médico falou e falou, mas ela sabia que era por puro protocolo. Quando ele acabou, se levantou.
— Eu sinto muito pela sua perda. — ele disse. — Eu vou dar o tempo necessário para vocês, estarei do lado de fora.
Quando o médico saiu, Angélica viu Miguel a olhar. Devagar ela se levantou e o envolveu. Ali os dois choraram a perda de alguém que eles poderiam facilmente odiar, mas não seria deles. Fabiana poderia ter feito o pior, mas ela se arrependeu, ela se redimiu. E ela tinha um filho. Um filho com Miguel.
Angélica segurou o rosto dele entre as mãos, e Miguel a olhou.
— A gente tem que ser forte agora... pelo o menino. — ela sussurrou.
— Meu filho... — ele chorou de volta.
Angélica se colocou de pé e antes que pudesse evitar, Miguel encostou a cabeça em seu ventre. A ruiva foi tomada por um impulso de falar sobre a própria gravidez, mas sabia que aquele não era o momento. Nunca imaginou que estaria vivendo uma situação como aquela no momento que deveria ser o melhor de sua vida com seu noivo.
— Vamos pedir para ver o menino. — ele falou.
Juntos, saíram do consultório e viram o médico assinando uns papéis. Vinícius olhou para eles e colocou a caneta no bolso do jaleco.
— Quero ver meu filho... — Miguel pediu um pouco sem jeito.

Chão de GizWhere stories live. Discover now