Capítulo 37

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Depois daquela crise de choro, Ramiro perguntou o que tinha acontecido. Ela alegou uma crise de enxaqueca qualquer, qualquer coisa que o fizesse simplesmente a deixar quieta. E ele deixou, dizendo que ficaria em casa para caso ela precisasse ir no médico. No dia seguinte, Angélica agiu como se nada tivesse acontecido. Fernanda e Tobias ficaram preocupados com sua saúde, Tobias em especial por tê-la deixado no restaurante, mas quando Angélica acordou na manhã seguinte mais distante do que os outros dias.
E no dia seguinte, mais distante que o anterior. E no dia seguinte... e no dia seguinte... até que Angélica passou a ser uma estranha para Ramiro e para Fernanda. Ela não queria fazer as refeições junto, não queria conversar sobre seu dia. Estava indo trabalhar de táxi para não pegar carona com Fernanda, a loira já nem fazia mais questão.
E mais duas semanas formaram um mês. Um mês desde que sua vida virou de cabeça para baixo. Agora Fabiana já estava com quase 4 meses, Bernardo fazia questão de falar, mesmo sem ela querer saber. Berenice nunca mais ousou falar com ela, Miguel havia sumido do mapa.
No final das contas ela conseguiu o que queria: afastar todos de Bernardo.
— Faltam duas semanas para você ir morar comigo. — escutou a voz dele a tirando de seus pensamentos.
Angélica tinha sido convocada para ir a um jantar de negócios de Bernardo. Teve que rir com as esposas e aturar piadinhas dos maridos.
— Eu sei, não precisa me lembrar.
— Acho que preciso... você precisa ser uma noiva mais amável na frente dos meus convidados.
Ela se virou para ele com nojo.
— O que você quer? Que eu te abrace e te beije? — ela perguntou com raiva.
— Não. — ele disse rapidamente. — Eu vou manter uma parte do acordo que fizemos, você só precisa sorrir mais.
Ela revirou os olhos e olhou para o lado de fora do carro, querendo estar em qualquer outro lugar.
E naquelas últimas duas semanas, Angélica não era a única querendo fugir da realidade. As coisas com Fabiana iam cada vez mais difíceis, e Miguel sentia que teria que entrar na justiça para garantir os seus direitos como pai.

A patricinha continuava com a ideia de conseguiria fazer com que Miguel se casasse com ela. Fabiana nunca esteve tão enganada, ele pensou, enquanto lia os novos documentos que seus advogado lhe mostrava e que iria enviar ao juiz para começar o processo contra Fabiana.
— Se você ganhar esse processo, isso já vai nos ajudar muito. — Miguel escutou a voz de Tobias.
O irmão de Angélica estava na sua casa. Nas últimas semanas eles vieram se encontrando para tentar discutir quais poderiam ser as ameaças que Bernardo poderia estar fazendo contra a ruiva, e como eles poderiam se garantir para poder tirar Angélica desse enrosco que virou sua vida.
— Acha que Bernardo pode ter ameaçado com isso? — Miguel perguntou.
— Provavelmente, isso deixaria o caminho livre para Fabiana também.
Miguel olhou para a pilha de documentos e suspirou.
— Mas isso não explica a briga com Berenice e com seu pai. — o agrônomo falou, cruzando os braços.
— Eu sei que não... mas com certeza ele usou os dois também...
— Talvez Bernardo tenha ameaçado o Caio? — Miguel pensou.
— Acha que pode ser isso?
— Elas brigaram bem no dia do jogo teste do garoto, pode ter alguma relação com a carreira dele?
Tobias ficou pensativo, e se esse fosse o caso, já teria a solução.
Angélica caminhava com firmeza para onde o técnico do time infantil estava. No campo, Caio jogava com perfeição no treino. Estava orgulhosa do menino, ele tinha se destacado muito e o assunto na diretoria era garantir um contrato para ele logo. Só que para Angélica, garantir um contrato logo não seria rápido o suficiente, ela queria esse contrato para ontem, só assim poderia garantir que Bernardo não influenciaria mais na carreira de Caio.
— Dona Angélica. — o técnico a cumprimentou com um sorriso.
— Bom dia, Carlos. — ela retribuiu. — Eu vou ser bem rápida. Quero que arrume um contrato em um time grande para o Caio.
— Um contrato? — o homem perguntou sem entender.
— É. Eu quero o Caio garantido em um time grande, o maior.
Carlos riu e coçou a cabeça.
— Com todo respeito, Dona Angélica, mas o menino acabou de entrar.

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