Capítulo 46

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Miguel a olhou através do espelho. Os olhos fechados, a boca entreaberta. O olho esquerdo melhorava a cada dia, mas ainda estava em um tom esverdeado. Hoje ele queria amá-la, seria delicado, seria intenso, seria totalmente dela para o que ela bem quisesse. Porque ele sentiu falta disso, sentiu falta dos dois.
O agrônomo puxou Angélica pela cintura, a pressionando contra ele, suas costas em seu peito, seu quadril contra a ereção que se formava. A ruiva abriu os olhos, estavam mais escuros que a noite, e tinham um fogo que ele conhecia bem. Ele sorriu safado e desceu os dedos pela frente de seu corpo. Ela já estava nua, então seus dedos brincaram livres com os mamilos. Os gemidos que recebeu foram intensos com um simples toque, a saudade fazia cada sentimento ser mais sentido.
— Somos eu e você agora. — ele sussurrou em seu ouvido.
— Como sempre deveria ter isso. — ela respondeu ofegante.
— Vai ser, pelo resto da vida vai ser...
Dizendo isso, Miguel desceu os dedos até sua intimidade, a sentindo mais pronta para ele do que nunca. Angélica o olhava atenta. Miguel introduziu dois dedos, sentindo ela tremer e um gemido saindo de dentro dela.
— Porque você vai ser minha esposa... — ele sussurrou antes de encher seu pescoço de beijos e lambidas.
Angélica tinha as unhas firmes em seu braço, se segurando e o segurando para não sair de dentro dela. Os dedos faziam magia ali, nunca tinha sido tão bom. Mas esse era o efeito da liberdade, o efeito de serem livres para viver esse amor de fato. Miguel não parava de mover seus dedos, os gemidos dela iam ficando cada vez mais altos, até que ele sentiu o corpo da ruiva tremer por inteiro, deixando claro que ela tinha chegado ao ápice do seu prazer.
Mas o olhar dela deixava claro que aquilo era só o começo, e para ele também. Por isso, de maneira provocante, ele levou seus dedos até a boca, provando do gosto dela devagar. Aquilo a deixou hipnotizada, e logo ela o puxou para um beijo intenso.
— Me leva para o quarto, agora. — ela sussurrou enquanto atacava seu pescoço e arrancava a camiseta dele com força.

— Só você me deixa assim...
— Assim como? — ele perguntou antes de tomar um seio em sua boca, a fazendo gemer alto e se mover ainda mais rápido.
A vendo assim, vulnerável, Miguel aproveitou para inverter as posições. Deitou Angélica, e devagar se moveu ditando um ritmo suave, diferente do que ela fazia antes. Eles eram opostos que se encaixavam como tampa na panela.
— Louca por você. — ela respondeu ofegante, o puxando para um beijo.
Nesse ritmo, entre beijos, arranhões, mordidas, que eles se entregaram de novo e de novo noite a dentro. Ela estava insaciável, e Miguel apenas aproveitada o momento para provar o quanto a amava. Depois de algumas horas e algumas rodadas, Miguel implorou por um descanso. Ela estava deitada sobre o peito dele, acariciava sem cabelo devagar, enquanto os dedos dele percorriam suas costas.
— A gente tem que passar o creme que minha mãe deixou.
Ela apenas concordou com a cabeça. Miguel a afastou para se levantar da cama. Voltou do banheiro com o potinho nas mãos, ela ainda estava deitado de barriga para baixo. Ele se deitou ao seu lado, devagar passava o creme pelas cicatrizes, aproveitava para massageá-la. Angélica virou o rosto para ele e sorriu.
— Eu te amo, sabia? — ela falou com um sorriso.
— Sabia. — ele respondeu com um olhar sonhador. — Eu também de amo muito.
No dia seguinte, ela acordou preguiçosa. Foi no banheiro escovar os dentes, mas não resistiu e voltou para a cama. Ela teria que segurar a emoção da próxima vez, suas pernas doíam como se tivesse corrido uma maratona. A segunda vez que acordou naquela manhã, foi com Miguel lhe dando uma chuva de beijos. Quando ela olhou no relógio, viu que ela só tinha tirado um cochilo.
— Tem uma surpresa para você na sala, se troca. — ele disse em seu ouvido antes de se sair do quarto.
Ela abriu os olhos e a contragosto saiu da cama e se trocou. Caminhava para a sala arrumando a camiseta, quando ouviu uma voz tão conhecida.
— Eita que seu nome é preguiçosa agora né? — Berenice falou com um sorriso.

Os olhos de Angélica quase saltaram de seu rosto. A ruiva correu para abraçar a amiga com força, aliviada. A correria tinha sido tanta que ela nem teve tempo de falar com a melhor amiga. Sem conseguir evitar, começou a chorar e implorar desculpas. Berenice a afastou assustada, e Miguel se aproximou dela como uma água com açúcar para ela se acalmar.
— Se eu soubesse que você ia ficar assim tinha avisado, minha amiga. — Berenice falou, sentando no sofá com um sorriso no rosto, pegando a mão da amiga, que agora já estava mais calma.
— Me desculpa por tudo que eu te falei aquele dia. — Angélica repetiu, agora um pouco mais calma
— Eu não tenho o que desculpar, você se sacrificou para proteger o meu filho. — Berenice falou, agora se emocionando também. — Eu nunca vou ser capaz de te agradecer o suficiente.
Miguel saiu da casa para ir até o galpão cuidar dos seus legumes. Elas nem repararam sua ausência. Conversavam sobre diversas coisas. Berenice contou que agora estava noiva de Duplex, que logo iam se casar. Angélica contou sobre seu noivado também, feliz. Em um determinado momento, Angélica foi pegar uma água para a amiga, e ela riu.
— O que foi? — Angélica perguntou quando voltou com o copo.
— Você está andando esquisito. — ela comentou com um riso. — A noite foi boa?
Angélica a olhou chocada, e bateu no braço da amiga, rindo sem conseguir evitar. A ruiva olhou para a porta, verificando se estavam sozinhas mesmo, e depois se voltou para Berenice com um olhar divertido.
— Foi maravilhosa. — ela falou como se fosse um segredo. — Nunca tinha sido assim tão bom, parece que cada dia melhora.
— Me poupe dos detalhes. — Berenice falou. — Ele ainda é meu chefe.
As duas riram como nos velhos tempos.
Duas semanas depois, Angélica agendou uma consulta com uma dermatologista. Miguel sugeriu isso após vê-la chorando no banheiro após o banho. Ele reafirmou que as marcas não o incomodavam, mas que se isso era uma questão para ela, eles poderiam procurar alguma ajuda profissional. Fernanda a recomendou para uma que era ótima e a atendia há um tempo.

Rosana olhava as marcas com cuidado, fazendo anotações em seu tablet. Miguel observava tudo ao lado dela, segurando a mão de Angélica.
— Existem alguns pontos mais superficiais e alguns mais profundos. — a médica falou. — Esses superficiais vão sumir com o tempo mesmo, os profundos a gente pode fazer um tratamento mais direcionado.
A médica se afastou e pediu para Angélica se sentar novamente. Ela vestiu a camiseta e se sentou junto com Miguel, em nenhum momento o agrônomo soltava sua mão.
— A gente pode agendar algumas sessões, por enquanto eu vou te deixar com uma pomada para cicatrizes, e uma alimentação com baixo teor de gordura, isso deve ajudar a não fazer cicatrizes volumosas.
Miguel sorriu para Angélica quando a viu aliviada.
— Eu também vou pedir um hemograma para você, te achei um pouco pálida. — a médica falou com um sorriso. — Anemia não é muito bom quando a gente quer resolver algumas coisas.
— Eu falo isso para ela, doutora, mas essa mulher é teimosa. — Miguel falou, intervindo.
A médica riu.
— Eu tenho certeza que o senhor vai me ajudar nessa missão.
— Pode ter certeza. — ele concordou e Angélica revirou os olhos.
Depois da consulta, eles logo agendaram o exame de sangue para a manhã seguinte e depois foram almoçar antes de cada um voltar para seu respectivo trabalho. Depois de toda a confusão, Angélica finalmente se sentiu bem para voltar para a Brás, para a felicidade de Fernanda.
Durante o almoço, Angélica sorriu quando o viu um pouco aéreo. Ela já até sabia do que se tratava.
Ramiro ia fazer aniversário na semana que vem, e por isso tinha decidido levar os filhos e a nora para Campos do Jordão. Pedro também iria como acompanhante de Fernanda, e Ramiro tinha feito questão de chamar Miguel pessoalmente para ir com eles. Mas o agrônomo não se sentia confortável.
Acontece que agora Fabiana estava sozinha, com quase toda sua família presa aguardando julgamento. Ele e Angélica estavam sendo um alicerce para a mulher, e por isso os dois juntos decidiram que Miguel deveria ficar em São Paulo para caso Fabiana precisasse de alguma coisa.

— Está pensando na viagem, não é? — ela perguntou com um sorriso enquanto adoçava o suco.
— Eu queria muito ir com você, mas sinto que devo ficar.
— Você faz bem, amor. Fabiana precisa de nós agora mais do que nunca. Não deve ser fácil. — Angélica falou de maneira casual.
Mas Miguel não conseguiu evitar ficar encantado com tamanha maturidade. Aquela realmente era a mulher de sua vida e ele não via a hora de se casarem logo, já que agora ela tinha voltado a morar com Ramiro, pelo bem da santidade do casamento.
Temia que quando se casassem, não conseguissem sair do quarto por pelo menos 3 semanas.

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