— Não é bem um conselho. Só uma teoria que eu gostaria de compartilhar com você. Bem, há um mês, recebi um papel me chamando de impostora, e seja quem for que escreveu, se identificou como Camila.

— Mas..., Camila é você! — Ximú a olhou confusa.

— Por isso mesmo. Paty acredita que possa ser a Leyla, porém, eu não acredito muito nessa teoria. Tenho medo de ela estar acreditando nisso porque quer convencer a si mesma de que pode ser a amiga. Mas o que acha disso?

Ximú olhou para o teto, parecendo pensar. Depois de um tempo, finalmente respondeu:
— Bom se isso for verdade, teria que ter humanos no meu corpo, no de Heliberto e no de Godofredo.

Camila ergueu as sobrancelhas, surpresa. Não havia pensando nessa possibilidade. Mas obviamente, não era possível. Henry teria lhe contado sobre, não? A menos que ele não tivesse noção disso. De qualquer forma, não tinha como ser possível. Leyla, assim como Oliver, Angelina e Leon não passaram por nenhum Portal. Principalmente este último. Ela havia o visto morrer.

— Mas supondo que seja realmente alguém no seu corpo, e se for outra pessoa, e não a Leyla? — Ximú continuou, parecendo aflita novamente.

— Eu também pensei nisso. Pode ser outro Viajante no meu corpo.

— Também. Mas e se for... — Ela deu uma pausa, aflita. — ...e se for a O.P.U?

— O.P.U? — Camila sentiu-se confusa com a teoria, e percebeu a tensão no rosto de Ximú.

— E se for uma isca deles? Para atrair você e...

— Ximú, calma! Você está pensando demais nisso. Não se preocupa, não é a O.P.U. — Não sabia se estava tentando convencer Ximú ou a si mesma. Talvez as duas alternativas.

Isso a deixou pensativa. Não teria como ser eles, teria? Não tinha como eles se disfarçarem com as características exatas de alguém. Claro, considerando que essa menina misteriosa se parecesse mesmo com Camila. Porém, de acordo com Henry, a organização era imprevisível, e poderia fazer de tudo. Querendo ou não, era uma possibilidade. Paty, porém, pareceu se convencer de que essa teoria não podia ser real, no dia seguinte.

— Óbvio que não!

— Mas por que não? Também é uma possibilidade.

— Não, não é.

A olhou, confusa. Paty parecia estar decidida com seu pensamento. Essa ideia de que Leyla ainda poderia estar viva, parecia mexer muito com ela. Pelo um ano que a conhecia, Paty quase nunca agia emocionalmente em quase nada, e procurava considerar todas as possibilidades. Não parecia ser isso o que ela estava fazendo.

Decidiu não falar nada. Não iria entrar em uma discussão com Paty sobre isso, até porque, sabia que não ganharia. Porém, não gostava de ver que ela estava alimentando esperanças de ser mesmo Leyla. A teoria de Ximú fazia sentido. Até mais do que a de Paty. A menina, até agora, esteve certa em todas as teorias, mas existia exceções.

— Irei passar um trabalho para vocês sobre a matéria de hoje. — A voz da Professora Geórgia, de Geografia, fez Camila voltar sua atenção para ela. — Será em dupla, e vocês irão poder escolher com que vão fazer. Quem ficar sem dupla, venha até mim.

Um murmúrio tomou conta da sala. Alguns estavam se levantando de suas mesas para irem até outras mais distantes, chamar os colegas de classe. Venice, foi uma delas. Ela disse algo para Melina, que assentiu. Venice se levantou sorridente, e foi em direção a Henrique.

— LEYLAVOCÊQUERFAZERTRABALHOCOMIGO? — Henrique se empoleirou para frente rapidamente, dizendo as palavras tão rápido e desesperadamente. Viu Venice parar abruptamente no meio do caminho e olhar impaciente para os dois.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Where stories live. Discover now