Submundo

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Atrás da boate, 18:59

O céu já estava completamente escuro, as luzes das estrelas eram ofuscadas pelas brilhantes luzes roxas, azul e rosa neon que algumas fitas de LED irregulares da boate emitiam, fazendo com que ela fosse o ponto mais iluminado da favela e da região.

Por mais que o brilho fosse um incômodo, Rico gostava daquele estilo, o fazia recordar dos anos 80, principalmente quando viajou para Vice City, nos Estados Unidos, uma das poucas vezes que pôde sair de Medici, sua terra natal.

Era bem estranho ter uma construção "moderna" no meio da favela, enquanto a maioria das casas não tinham nem energia e eram feitos de materiais de péssima qualidade, a boate era feita com material de qualidade e não faltava nada nela, na verdade faltava uma coisa, respeito, moralidade e decência.

Por mais que o estilo daquele lugar agradava o Rico, a arquitetura o causa um sentimento de desprezo.

Como Rico nasceu em Medici, um lugar, mesmo com a interferência brutal de Di Ravello, tinha uma arquitetura própria e majestosa, tendo inspirações na arquitetura da Itália e da Grécia.

Rico olhava com muito desprezo para a boate, sua arquitetura não tinha nada do que ele considerava "belo". - Isso não passa de uma caixa de concreto cinza com alguns degradês pretos, o auge da preguiça do pós-modernismo, uma aberração da era contemporânea.- Rico disse, enquanto olhava para aquele lugar nojento, repleto e recheado por dentro e por fora da perversão, e das atitudes mais nojentas que um ser humano poderia ter, talvez o lugar onde se concentra o maior número de monstros abomináveis e nojentos é a mente humana, principalmente o subconsciente.

Luísa até que compartilhava do mesmo pensamento, mas nunca deu muita bola para isso, ser belo ou não, não tinha muita diferênça, diferentemente do Rico, ela nunca teve um grande contato com outros tipos de arquitetura, era sempre aquelas malditas caixas quadradas ou retangulares nas grandes cidades, nas pequenas e nas comunidades.

Rico parou de olhar para a boate e voltou seu olhar até um beco entre a boate e um restaurante popular, o homem sinalizou para Luísa, e foram até lá.

Um verdadeiro chiqueiro era aquele beco, mas não era de se espantar.

- Certo, Luísa, você fica fora da boate, vá para um lugar seguro, deixe o trabalho pesado comigo, certo?- Rico indagou, colocando a mão no bolso e puxando dois comunicadores de ouvido, entregando um deles para Luísa.

- Boa sorte, vai precisar.- Ela disse em um tom de preocupação, colocando o comunicador em seu ouvido.

- Pra quê? Nunca precisei dela antes.- Rico tentou utilizar a frase de efeito de seus companheiros, mas não tinha parado para pensar que isso o faria soar como um egocêntrico, ele percebeu rapidamente que Luísa ficou desconfortável com sua resposta, tratando de se retratar o mais rápido possível, explicando o porque disse aquilo.

Ela aparentou ter entendido, mas não tinha como saber se era de verdade ou não, Rico iria viver com essa dúvida angustiante por um bom tempo.

-  Bom... Não se preocupe com a criptografia do comunicador, se alguém quiser invadir nossa conversa, terá que invadir meu Gancho, certo?- Ele indagou, a garota não o respondeu com palavras, apenas assentiu.

Rico virou as costas para ela e disparou seu Gancho no telhado da boate, ativando a retração, Rico se lançou até o telhado e começou a procurar um bom ponto para entrar.

Ele se guiava através dos sons da música alta, depois de um tempo, percebeu que um ponto estava com o volume da música levemente reduzido, decidindo em seguida que seria ali que entraria.

Just Cause: O Diabo EscarlateWhere stories live. Discover now