12.

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— Está bem, mas só vou porque sei que é você. Advirto-a desde agora que não vou mudar de opinião.

— Compreendo, só quero que me escute.

Dulce chegou às sete e cinco. Christopher esperava-a. Duas mulheres faziam-lhe companhia em cada lado da mesa. Dulce aproximou-se por trás e tampou-lhe os olhos.

— Quem é?

— Olá, chegou muito cedo — saudou Christopher dando a volta.

As mulheres olharam-na com uma expressão pouco amistosa. De repente Dulce sentiu desejo de fazer uma travessura e pôs ambas as mãos sobre as bochechas de Christopher e se inclinou para beijá-lo rapidamente nos lábios.

— Teve saudade?

— Sempre.

Mas Dulce não contava com a agilidade dos reflexos de Christopher. Antes que pudesse se afastar, ele levantou ambas as mãos. Com uma agarrou o queixo, e outra colocou em sua nuca. E então lhe devolveu o beijo, mas bem mais profunda e lentamente. Os lábios de Christopher eram firmes e cálidos, modelavam os de Dulce enquanto ela sentia que o coração acelerava. Dulce esteve a ponto de sucumbir à promessa daquelas caricias, antes de recordar a quem estava beijando. Quando ele a soltou Dulce ruborizou. Christopher pôs-se em pé e agarrou-a pela cintura, deu-se a volta e sorriu a ambas as mulheres, dizendo: — Encantado de conhecê-las.

Guiou-a até uma mesa, sujeitou-lhe a cadeira e deu a volta. Dulce sorriu tratando de ocultar a turvação.

— Servi de ajuda?

— Infinitamente — contestou ele tirando o casaco —. Sentia-me encurralado.

— Bom, não são todos os dias que se encontra um eminente solteiro de ouro.

— Se atreva a dizer isso uma vez mais — caçoou Christopher se inclinando para ela ameaçador — seu traseiro vai topar com uma eminente mão de ouro.

— Vá, que graça! Soa divertido. Promete?

Christopher franziu o cenho, e o instante jocoso transformou-se, por obra desse gesto, em algo inteiramente diferente, algo escuro, perigoso e excitante que fez Dulce conter a respiração.

— Bem, que vão tomar? — perguntou o garçom rompendo a magia do momento.

Christopher pediu pelos dois.

Que estava ocorrendo? Perguntou-se Dulce. Que tinha sido da relação fácil, cômoda, que sempre tinha mantido com ele?

— E então — comentou Christopher quando o garçom lhes serviu as bebidas —. Qual é essa maravilhosa ideia que lhe ocorreu e que precisa me contar com tanta urgência?

— Tenho pensado no que disse — começou ela.

— Disse muitas coisas, no outro dia — contestou ele —. A que se referes, em concreto?

— Ao casamento — disse ela ao fim, acabando com a aparente naturalidade que reinava entre ambos.

— E o que queria dizer? — perguntou Christopher com um olhar de repente mais intenso, mais azul, fazendo que Dulce se sentisse acalorada.

— Bom, tenho pensado que... — Dulce fez uma pausa e engoliu —... Que se você se oferecesse como doador, e eu ficasse grávida, então talvez pudéssemos nos casar, quando tiver nascido à criança. Isto é, seria uma estupidez casar-nos supondo que íamos ser pais assim, em seguida, sem mais. Podem ocorrer muitas coisas durante a gravidez, e não quero que você se sinta prisioneiro nessa situação se, ao final, resulta que...

— Basta — interrompeu-a Christopher levantando a palma da mão —, não balbucie mais.

— Sinto muito, estou nervosa — se desculpou Dulce mordendo o lábio —. Simplesmente pensei que...

— Tem estado pensando muito, ultimamente — voltou a interrompê-la Christopher arqueando as sobrancelhas, tomando o copo e observando ausente a cor do vinho —. Vamos ver se compreendi. Eu doo o esperma. Você, com sorte, fica grávida. Se a gravidez acontece e temos uma criança, casaremos.

— Exato — contestou Dulce encolhida sem olhá-lo.

Um filho teu (Adaptação) Vondy Where stories live. Discover now