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Christopher comportava-se de um modo estranho. Depois do jantar, quase a tinha jogado fora da cozinha, argumentando que ele se ocuparia dos pratos e que era melhor que ela se preparasse para ir para a cama. Em outras ocasiões, quando Finn não estava, sempre tinham ficado juntos. Dulce suspeitava que Christopher queria se afastar dela, e isso lhe doía. Desde que tinham começado a fazer amor, ela estava convencida de que tinham conseguido vencer outra barreira a mais e criar uma nova intimidade entre os dois. Mas, naquela noite, Christopher comportava-se como se não quisesse estar com ela.

E que demônios tinha se passado com o jantar? Ao sair para o terraço e vê-lo tão romanticamente decorado, Dulce tinha sentido que o coração se apertava. Não podia evitar suspeitar que Christopher tivesse pedido a Finn que preparasse tudo para, depois, mudar de opinião. Mas por que razão?

Era deprimente. Dulce olhou-se no espelho e suspirou. E, pensando em coisas deprimentes, quanto tempo demoraria Christopher em se cansar de fazer amor com uma mulher a quem nem sequer podia rodear por inteiro pela cintura? Dulce se desnudou e meteu-se em seu lado da enorme cama que compartilhava fazia semanas com Christopher. Estava lendo quando ele entrou no quarto.

— Alegro-me de que tenha chegado, estava quase dormindo. Christopher não respondeu, simplesmente sorriu ausente. Esvaziou os bolsos, tirou a roupa e meteu-se na cama. Instantes depois apagou a luz de sua mesa, e ela o imitou. Dulce esperou que Christopher alongasse ambos os braços para estreitá-la, mas ele somente pôs uma mão sobre seu ventre e perguntou: — Moveram-se muito hoje?

— Bastante, mas agora estão quietinhas — contestou Dulce pondo a mão sobre a dele —. Ocorreu algo hoje no escritório, que lhe tenha deixado de mau humor?

— Não, por que diz?

— Não sei, parece... Desanimado.

— Sim, hoje foi um dia um pouco cinza — Christopher encolheu os ombros, começando a acariciar seu ventre —. Está bem, fisicamente?

— Enorme — riu ironicamente Dulce, ao compreender que a recusava —. Não sei que vai ser de mim, quando ficar mais gorda ainda. Nem sequer posso achar que vá engordar mais, apesar de saber que será assim.

Dulce estava convencida de que algo não ia bem, mas não sabia que mais fazer para lhe demonstrar que queria compartilhar com ele. Não obstante a preocupação começou a passar enquanto desfrutava das caricias de Christopher em seu ventre. Fazia círculos cada vez mais amplos, até que sua mão lhe roçou os seios. Em seu estado, sua pele era tão sensível que o mínimo contato a excitava. Dulce conteve o fôlego com um gemido de prazer.

— Tem uma pele tão suave — respirou ele —. Tão delicada. Encanta-me tocá-la.

— E a mim me encanta que me toque — respondeu ela se voltando para ele para beijá-lo, resistindo ao impulso de lhe confessar que o amava. No entanto Christopher não a deixou se voltar para ele. Em lugar disso, a fez se virar em sentido contrário e a abraçou por trás, encurralando-a contra seu corpo e deitando sua cabeça.Christopher flexionou os joelhos para acima os pondo em contato com as pernas de Dulce. Seu corpo viril começou a excitar-se contra o traseiro dela, com o movimento. Colocou uma mão sobre seu ventre, e Dulce estremeceu com o erotismo da postura. Depois ele deslizou os dedos por baixo da perna superior de Dulce e moveu-a para pô-la sobre as suas. Dulce gemeu. O pressionava para frente firmemente, entre suas pernas. Dulce gemeu. A mão de Christopher acariciava seu ventre acima e abaixo, abraçava seus seios e roçava eroticamente seus mamilos. Dulce começou a mover-se excitada contra ele, tinha o pulso acelerado. Então ele levantou a cabeça e começou a mordiscar e lamber o lóbulo de sua orelha. Depois traçou um trajeto de beijos por seu pescoço até o ombro, e ao mesmo tempo deslizou a mão para o pelo do púbis para acariciá-lo.

Ao notar um dedo, em seu interior, entre as pernas, Dulce gritou de prazer e enterrou a cabeça na almofada. Então ele a penetrou de cheio com o dedo. Dulce começou a agitar desesperadamente os quadris e ele gemeu junto a seu ouvido. Ela alongou uma mão para trás e o acariciou. Buscou seu corpo viril e puxou-o para frente, ansiando em completar a união. Christopher colocou de novo a mão sobre seu ventre para sujeitá-la com firmeza e por fim penetrou-a. De imediato começou a mover-se. Lentamente, repetiu uma e outra vez o movimento até que ela voltou o rosto para ele e rogou:

— Mais depressa!

Christopher soltou uma gargalhada profunda e contestou:

— Certeza de que tem pressa?

Dulce alongou de novo a mão para trás e pressionou o traseiro contra ele, mas Christopher capturou sua mão e lhe levou de novo adiante do peito, enquanto a sujeitava com a outra. Sem deixar de penetrá-la e de mover-se, Christopher baixou a mão que lhe ficava livre e começou a acariciar outra vez entre as pernas. Dulce sentiu que o clímax se acercava. Dentro dela, o corpo de Christopher, sumamente rígido, começou a se liberar em seu interior. Christopher a pressionou com força e jazeu-se em seu interior com uma convulsão, gemendo.

Os corpos de ambos, suados, recuperaram lentamente a calma. Christopher alongou a mão e atirou dos lençóis sem mover-se, sem apartar-se dela. Beijou sua nuca, mas quando Dulce quis se dar a volta lhe impediu, dizendo em sussurros:

— Durma, coraçãozinho.

Dulce se deitou de novo na mesma postura e fechou os olhos preocupada. A distância que ele tinha querido impor entre eles parecia ter se desvanecido, com o fogo da paixão, mas Dulce continuava sentindo que algo não ia bem. Os sentimentos de Christopher por ela tinham mudado. E não para bem.

Com vinte e quatro semanas de gravidez, a ecografia confirmou que os bebês estavam bem. Para primeiros de setembro Dulce estava com trinta e duas semanas, e tudo continuava igual.

—Amanhã tenho que ir ao médico outra vez — recordou Dulce a Christopher.

Depois daquela estranha noite, as coisas entre ambos iam bem, ainda que de vez em quando Dulce se sentisse frustrada ante a distância emocional que Christopher parecia decidido a impor entre os dois. Fisicamente sua relação continuava sendo apaixonada, mas Dulce notava algo... Algo que nem sequer sabia definir. E estava segura de que não era somente produto de sua imaginação.

— Sim, eu sei — sorriu Christopher levantando mal a cabeça do jornal —. Tenho anotado em minha agenda. Voltarei para casa e lhe acompanharei. Acho que este fim de semana deveríamos terminar de preparar o quarto das meninas. Já sei que tudo vai bem, mas é melhor estar preparados, porque se aproxima o parto — acrescentou Christopher dobrando o jornal e o deixando sobre a mesa.

— Mas se o parto adiantar-se — advertiu Dulce séria—, os bebês não poderão voltar a casa imediatamente.

— Não seja pessimista — comentou Christopher pondo-se em pé e se acercando de Dulce, sentada, lendo.

Christopher tomou-a pelos braços e fazer levantar-se para estreitá-la em seus braços. No entanto não buscou sua boca como fazia antes, constantemente. Fora da cama, Christopher evitava a intimidade entre os dois.

Um filho teu (Adaptação) Vondy Onde as histórias ganham vida. Descobre agora