Chão de Giz

Capítulo 20

Miguel sorriu e a puxou para um novo beijo. Ele não sabia da onde vinha a coragem dela, mas sabia que ela tinha lhe dado sinal verde para os beijos. E isso já podia ser considerado prêmio de loteria. Ela retribuía o beijo com entusiasmo, mas Miguel sabia que ela estava tão nervosa com essa mudança quanto ele. Se afastou e a segurou pelos ombros. Ela estava ofegante, mas com um sorriso maravilhoso no rosto.

— Você tem certeza disso? — ele perguntou.

— Tenho. — ela disse com firmeza, segurando na mão dele. — Vamos voltar para a mesa?

Miguel se deixou guiar por ela, aproveitando para apreciar aquele corpo que vinha ocupando sua mente mais e mais. Agora que ela tinha dito que ela queria que ele a beijasse sempre, não tinha o porquê de esconder sua devoção por ela.

E assim foi até o meio da tarde. Eles ficaram na praia trocando alguns beijos castos, tímidos, já que tinha tanta gente ao redor. Miguel via uma sedução inocente no olhar escuro dela, por mais contraditório que fosse, e isso só o encantou mais.

Talvez ela não soubesse muito além do que ela tinha lhe dito que fazia quando estava na vida e esperava que ele lhe ensinasse. Isso o abalou.

Queria amá-la, mas principalmente ensiná-la sobre seu corpo, sobre as coisas que ela poderia gostar. Queria ser o melhor para ela.

Era um pouco mais de duas da tarde quando Miguel sugeriu que eles fossem almoçar.

Dirigiu até um restaurante que fosse no caminho do hotel que eles estavam. Quando desceram do carro, Miguel pegou logo a mão dela na sua, que sorriu.

Sentaram e fizeram seus pedidos, Angélica estava perdida na vista incrível que o restaurante tinha. Miguel aproveitou esse momento para a olhar sem culpa.

O cabelo ruivo estava preso em um coque, alguns fios soltos ao redor de seu rosto e em sua nuca. A pele estava levemente vermelha do sol. O rosto estava tranquilo, sereno.

— Desse jeito você vai me deixar sem graça. — ela falou, olhando de volta para ele.

— Eu não consigo evitar, você é tão... — ele não tinha mais palavras para descreve-la.

Todas as palavras do mundo pareciam poucas para ela.

— Tão? — ela pressionou.

— Não sei, não consigo pensar, mas é muito bom viu. — Miguel respondeu com um riso e ela riu junto.

Miguel pegou sua mão sobre a mesa.

— Sobre o beijo... — ele começou mas ela logo o interrompeu.

— Se arrepende? — Angélica perguntou.

— Não! Quero te beijar desde o momento que te vi...

Angélica não era boba e se tinha coisa que gostava em Miguel era sua honestidade plena. Ela se inclinou sobre a mesa, séria.

— Você está apaixonado por mim, Miguel?

Ele foi pego de surpresa pela pergunta tão direta, mas não hesitou.

— Estou. — o olhar verde era fixo no dela.

— Por que?

— Por que? — ele se questionou com um riso. — Não tenho porque, eu te amo, se eu for tentar explicar eu acho que vou ficar louco.

Angélica o olhou atenta. Ele tinha dito as três palavras que ela tinha tanto medo de dizer com tanta facilidade que por um momento ela cogitou duvidar. Mas nos olhos dele ela viu tanta verdade que duvidar dele assinaria seu atestado de loucura. Ela não sabia se o que sentia por ele era esse tal de amor. Nunca tinha se apaixonado, nunca tinha ficado tão próxima e a vontade com alguém.