Capítulo 18

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Era sexta-feira, véspera da viagem. Podia ser só um dia de muita animação, mas naquele momento ela estava com Berenice enfiada no seu quarto. Tinha chamado a amiga para jantar com eles, mas a verdade é que queria a opinião dela para as roupas que tinha comprado. Miguel estava na cozinha com Duplex fazendo o jantar, as deixando a vontade.

Berenice estava sentando na cama da amiga enquanto a ruiva trocava de roupa e se olhava no espelho, analisando todos os ângulos.

— O que acha desse? — ela perguntou.

— Combina bem esse vermelho com você, para um jantar romântico assim... — Berenice provocou, achando graça do nervosismo da ruiva.

Angélica apenas revirou os olhos. Olhava seu corpo no espelho, analisando seu formato. Ela tinha criado corpo cedo, chamando atenção dos homens desde nova. Por anos se curvava para que não repararem nela, mas agora, aos olhos de Miguel, ela queria se sentir mulher. Bonita, desejada, sedutora.

— Acha que ele vai gostar? — Angélica perguntou enquanto tirava o vestido e colocava em cima da cama.

Ficou de lingerie velha na frente da amiga, que riu.

— Ele vai amar seu vestido, mas e por baixo você vai usar o que? — Berenice perguntou, vendo uma sacola intocada ainda.

Angélica sorriu como se tivesse aprontado e puxou a salada. Sentou-se ao lado de sua amiga e tirou três peças da sacola. Eram três conjuntos de lingerie de renda, branca, vermelha e preta. Berenice olhou para a amiga com um sorriso animado.

— É isso mesmo que eu estou pensando? — Berenice perguntou. — Você e o Miguel...

— Não! — Angélica respondeu rápido antes que a amiga tirasse conclusões precipitadas. — Não é nada disso... eu só queria... não sei... estar preparada?

Berenice soltou um riso alto e bateu palmas, assustando a ruiva, que tratou logo que acalmar a amiga para que não chamasse a atenção de Miguel.

— Calma, criatura! — Angélica falou.

— Como manter a calma com uma novidade dessas? Você finalmente percebeu que o Miguel é o homem que você estava esperando.

Angélica ficou sem graça e desviou o olhar. Desde seu aniversário as coisas entre eles pareciam ter mudado.

Depois que dançaram, não voltaram a se tocar, provavelmente a tentação era grande demais. Mas isso não significou que ele não passou o resto da noite a olhando de um jeito diferente que faziam suas pernas ficarem bambas.

— Acho que Miguel é diferente... ele me faz sentir diferente... eu quero que minha primeira vez seja com ele, sim.

Berenice abriu um sorriso enorme e pegou a mão da amiga.

— Eu tenho certeza que ele também quer muito... está no olhar dele que ele te ama, amiga...

— Você acha mesmo?

— Tenho certeza.

Angélica olhou para suas mãos unidas.

— Eu ainda não sei se estou pronta para falar a palavra amor...

— E ele vai respeitar seu tempo, mas não se esquece que gestos dizem muito mais que palavras... os gestos de vocês falam mais pro mundo inteiro do que qualquer declaração.

Durante o jantar, a conversa era fácil. Duplex e Miguel contavam algumas histórias de seus trabalhos, fazendo as duas rirem. Angélica não conseguia parar de olhar para Miguel. Gostava de vê-lo falar das coisas que amavam, os olhos verdes tinham um brilho maior quando ele estava movido pela paixão. Seus olhos inevitavelmente desceram para os ombros largos e os braços fortes marcados pela camiseta preta. Angélica então olhou para as mãos dele, um contraste tão grande, capaz do toque mais suave e do soco mais forte como ela já tinha visto. Sua mente entrou então em um território perigoso, essas mesmas mãos seriam capazes de toca-lá em seus lugares mais íntimos? Passear pela sua pele como o protagonista daquele livro que leu fazia com sua amada?

Bloqueou esses pensamentos antes que ficasse vermelha e a mesa toda percebesse. Voltou o foco para a conversa animada, tentando controlar os efeitos de seu corpo.

Mais tarde, depois que os amigos tinham ido embora e Miguel já tinha se retirado para dormir, Angélica parou na frente do seu espelho. Usava a lingerie preta. Contra a sua pele clara o contrates era forte. Ela nunca tinha usado algo assim. Se sentia bem, confiante. Dava voltas e se olhava de todos os ângulos. Pensava se Miguel ao menos veria essas peças.

Estava tão envolta em seus pensamentos que não percebeu a porta se abrindo devagar.

Miguel tinha esquecido de avisa-lá que horas iam acordar, para ela colocar um despertador caso ela quisesse. O que ele viu o pegou de surpresa. Ele tentou desviar o olhar, mas não conseguiu. Ela estava como uma deusa no meio do quarto.

Quando Angélica percebeu que ele estava ali, correu para pegar o roupão em cima da cama e se cobriu. Miguel desviou o olhar sem graça e ela riu.

— Desculpa. — ele falou. — Eu devia ter batido.

— Imagina. — ela riu sem graça, prendendo mais ainda o roupão ao seu redor.

— Eu avisar que vamos sair uma cinco da manhã, são três horas de viagem... melhor sairmos cedo para não pegarmos trânsito.

— Está certo... eu só... — ela não sabia o que estava fazendo. — Eu já vou deitar já.

Miguel sorriu. Ele ia fechar a porta e dar boa noite, mas ele sentiu a necessidade de falar o que estava em sua cabeça.

— Você está linda. — ele falou. — Prometo que não fiquei olhando muito, mas o que eu vi...

Ela olhou para ele surpresa.

— Gostou? — ela perguntou levemente ofegante. — Eu não sei se...

Ela parou a frase quando viu ele se aproximando com um olhar sério. Miguel a pegou pelos ombros e a virou para o espelho. Ele a olhava através dele, seu olhar verde escurecendo aos poucos. Angélica não conseguia nem piscar.

— Nunca... — ele enfatizou — duvide que você é maravilhosa.

Miguel a envolveu por trás, mantendo certa distância para que ela não percebesse o efeito dentro de sua calça, os braços ao lado de sua cintura e as mãos indo até o laço do roupão. Ele desatou o nó, a peça se abriu revelando parcialmente sua pele. Miguel levou as mãos até os ombros dela, empurrando o roupão devagar, vendo-o cair e revelar a figura que dominava seus sonhos.

Angélica o olhava atenta e ofegante, seu corpo queimava por ele, a região entre suas pernas chegava a doer. Não havia certeza maior dentro dela, queria ser dele. Se ele a desejava igual não sabia, mas sabia que não seria bom com nenhum outro. Miguel era o homem.

Ele desceu os dedos por seus braços em um carícia suave, ela sentiu o corpo arrepiar e fechou os olhos. Sentiu a respiração dele em seu pescoço, a boca dele próximo ao seu ouvido.

— É maravilhosa por dentro e por fora. — ouviu a voz dele rouca.

Miguel olhou para ela através do espelho de novo, ela estava vermelha, os olhos fechados, a boca entreaberta. O desejo dela não era mais uma dúvida para ele. Angélica abriu os olhos e olhou para ele. Quando sentiu que ele ia se afastar, segurou a mão dele em seu braço.

— Obrigada. — ela falou com um tom de voz que nunca tinha escutado sair dela. — Você também é maravilhoso.

Miguel sorriu para ela e beijo o topo de sua cabeça. Saiu do quarto a olhando, sorrindo. Quando ele fechou a porta e ela escutou ele descer as escadas, se jogou na cama, balançando as pernas no ar. Um sorriso enorme em seu rosto, seu corpo em festa. Miguel tinha a visto de lingerie preta e a achou maravilhosa. Era isso que ela precisava para se assegurar que se tentasse, ele não a rejeitaria.

A personalidade sedutora da Poderosa dentro dela bateu palmas.

Chão de GizWhere stories live. Discover now