21.

265 17 0
                                    

— Eu sei — contestou Chritopher apertando sua mão —. Vai ser uma mãe estupenda. Vamos ser grandes pais.

As palavras de Christopher retumbaram na mente de Dulce como eco, fazendo-a compreender a importância da decisão que tinha tomado. Os dois, juntos. Custaria a se acostumar à ideia.

Estava grávida.

Ao final da terceira semana, um último exame de sangue confirmou que o nível de Beta se tinha elevado consideravelmente. Ademais, levava um atraso de oito dias, e Dulce jamais se atrasava. Segundo o médico, a partir desse momento sua gravidez séria como qualquer outra. Um bebê. Dulce sentiu que os olhos se lhe enchiam de lágrimas. Até esse momento nem sequer tinha se dado conta de quanto lhe custava esse fato. Mal podia esperar para contar a Christopher. Dulce saiu da clínica e subiu no carro. Discou o número de telefone de Christopher com mãos tremulas.

— Olá — contestou ele com voz profunda.

— Olá.

Christopher riu, ao ver que ela não dizia nada.Dulce imaginou-o no escritório contemplando a paisagem pela janela.

— Olá! Tudo bem? O que está fazendo hoje?

— Adivinha.

— Hum... Dê uma pista.

— Fui ao médico.

— Dul! Vamos ser pais?

— Sim, estou quase certa — contestou ela contente, sem ocultar sua felicidade —. Todos os indícios são positivos.

— Viva! Dul... É maravilhoso!

— Sim. Mal posso acreditar! Oh, Christopher, estou tão contente!

— Sim, conheço essa sensação — contestou ele, jubiloso —. Gostaria de estar agora com você, para celebrar.

Dulce também desejava. No entanto não disse nada. Aquele não seria um casamento como outro qualquer. Não devia esperar que Christopher estivesse a seu lado continuamente.

— Não importa, celebraremos esta noite.

— Vamos sair para jantar, fazer algo especial, continuou christopher, fazendo uma pausa — Então isso significa que podemos nos casar?

— Dentro de doze semanas, recorda? — contestou Dulce depois de uma pausa, reprimindo o desejo espontâneo de gritar que sim.

— Certo — disse ele, com mais calma —. Então nos veremos esta noite.

Dulce desligou, perguntando-se por que se sentia ligeiramente decepcionada. Estava grávida... Só que... Tudo tinha mudado entre Christopher e ela, durante as duas últimas semanas. Tinham se aproximado um do outro, mas de um modo diferente do habitual. Para Dulce, era fácil esquecer a razão pela qual estavam juntos. Muito fácil, fingir que estavam apaixonados.

Depois da festa do Ano Novo chinês, tinham voltado a verem-se umas tantas vezes. Christopher não tinha voltado a beijá-la, mas tinha estreitado sua mão ou tinha posto um braço sobre seu ombro. Com muita frequência, tratava de tocá-la. Tanto, que Dulce tinha tido que se reprimir, para não lhe rogar que a beijasse. Cheistopher comportava-se de tal modo que era fácil achar que estavam apaixonados. Atendia-a solícito, iluminavam-lhe os olhos ao olhá-la, interessava-se por cada uma de suas palavras. Aquela tarde mandou-lhe um ramo de rosas e violetas. O cartão a fez sorrir. Dizia: Obrigado por realizar meu sonho. Era fácil mal-interpretar aquelas palavras, mas a intenção de Christopher não tinha sido romântica. O sonho ao que se referia era ter um filho.

— Obrigada pelas flores — disse ela quando ele chegou àquela noite para buscá-la.

— Pareceu-me um detalhe apropriado — sorriu Christopher aproximando-se dela para estreitá-la entre seus braços com força, a levantando do chão —. Será maravilhoso!

Dulce assentiu, lutando por liberar-se enquanto seu pulso batia acelerado. Christopher aproveitava todas as oportunidades que podia para tocá-la, fingindo inocência. Dulce estava segura de que fazia de propósito, e isso ñao era justo. Em seus braços, era muito fácil esquecer o acordo ao que tinha chegado.

Um filho teu (Adaptação) Vondy Where stories live. Discover now