Capítulo 28

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Elain estava ficando realmente desesperada. A sensação da vida de Lucien se esvaindo do corpo do parceiro ainda não a havia deixado, os ecos do futuro dançavam vívidamente em sua memória.

Ela sentiu Lucien se ajoelhando à sua frente, abaixando suas mãos e limpando suas lágrimas.

- Desculpe... - Ele sussurrou, e o coração de Lucien voltou a bater nos ouvidos dela conforme Elain olhava-o nos olhos.

A fêmea observou as feições angulosas e bronzeadas do parceiro, desde as orelhas pontudas, baixando os olhos para as clavículas expostas e subindo pelo maxilar quadrado, o nariz fino e reto, a boca cheia. Olhou para a cicatriz de Lucien, para o olho de metal. O macho cerrou os dentes, mas permaneceu parado quando Elain estendeu a mão direita e passou a ponta dos dedos sobre a terrível cicatriz que lhe cobria o rosto.

- Não acha que já sofreu demais por causa de Tamlin? - Pegou-se questionando a ele, pousando a palma de sua mão sobre a bochecha quente de Lucien.

- Ele salvou minha vida, Elain. Mais de uma vez. - Lucien apoiou as mãos no colchão, uma de cada lado de Elain, chegando o tronco mais próximo dos joelhos fechados da fêmea enquanto inclinava a cabeça em direção ao toque dela. - Não posso conscientemente saber que ele vai sofrer e não tentar fazer tudo o que posso para impedir.

- Então você entende meu dilema. Não posso saber que você vai morrer e não tentar fazer tudo o que posso para impedir.

- Que diferença isso faz para você, afinal? - A voz dele não passava de um sussurro, mas Elain sentiu toda a mágoa e a raiva que emanava de suas palavras.

Abaixando a mão e deixando ambas caídas no colo, Elain olhou para a janela aberta.

- Minhas visões com você são muito... vívidas. - Agora que as comportas da sinceridade foram abertas, ela decidiu que não faria mais sentido esconder nada do parceiro. - Quando tenho visões com você, sinto exatamente o que estarei sentindo quando aquele momento da visão chegar. - Olhou para ele novamente. - A sensação de ver você morrendo, mesmo na visão, foi a pior coisa que já senti na vida. Foi como ter algo arrancado de dentro de mim, e acredite, eu conheço bem a sensação. Não vou passar por isso uma terceira vez. Não vou permitir que você morra.

A fêmea só se deu conta de que estava chorando novamente quando Lucien enxugou suas lágrimas com os polegares antes de voltar as mãos para o colchão, agora mais próximas ao quadril de Elain.

- Você me deixa confuso. - Ele suspirou. - O que isso quer dizer, Elain? O que significa para nós?

Ela sabia o que significava. Significava que, embora ainda não estivesse pronta, acabaria aceitando o Laço que os uniu. As palavras estavam na ponta de sua língua, mas Elain não conseguia verbalizá-las. Sua garganta estava apertada com um nó repentino. Lucien a encarava, tão próximo, tão sincero, tão bonito... Incapaz de formular uma resposta, a fêmea fez a única coisa que poderia aproximar-se disso: segurou o rosto de Lucien com ambas as mãos e, inclinando-se, colou os lábios nos dele.

Um beijo casto, de lábios fechados, mas ela colocou toda a sua alma no contato. As mãos de Lucien foram parar no quadril de Elain e ele se impulsionou para cima, apoiando o corpo nos dois joelhos. O macho gemeu, e o som reverberou pelo corpo de Elain, que se pegou abrindo os lábios, tanto uma permissão quanto um pedido, que Lucien prontamente satisfez ao enroscar sua língua com a dela. Os lábios do macho eram carnudos e famintos, e Elain se pegou desejando aqueles lábios por todo o seu corpo, a começar pelo pescoço. Ele a beijava lenta e profundamente, e a fêmea se surpreendeu com a umidade que sentiu entre as pernas apenas com aquele contato. Era diferente do primeiro beijo deles, que havia sido voraz - quase predatório; Lucien a estava seduzindo e, pelos deuses, Elain estava permitindo; mais do que permitindo, estava gostando.

Corte de Flores FlamejantesWhere stories live. Discover now